sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MANO E O IPANEMA

MANO E O IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de janeiro de 2012

Mesmo não englobando o total de indivíduos, todos sabem da grande paixão brasileira pelo futebol. Mas como uma paixão exacerbada por uma dona, o tempo pode se encarregar aos poucos de um tempero gelado que tange essa quentura. Os exemplos surgem em caçuás por todos os lugares nas mais diversas situações. É como se dissessem que nada é eterno, não passando de retórica a célebre frase “eu te amo para sempre”. Depois, quando não é a indiferença, o enjoo, pode ser até o ódio que substitui a velha paixão que não nos deixava dormir de ansiedade. E se o esfriamento das relações faz parte do cotidiano entre homem e mulher, naturalmente outras coisas menos importante repetem o efeito do desgaste no juízo vivo. Nosso gosto pelos vícios ou pelos esportes parece que segue essa mesma linha, principalmente quando as decepções são os mesmos filmes desgastantes que incomodam. A Seleção Brasileira de Futebol, não está isenta desse desgaste. Batida, surrada, decepcionante, tem afastado inúmeros torcedores dos estádios e das poltronas nas horas dos malogros. O técnico Mano pode até ser competente, mas representa muito mais um enorme Iceberg de que uma pulsação humana. No momento, sem futuro Mano, sem futuro a Seleção, sem fogo, sem brilho, sem estrela. Nosso antigo entusiasmo por ela, ainda hoje corre.
            Isso faz pensar seriamente no futebol da terra. O Ipanema, sempre polêmico há muito tempo em suas sucessivas diretorias, novamente se encanta e deixa o torcedor santanense vendo desfiles de nomes em Alagoas que vão honrando e movimentando o lazer de outras cidades interioranas como Palmeira dos Índios, Olho d’Água das Flores, Penedo, Igaci e agora o Pilar. Menos o seu. Há dezenas de anos que é assim. Uma propriedade particular muito disputada internamente, mas dotada de um agrotóxico que asperge invisivelmente sobre seus admiradores, sobre sua cidade, sobre sua tradição que leva a se pensar em outro representante moderno com novas estruturas. Nossos domingos permanecem vazios, nosso futebol continua sendo as peladas das areias do rio seco que banha essa urbe.
          Quando falamos no técnico Mano e na mediocridade da Seleção, vamos casando a frieza do homem com a trajetória local do Ipanema. Nem lá e nem aqui. Estamos mais para Túlio Maravilha no CSE de que o Mano para técnico do Ipanema e Ricardo Teixeira na diretoria. Sem nenhuma brincadeira, sem nenhuma piada de mau gosto, você sabe como erguer o time canarinho do sertão? Estar dando trabalho até refletir sobre o assunto desse pacote de enrolar prego: MANO E O IPANEMA.

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

BALA VAI E BALA VEM

BALA VAI E BALA VEM
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2012

          Cada pessoa tem um ponto de vista, maneira própria de sentir as coisas que a cercam. Pode até ser apenas impressão, mas nos parece que àquela fase aguda em que havia sempre um perigoso em cada bairro, o dono do pedaço, o terror dos trabalhadores, ou acabou ou diminuiu drasticamente em Santana do Ipanema. Ninguém podia circular na Floresta a partir das 20 horas, na região acima da Escola Lions. Os bandidos chamavam os transeuntes de otários. No Lajeiro Grande, bairro da região alta de Santana, todos os dias surgiam mais uma cobrinha, algumas com atuações no próprio bairro e na área rural, apavorando a população pacata e indefesa. Lideranças do mal surgiam como concorrentes na Lagoa do Junco, na Rua da Praia, no Artur Morais e mesmo na Rua Santa Quitéria conhecida por seu contingente de pessoas do trabalho. Essa impressão de quietude geral que chega até nós (não a dos assaltos e assassinatos) parece ser fruto de uma “limpeza” feita na cidade, não se sabe ao certo por quem. Polícia? Grupo de extermínio? Charlie Bronson isolado? Ação educativa das comunidades?
          Pelo menos essa aparente quietude vai permitindo ao santanense um fôlego maior em busca de qualidade de vida. Entretanto, a concorrência do mal também parece ter resistido mais forte no chamado Bairro Artur Morais. Trata-se, na verdade, de um aglomerado que dá suporte ao fundo do comércio da Rua Tertuliano Nepomuceno, cortado pelo riacho Camoxinga, no trecho, apenas um grande esgoto a céu aberto. Antes, lugar chamado “Matança”, onde se abatia os bovinos, agora um pequeno emaranhado de ruas estreitas, calçadas, que não escondem a pobreza do baixio. Bem muito antes, o Largo do Maracanã era a “menina dos olhos” da delegacia de polícia. Um sucesso de ocorrências que saía a frente entre todos os outros locais da “Rainha do Sertão”. Nos novos tempos, o Bairro Artur Morais entrou e gostou da mídia que estampa com frequência suas figuras grotescas do tráfico e do crime da pistola. Gente vai ficando famosa no mundo da bandidagem, adquirindo prestígio, graças aos novos meios de comunicação. Recentemente saiu uma nomeação engraçada dos personagens do Artur.
          Os moradores honestos que enfrentam a luta diariamente vão vivendo num imprensado perigoso. Não muito longe dali, está situada a delegacia na parte mais alta do Aterro. Conforme informações, o prédio vai caindo aos pedaços e os presos furam as paredes com cabos de vassouras. De qualquer maneira interessava a nós a boa notícia na melhoria das arruaças dos bairros. Aguardamos com esperança que o Artur Morais também seja pacificado. Por enquanto, para quem aprecia o sistema de quentura, pode descer pela Rua do Barulho, Ponte do Urubu, passagem molhada, para fazer poemas esquisitos ou simplesmente degustar: BALA VAI E BALA VEM.

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