segunda-feira, 16 de maio de 2011

ASSIM É COVARDIA

ASSIM É COVARDIA
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de maio de 2011).

          O Quênia, simpático país africano tem dado ao mundo uma paisagem deslumbrante na parte física do país. Uma nação que luta constantemente para matar a fome do seu povo, atrai turistas de todos os recantos para mostrar as suas belezas naturais. Mas, assim como o Brasil passou o ser o planeta Bola, o Quênia também chegou a ser o reino Corrida. Essa nação africana adquiriu bastante respeito quando começou e continuou a ganhar inúmeras corridas de rua em todos os recantos do globo. Seus simpáticos atletas compridos, magros e negros, desafiam todas as cores com suas pernas compridas e velozes. Basta haver um maratonista queniano, masculino ou feminino, em competições internacionais para que o brilho do atletismo garanta sucesso absoluto. Muitas vezes eles nos humilham no Brasil, mas a simplicidade e simpatia dessas pessoas maravilhosas, mesmo assim, são motivos de nosso respeito e admiração.
          Samuel Wanjiru, maratonista queniano, ouro em Pequim, acaba de falecer. Morreu ao cair do ultimo andar da sua casa, diz a polícia. Como todo ser humano, desconhecido ou famoso, está sempre entre o amor e o ódio, Wanjiru não ficou indiferente a esses sentimentos. Aos 24 anos, Samuel discutia com sua esposa Triza Njeri em sua casa, na localidade Nyahururu, no centro do Quênia, quando caiu da varanda e morreu. Jasper Ombati, chefe de polícia local, disse que foi aberta uma investigação para apurar o caso. Wanjiru após chegar a casa com uma amiga após reunião social chegou a sua esposa e começou o desentendimento. Vale salientar, porém, que o atleta já vinha há muito com problema entre a mulher e a Justiça. Ninguém acredita de primeira em acidente tão ingênuo. Muita coisa ainda vai ser espremida nessa investigação. O amor e o ódio continuam fazendo vítima pelo mundo inteiro, pois são sentimentos arraigados na constituição do homem e da mulher; quando termina um geralmente inicia o outro. Só os santos verdadeiros talvez tenham encontrado o equilíbrio perfeito, coroa dos pensantes.
          Todo famoso tem o direito de escândalos e mais escândalos que se vão compartimentando em coleções. Samuel, nosso espetacular maratonista não teve a sorte de escandalizar mais, como os que sobem apoiados em pedestais de barro. Glorificando o seu país, foi embora um precioso atleta. E Triza? O que será de Triza Njeri?
          Quantos desses “acidentes” já aconteceram no Brasil? E em Alagoas? Lembram-se das coisas de São José da Tapera, de Olho d’Água das Flores e gente de Santana do Ipanema mesmo, lá nos apartamentos de Maceió? Pesquisem os arquivos se assim quiserem saber mais. Dizem que nós somos bichos brutos melhorados em busca do aperfeiçoamento. Sei não. Para quem acredita em bruxa, ela deve estar solta mesmo. E a danada parece que substituiu a velha vassoura de cipó, pelas vibrações da robótica japonesa. ASSIM É COVARDIA.





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DOIS PARTIDOS

DOIS PARTIDOS
(Clerisvaldo B. Chaga, 16 de maio de 2011).
Memorial Vivo (19) Pags. 180-81 
“O Boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema”

           Após a inauguração do elevado do Pinguim ─ palanque oficial de concreto construído pelo, então, prefeito Hélio Cabral sobre a sorveteria de igual nome, de Firmino Falcão Filho ─ muitos homens sérios e demagogos usaram-no para seus empolgados discursos eleitoreiros. Ali, defronte a igrejinha de Nossa Senhora da Assunção, o povo, através do tempo, iria escutar de perto as lorotas dos políticos.
          Mais ou menos com dezessete anos de idade, decorei duas coisas: uma delas foi o discurso do governador Luiz Cavalcante durante a inauguração da luz, ou seja, da chegada de energia elétrica de Paulo Afonso em nossa cidade. Era natural que após quatro anos de luta para sair das trevas, o santanense estivesse naquela noite no Pinguim. O governador, muito espirituoso, popular e populista. Gostava de andar só, chupar roletes de cana nas bancas dos ambulantes e entrar de supetão nas repartições públicas como andarilho. De cima do palanque, o chefe dizia uma frase, o santanense aplaudia; dizia outra, novos aplausos. Até que o homem encerrou dizendo: “Hoje só não bebe o ovo e o sino. O ovo porque já está cheio e o sino porque tem a boca para baixo”. O povo riu à toa. Uma nova era surgiu em Santana do Ipanema com a força da cachoeira e o ditado batido do governador.
          A outra coisa foi o discurso de um político da Zona da Mata. De cima do mesmo Pinguim ele falava sobre reforma agrária e prometia várias coisas. Nós, estudantes do Ginásio Santana, deixamos as aulas, suspensas naquela noite, para ouvirmos juntos com a multidão. Lá para as tantas, o político, criticando as diversas agremiações partidárias, disse: “Minha gente, neste País só existem dois partidos: os que comem e os que querem comer”.
          Como nós, estudantes, acabávamos de sair das salas de aula, aprendíamos agora a verdadeira lição na sala de aula da rua. Que “bela” esperança para os jovens estudantes brasileiros era apresentada por aquele candidato a deputado!
          Saí para casa, acabado o comício. A lição do Ginásio eu já havia esquecido. Ficara apenas a orientação da rua: “No país só existem dois partidos: os que comem e os que querem comer”.



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