JUAZEIRO Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2014 Crônica Nº 1236 Após a nossa série de quatro crônicas sobre o padre Cícer...

JUAZEIRO



JUAZEIRO
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de agosto de 2014
Crônica Nº 1236

Após a nossa série de quatro crônicas sobre o padre Cícero, tornou-se necessário apresentar um pouco da árvore chamada juazeiro.
O juazeiro é uma árvore típica do sertão nordestino, muito apreciada pelo sertanejo e que resiste a seca. Cantada e decantada por inúmeros cantores do Nordeste ─ inclusive Luiz Gonzaga ─ ela é uma planta de lugar quente, adaptada ao semiúmido e semiárido, mas também viceja em clima úmido.
O juazeiro é uma planta de regiões secas, mas gosta de lugares onde possa retirar água do subsolo, em baixadas e margens de riachos. Interessante é que encontramos essa árvore em todas as zonas ecológicas do Nordeste, inclusive no norte de Minas Gerais, apesar de ser espécie típica da caatinga.
Acredite se quiser, o juazeiro pode até crescer lentamente, mas pode passar com facilidade dos cem anos.
Interessante é que o juazeiro prima pelo isolamento, isto é, não gosta de formar capão de mato como outras espécies sertanejas bem conhecidas.
Apesar dos fazendeiros não apreciarem derrubar o juazeiro, mas sua madeira pode ser usada em diversas atividades rurais, por causa da sua durabilidade.
Além da sombra, refrigério dos rebanhos, seus frutos amarelos, pequenos e abaulados e, suas folhas, alimentam bovinos e gado miúdo. O juazeiro também pode ser abortivo para as vacas e causar problemas aos animais que ingerem seus frutos em grande quantidade.
Seus espinhos são longos, duríssimos e torneados, causando uma imensa dor grossa e duradora.
Sua madeira também é usada para cabo de ferramentas, caixões, portas, canzis, tarugo e mesmo lenha. As rapas da entrecasca servem de dentifrício e sua casca é bastante usada como tônico capilar e contra a oleosidade. A água do fruto amacia a pele, a casca é usada em dermatoses, a entrecasca, sabendo usar serve contra indigestão e blenorragia, além de tratamento contra tosse, úlcera e bronquite em xarope extraído das folhas. Essa árvore tão querida do sertanejo ainda possui outras propriedades medicinais usadas pelos populares.
E para não cansar o leitor com tantas informações desse símbolo do sertão, suas flores chegam com os meses mais secos, novembro e dezembro, fazendo com que as abelhas aproveitem bem suas floradas (quase única, nessa época) para o mel tão apreciado no mundo rude e civilizado. É assim O JUAZEIRO.





O FIM DA SEDIÇÃO Padre Cícero (IV) Final da série de 4 crônicas Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2014 Crônica Nº 1.235 ...

O FIM DA SEDIÇÃO



O FIM DA SEDIÇÃO
Padre Cícero (IV) Final da série de 4 crônicas
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2014
Crônica Nº 1.235

JUAZEIRO DO NORTE.
Em 9 de dezembro de 1913, os jagunços já haviam invadido o quartel da força pública e tomado as armas. Após esse acontecimento o “Círculo da Mãe de Deus” foi feito. As forças estaduais retornaram ao Crato e pediram reforço. Franco Rabelo enviou mais soldados e um canhão. O canhão falhou e a tropa foi derrotada.
Passaram-se alguns dias para a reação do governo central. Tropas da capital juntaram-se aos soldados do Crato. Sem conhecer o terreno e nem a disposição dos jagunços, os atacantes fracassaram. O reforço sofreu demora e o tempo não ajudou no segundo ataque realizado em 22 de janeiro. Outra humilhante derrota para os legalistas. Parte das tropas deixou a região. Enfurecidos, os defensores do Juazeiro partiram para invasão e saques de cidades da vizinhança, inclusive o Crato. Os saques, dirigidos para alimentos e armas, ficaram incontroláveis, pois, aproveitadores partiam também para o roubo de bens pessoais.
Juazeiro do Norte.
Houve ainda outra investida legalista, cujo comandante chamava-se José da Penha e que acabou morto na refrega durante o mês de fevereiro, apontado como o último combate.
Foi importante a ida de Floro Bartolomeu ao Rio de Janeiro em busca de apoio como o de Pinheiro Machado.
A Marinha procurou realizar um bloqueio marítimo em Fortaleza com o avanço dos rebeldes em direção à capital. Cercado e sem ter como escapar, Franco Rabelo não passou do dia 14 de março, quando foi deposto. Foi nomeado interinamente Fernando Setembrino de Carvalho, pelo presidente  Hermes da Fonseca e novas eleições foram convocadas. Já vimos o resultado com Benjamim Liberato Barroso eleito governador, padre Cícero eleito vice, de novo com o retorno da família Acciolly ao poder.
Em relação ao médico e articulador da luta armada, Floro Bartolomeu, foi eleito deputado estadual e depois federal.
A influência política do padre Cícero Romão Batista, continuou juntos aos coronéis e se estendeu até o final do período da História Brasileira chamada República Velha.
Nem os percalços da política ou da Igreja evitaram a fama adquirida pelo sacerdote do Juazeiro, considerado conselheiro, visionário, ecologista, taumaturgo e santo.
O padre Cícero Romão Batista, nascido em 24 de março de 1844, era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Faleceu em 20 de julho de 1934. Após a sua morte aconteceu mais uma das suas inúmeras profecias: “Quando eu morrer é que Juazeiro vai crescer”.
Cícero foi eleito o cearense do século. O povo nordestino canoniza--o a seu modo: PADRE CÍCERO, O SANTO DO NORDESTE. 
* Final da série de 4 crônicas sobre o padre Cícero.