segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AS CORES BRASILEIRAS

 AS CORES BRASILEIRAS
(Clerisvaldo B. Chagas. 12.01.2010)

Bastante proveitosa a reportagem do Globo Rural do último domingo. Um tema empolgante sobre índios do Mato Grosso com excelentes qualidades de imagens e sons. É de impressionar a qualquer branco cuidadoso o desempenho indígena. Morando em uma reserva do tamanho de Sergipe, mesmo assim a preferência é pela carne branca, deixando a caça como segunda opção. Assim fazendo, os índios zelam pela saúde com sua dieta à base de peixe. A reportagem teve o cuidado de também mostrar a prática do exercício físico, o que nós fazemos através das academias. Outro aspecto interessante são os pomares de pequis plantados a cada criança que nasce. Funcionam como se fossem poupanças seguras para o futuro dos filhos. Sendo o pequi e a mandioca bases alimentares, compreendem-se os sábios gestos da aldeia. Também é digno de nota o sistema de armazenagem do alimento básico para assegurar o consumo coletivo durante um ano. Suas danças tradicionais, além de agradecimentos aos espíritos protetores, tem objetivos de manter a alegria, evitando assim a depressão. (Lembrar que o cristianismo diz que Deus não quer a tristeza nos seus filhos). Além da mentalidade adiantada na economia, saúde, religiosidade, os índios mantém a tradição sem dispensar a tecnologia branca como o uso do computador, da televisão e de filmadoras, como destaques. Em relação ao desmatamento, só o fazem em redor da aldeia quando são obrigados; mantendo atenção especial para evitar a expansão do fogo pela floresta. Em não precisando desbastar, simplesmente usam o sistema de descanso da terra, alternando a cultura. Existe até um ritual (que nós chamamos de junta de reconciliação) para reconciliar marido e mulher que se desentendem e se separam.
Inúmeras pesquisas sobre alimentos consumidos pelos brasileiros tem como início os trabalhos mantidos pelas tradições indígenas; entre elas, o milho, feijão, mandioca, arroz e, agora, o pequi amazônico.
Negros e indígenas não apenas ajudaram a colorir o povo brasileiro, mas também possibilitaram o orgulho saudável que carregamos dentro de nós. Isso causa respeito e admiração no mundo globalizado. E diante de tantas informações provadas através do Globo Rural, é de se perguntar quem é o índio e quem é o civilizado. O que os médicos nos recomendam, os da aldeia vem fazendo há centenas de anos. São reportagens dessa magnitude que aguardamos no nosso dia a dia. Estamos fartos de tantos direcionamentos para o negativo que preenchem as páginas sangrentas dos noticiários. É preciso, pelo menos, algumas dosagens de coisas boas para levantar o moral das multidões estressadas. Afinal o que não presta possui uma facilidade medonha para se propagar.
Nem tudo está perdido na televisão brasileira. Mas cabe também ao telespectador escolher os programas da sua preferência. Pelo menos não existe a falta de liberdade como no Iraque, China e Cuba. Enquanto isso vamos seguindo diante do mundo com as nossas CORES BRASILEIRAS.

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domingo, 10 de janeiro de 2010

MARIA BERRO GROSSO

MARIA BERRO GROSSO

Clerisvaldo B. Chagas. 11.01.2010)
─ Do CD do autor: “Sertão Brabo” – Dez poemas engraçados ─



1
Era forte e bonitona
Os braços dessa grossura
Não gostava de pintura
Morava lá na Cambona
Cada perna dessa dona
Era u´a mão de pilão
Rasteira tapa e balão
Deixavam os home no fosso
Que Maria Berro Grosso
Brigava que só o cão
2
Querendo encontrar Maria
Era nas briga de galo
Nas corrida de cavalo
Nas casas de bruxaria
Berro Grosso todo dia
Bebia pinga e conhaque
No baralho virou craque
Montava em lombo de burro
Se num cristão desse um murro
Foi na titela era um baque
3
Ela zombava e se ria
Se fosse fraco o matuto
Dava tragada em charuto
Que o fumaceiro cobria
Cachimbava todo dia
Na bodega de João Coxo
Dizia que homem frouxo
Nem passasse perto dela
Que só dava um cheiro nela
Se tivesse aquilo roxo
4
O fi de Mané Rebeca
Lhe chamou de popozuda
Ela grandona e parruda
Danou-lhe mão e munheca
Chegaram lá dois careca
Que vinheram se amostrar
Quase morrem de apanhar
Na briga a saia subia
Quem tava de longe via
Mas cadê macho encostar
5
Para lhe falar namoro
Nem mesmo morcego vampa
Porque se visse a estampa
Fazia bico de choro
Receio de entrar no couro
Se não agradasse a loba
Coxa de dezoito arroba
Quem olhasse se engraçava
Mas o medo atrapaiava
Nervoso grande da boba
6
Não aparecia home
Mode se ajeitar com ela
Falar fino perto dela
Só se tivesse com fome
De brinco nem lobisome
Nem amarelo bochudo
Chegou um rapaz sambudo
Com essas carça bem funda
Toda apertada na bunda
Levou porrada e cascudo
7
No futebol da cidade
No fubek deram um grampo
A torcida entrou em campo
O pau quebrou de verdade
Berro Grosso com vontade
Meteu soco em maloqueiro
Mordeu a mão do ponteiro
Como quem dançava regue
Deu um coice que nem jegue
No treinador de goleiro
8
Mas um dia o geringonça
Vaqueiro Zé Bolachão
Que montava em barbatão
Dava na cara de onça
No bar de Pedro Mendonça
Entrou tomando rapé
Deu espirros a grané
Berro Grosso se enfezou
Deu-lhe um chute que pegou
Bem nos negócio de Zé
9
Se virou-se Bolachão
Com seu braço de marreta
Depois duma pirueta
Rodou-lhe a parma da mão
Maria caiu no chão
Sem gritar e sem gemer
Pernas aberta a valer
Se fosse vender retrato
Gritou um cabra gaiato
Todo mundo ia querer
10
Ao levantar-se azoada
Ela disse agora achei
O macho que procurei
Já tou com ele amigada
Zé aceitou a cantada
Que também era donzelo
Depois daquele duelo
Só quer viver na cozinha
Com Bolachão tá mansinha
Já fez dezoito bruguelo

FIM
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