quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

 

GUINÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.156

 



A ave tem diversas denominações como Guiné, Galinha d’Angola e Capote. Pode ser criada solta no meio de outros galináceos.  Aqui no Sertão alagoano costumamos chamá-la de Guiné. Tem carne saborosa e exótica. Bota ovos em ninhos escondidos na capoeira. Pessoas que com ela convivem conseguem achar os ninhos com muitos ovos. Às vezes algumas galinhas também criadas soltas, deixam seus ovos em ninhos de guinés. O ovo é menor do que o da galinha comum e também de sabor exótico muito apreciado. O Guiné anda sempre acompanhado, é nervoso, estressado, espanta-se com qualquer coisa e alarma contra algo diferente. Juntos fazem a limpeza dos arredores contra pragas e cobras.

É muito bonita a criação de guinés nos terreiros das fazendas. Elas se misturam tranquilamente com as outras aves, comendo da mesma comida e bebendo na mesma fonte. Convivi com elas, as aves, nunca vi nenhuma briga com outras espécies. São diferentes de perus e pavões que estão sempre arengando. Caso alguém cisme de pegar um Guiné no terreiro, por mais perto que  esteja, vira motivo de riso, O Guiné se desvia imediatamente e dá um voo longo tipo nambu-pé. Vez em quando se vê um casal a ser vendido na feira. Mas a ave é capturada à noite, durante a dormida ou vítima de armadilha. Afora isso, somente à base da espingarda, ocasião em que a pessoa mais consciente evita eliminar as fêmeas. Geralmente cruzam entre si, mas tem casos de cruzamentos com galos normais.

O Guiné foi trazido da África pelos portugueses. E pela denominação sugere ter vindo da Guiné e de Angola. Sua carne tem como se fosse uma película pegajosa por cima, como se fosse um tipo finíssimo de cola transparente. É esfomeado pelo milho jogado para eles, mas ajuda catando toda qualidade de inseto, de modo que criado em quintais, deixa-os completamente limpo de besouros, baratas e qualquer inseto que ouse entrar na área. Agora, por mais comida que você disponha, ele está sempre cantando a interpretação onomatopaica: “Tou-fraco”, “Tou-fraco”, “Tou-fraco”.

Tem chácara, tem fazenda? Vale à pena criar.

 


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