domingo, 24 de julho de 2011

LAMPIÃO, O DIABO E O BONZINHO

LAMPIÃO, O DIABO E O BONZINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2011
Série cangaço Nº 01

 O fenômeno cangaço que marcou definitivamente o Nordeste, não tem como não fazer parte da História do Brasil. Vários grupos de cangaceiros abalaram o social do semiárido, sucessiva ou paralelamente, mas o auge desse movimento nômade foi alcançado por Virgulino Ferreira da Silva que se tornou chefe de bando em 1922 e morreu em 1938. Não se pode entender Lampião apenas por pequenas informações. Talvez tenhamos mais de mil títulos sobre o assunto, somando livros, revistas, jornais, artigos, crônicas, ensaios, teses, cordel e outros informativos. Alguns, sem compromisso com nada, escritos apenas pela atração do assunto. Assim, o leitor que procura de verdade saber sobre Lampião, existem vários livros de autores sérios e até chamados de “cangaceirólogos”. São autores que se apaixonaram pelas histórias de Lampião. Alguns passaram mais de quarenta anos pesquisando, procurando sobreviventes do cangaço no Brasil inteiro. Escreveram e ainda escrevem baseados em depoimentos vivos e documentos os mais diversos como registros em delegacias, cartórios, jornais de época, relatórios de tropas, bilhetes guardados e outras fontes abalizadas. A situação chegou a ponto de haver atualmente organizações somente para tratar do assunto, encontros anuais, premiações e várias outras coisas que alimentam a alma dos apaixonados.
         Como em todas as coisas, há uma ciumeira danada mesmo entre os autores sérios, percebida por nós, os leitores comuns. A briga educada entre autores, sobre Lampião, é como pessoas disputando os últimos refugos de um garimpo. Quando um autor, por exemplo, diz que o cangaceiro fulano cortou a orelha direita de beltrano, existe uma vibração quando o outro autor descobre que não foi a orelha direita que foi cortada, mas sim a esquerda. Esses detalhes disputados depois que tudo já foi dito sobre Lampião, geraram essa concorrência (mesmo que se diga não) por maior fama, maior espaço no mundo do cangaço, embora bordada de humildade no vestido, mas cheia de volúpia na calcinha.
         Alguns autores sérios, não conseguem esconder a admiração por Virgulino, citando os fatos os mais próximos possíveis da realidade, porém, deixando escapar constantemente elogios ao chefe do bando, atribuindo a ele vários títulos de grandeza. Outros fazem o extremo. Mas, devido ao renome adquirido, qualquer criatura passa de bandido a herói e todos os seus absurdos são esquecidos em nome unicamente da fama. Escrever a respeito de criatura notória, passa a ser bom negócio para se ganhar dinheiro ou para aparecer também, levando o escrevente para o profissionalismo.  
        Para aquele que nutria amizade com Lampião, dele usufruía e nada sofreu da sua parte “o capitão era um homem bom, quase santo”. Quem teve pessoas da família estupradas por ele e mais 25 cabras de uma só vez, como na Paraíba; Quem já teve pai, irmão arrancado o couro, vivo; Quem soube quase presenciando a mãe estuprada durante uma noite inteira, amarrada à coxa de Lampião; Quem teve o pai, tio, avô, esquartejado vivo a facão e as bandas jogadas nas cercas de arame da caatinga; quem teve a mãe nua no meio de todos (sob gargalhadas geral) tendo sua vagina entupida por terra e socada a cabo de punhal (tudo registrada por pesquisadores sérios) só podem ter ido em vida ao inferno e visto as ações do próprio Satanás. Quer saber mesmo, leitor, quem foi Virgulino. Leia autores recomendados para poder tomar partido entre LAMPIÃO, O DIABO E O BONZINHO. (* continua).









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sexta-feira, 22 de julho de 2011

LAMPIÃO, UM RAIO DE PERIGOSO

LAMPIÃO, UM RAIO DE PERIGOSO
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2011

    Como foi prometido, estamos dando notícias dos nossos arquivos sobre Virgulino. Livramo-nos de quase toda pilha de papéis velhos, mas conseguimos deixar em ordem os trabalhos, já em fase de revisão, ajustes e acabamentos. Esses trabalhos não são dirigidos às ações de Virgulino. Eles são um mapa cronológico das caminhadas de Lampião em sete estados do Nordeste. Esse mapa está baseado nos rastros dos pesquisadores sérios, cujas pesquisas estão espalhadas em diversos livros, revistas, artigos e outros documentos. Essa nossa sequência vai desde a fixação da família Ferreira em Pernambuco até a morte do último cangaceiro. O auge do nosso trabalho é a hecatombe de Angicos, baseada, principalmente no autor Frederico Bezerra Maciel em “Lampião seu tempo e seu reinado” (volume V). Frederico por que nos parece o trabalho mais perfeito de todos, inclusive com a tese do envenenamento. O mérito do nosso trabalho está na organização cronológica ano a ano e quando possível mês a mês, dia a dia e na forma didática de apresentação. A cronologia não são apenas datas frias, mas sempre que precisa, ligeiros comentários do autor para melhor compreensão. A última semana de Virgulino, sobre outros autores, também levam as nossas ligeiras observações para alertar os futuros leitores. O livro ainda traz uma lista de cerca de quinhentos cangaceiros, que também, sempre que possível, indica ao lado os seus destinos. Uma tabela demonstra os nomes de 53 mulheres que fizeram parte do cangaço, juntamente com seus respectivos companheiros de bando. Embora o nome do futuro livro pudesse ser relativo à pesquisa das pesquisas, já está batizado com uma frase sobre o chefe, pronunciada por Labareda, um dos grandes do cangaço: “(...) Quando estava assim era um raio de perigoso”. Portanto, será esse o nome do livro: “Lampião, um raio de perigoso”. Esse trabalho hercúleo que está quase concluído deve-se ao conselho do amigo Antonio Sobrinho que impediu um voo rasante dos papéis.
            Por outro lado, Já estamos trabalhando em parceria com o colega professor Marcelo Fausto, no sentido de juntarmos todos os nossos acervos sobre cangaço, volantes, vultos importantes nas ações cangaceiras em nosso estado e com muitas novidades, ainda, a elaborarmos outro livro que terá o título que falta na história do cangaço, “Lampião em Alagoas”, o mais completo possível no momento. Temos a impressão que ambos os livros estarão prontos para lançamentos entre dezembro e janeiro.
              Também, como foi prometido aos nossos leitores, para a semana de morte de Lampião (28 de julho de 1938) a partir de segunda-feira, publicaremos uma série de cinco crônicas sobre Lampião, escolhidas ou sobre as últimas ações do bando na região de Piranhas. Nada que os “cangaceirólogos” não saibam, mas narradas em crônicas, trazem um sabor novo. Agora é mergulhar fundo nessa fase mais urgente de lapidação para trazer aos aficionados “LAMPIÃO UM RAIO DE PERIGOSO”.

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