quinta-feira, 2 de junho de 2011

CORISCO

CORISCO
Clerisvaldo B. Chagas 2 de junho de 2011.

          Em Alagoas, o cangaço teve início em seus movimentos no extremo oeste, principalmente nas regiões de Mata Grande e, então, Matinha de Água Branca. A maioria das ações cangaceiras no estado aconteceu nessa região serrana, fronteira com Pernambuco, onde oficialmente Virgulino Ferreira da Silva tornou-se cangaceiro. Entre o homem trabalhador e ações violentas, vindo do estado vizinho, Virgulino começou a conjugar suas arruaças ao bando dos Porcino que atuava na área descrita. Esse bando movimentava a região, entre 1919 e 1920. Depois de extinto o bando dos Porcino, Virgulino ingressou no bando de Sinhô Pereira que atuava em Pernambuco, recebendo aí o apelido de Lampião e, logo após, a chefia do que restou do grupo, após a saída definitiva de Sinhô, tanto do cangaço quanto do Nordeste. No início das suas tropelias, sem dúvida nenhuma, até 1925 o cangaceiro mais famoso de Lampião foi o feroz paraibano Sabino Gomes. Sabino foi inspirador de quadras populares como esta:

“Lá vem Sabino
Mais Lampião
   Chapéu de couro
Fuzil na mão”.

          Cristino Gomes Silva Cleto nasceu em 10.08.1907, em Matinha de Água Branca. Após problemas durante o seu trabalho na feira, foi prestar serviço no Exército em 1924, que também por problemas, desertou em 1926, procurando depois o bando de Lampião e nele ingressando em agosto desse mesmo ano. Por sua coragem, passou a ser um dos grandes do bando. Foi um dos oito maiorais que migraram para a Bahia em 1928, após ser destroçado o grupo de Lampião com a retirada de Mossoró. Quando o bando permitiu a entrada de mulheres, sequestrou Sérgia Ribeiro da Silva, com ela conviveu e casou. Cristino virou Corisco e Sérgia virou Dadá. Em outubro de 1939, Corisco foi ferido em Lagoa da Serra, Sergipe, nunca mais se recuperando. Ficou de mão direita paralisada e o braço esquerdo atrofiado.
Em fuga, foi perseguido incessantemente no sertão baiano através da volante de Zé Rufino, metralhado na barriga ─ ao resistir à investida ─ falecendo a caminho do socorro, na carroceria de um caminhão da volante, em 25.05.1940, Brotas de Macaúbas, sendo sepultado em Jeremoabo, Bahia. Depois, teve seu túmulo violado, cabeça decepada e levada para estudos em Salvador.
          Corisco fazia parte do Estado Maior do bando de Lampião ao lado de cangaceiros que se tornaram lendas e chefiavam subgrupos como: Mariano, Mergulhão I, Antonio Ferreira, Juriti, Português, Fortaleza, Labareda, Virgínio, Moreno e Arvoredo. Entretanto, seu subgrupo era mais arredio e gostava de atuar à parte, mas sob a chefia geral de Virgulino. Corisco apavorou durante muito tempo a região de nascimento, município de Água Branca. Para os coronéis que forneciam armas e proteção a Virgulino, Corisco não era confiável com seus modos bruscos, falta de habilidade e ouvidor de primeira conversa. Foi quase independente, mas sem nada de extraordinário em relação aos maiorais acima citados.
          Nem queria falar agora sobre cangaço, mas escapando do cerco pulou CORISCO.

• Estamos tentando consertar o “Mural de Recado” do Blog. Coisa de Internet.


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quarta-feira, 1 de junho de 2011

POVOADO AREIAS BRANCAS

POVOADO AREIAS BRANCAS
Clerisvaldo B. Chagas, 1º junho de 2011.

          Estamos chegando aos 71 anos da fundação do povoado Areias Brancas (O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema). O povoado Areias Brancas está situado às margens da BR-316 a 12 km da sede municipal no sentido Santana do Ipanema ─ Maceió. Assentado em terreno arenoso, que se estende a perder de vista pelos quatro pontos cardeais, o povoado leva a vantagem da topografia plana e localização de mão para a capital. A extração da sílica, pegajosa e isenta de salinidade, faz sucesso na construção civil proporcionando segurança e economia às edificações. Além do extrativismo mineral, a região é pródiga na produção do caju, despontando sempre primeiro nas safras anuais. Na agropecuária destaca-se com os gados bovinos e ovinos e na produção do feijão e do milho, todos os produtos cultivados com raízes no passado longínquo. Sendo o maior dos quatro povoados santanenses, também é o que mais cresce fazendo o elo entre a sede e os sítios da sua região que são inúmeros. Assim um pequeno comércio com prestação de serviço vai aliviando as constantes idas de seus habitantes a cidade de Santana. Mercadinhos, farmácia, açougue municipal, biblioteca pública, padarias, boas escolas e o movimento constante dos transportes estudantis, dos sítios para o povoado, do povoado para a sede, dinamizam a economia e atrai investimentos como recente churrascaria e posto de gasolina.
          Areias teve início com o seu primeiro habitante isolado, de nome Ismael, que vendeu suas terras a outro cidadão chamado Josias. Mas, tal como Santana, teve início oficial baseado na fé, na religião das “festas de Manoel Joaquim” em homenagem ao padre Cícero Romão Batista, depois a Santo Antonio e por fim, definitivamente a São Sebastião. Vários passos religiosos foram dados, permitindo a expansão da fé e do início do casario que veio com a rodagem Maceió ─ Delmiro Gouveia. Na política, consegue eleger seus representantes na Câmara Municipal, escolhidos entre os habitantes desse aglomerado. Assim, o povoado tornou-se importante ponto estratégico para a política local, influindo enormemente nos pleitos eleitorais.
          Entretanto, nada justifica uma placa na entrada dizendo “Povoado Areia”. Areia é localidade do estado da Paraíba. A denominação “Areias Brancas” vem desde muito antes da fundação do povoado, é tradição e jamais foi chamada “Areia”, nem mesmo pelas pessoas mais incultas. Respeitando outras opiniões (ninguém é dono da verdade) não encontramos, contudo, embasamento em nenhuma fonte oral, uma só justificativa para chamar o povoado de “Areia”. O resto é invenção. Pesquisando exaustivamente nada encontramos de diferente numa localidade que tem no máximo 71 anos de existência ─ se quiserem levar em consideração o morador Ismael. Um pouco menos pelas festividades de Manoel Joaquim e Rosa, mas jamais “Areia” será o nosso, pelo menos o meu POVOADO AREIAS BRANCAS.




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