O CAVALINHO DE MANÉ Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1.368 Foto ilustração (cavalos-animais.info). ...

O CAVALINHO DE MANÉ



O CAVALINHO DE MANÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.368

Foto ilustração (cavalos-animais.info).
Subindo a colina do rio Ipanema, ouço a história contada pelo amigo Mileno Carvalho (hoje, aposentado magnata da Petrobrás). Um homem havia matado um veado. E, diante dos três filhos pequenos, falou dos seus planos: “Vou à rua vender esse veado e com o dinheiro da venda comprar um cavalinho para Mané”. Manoel era o filho mais novo. O rebento mais velho quebrou a sequência do planejamento paterno e disse, agitando os braços: “Eita!Vou montar e pular no cavalinho de Mané até matar!”. O pai, ignorante e juiz antecipado, pegou o filho mais velho e deu-lhe uma pisa, dizendo: “Isso é porque você matou o cavalinho de Mané”.
Se a anedota é da minha juventude, o sentido continua o mesmo na terceira idade.
Quando alguém disse que a nossa democracia ainda está engatinhando, parece ser puro realismo.  E os ideais de servir com honra, dignidade, desinteresse do homem voltado para o homem, não resistem nem às prévias da prática republicana do voto. As articulações sombrias de grupos têm início muito cedo, quando o patrimônio público já é espiritualmente fatiado. Reservadamente, o leão da quadrilha antecipada, perde inúmeras noites de sono, articulando seu bocado nobre. Com truques, astúcias e manobras, objetivos são atingidos e o grande cuscuz amarelo é fatiado pela faca titã, camuflada de cabo verde.
 No meio de tudo isso ainda surge certo senador de Alagoas para apresentar emenda visando dificultar o afastamento de políticos. Os caras de pau estão em todos os lugares porque a erva daninha prolifera muito mais do que o trigo.
Enquanto essa democracia não se levanta, anda e amadurece, os escândalos continuam acontecendo no vale tudo pelo poder à semelhança da Roma Antiga. Eles conhecem todos os pilares de pano e as brechas de manteiga das nossas açucaradas leis.
O povo... O povo? O povo, para eles é apenas o cavalinho de Mané.

RENAN, O FILHO Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1. 367 Mapa político de Alagoas. (geografia.blogspot....

RENAN, O FILHO



RENAN, O FILHO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1. 367

Mapa político de Alagoas. (geografia.blogspot.com).
O nosso sempre professor Alberto Nepomuceno Agra, era sábio, rígido e muitas vezes enigmático. Ex-pracinha, ex-diretor do Ginásio Santana, comerciante, fazendeiro, professor de Geografia e intelectual, dizia: “Não elogie o homem”.
No momento, ainda não estamos elogiando nada, apenas vendo o que se queria ver.
Depois de uma sucessão pífia de administradores ─ de acordo com alguma maldição lançada ao Palácio dos Martírios ─ mudaram de palácio. Nada adiantou. E na boa história das Alagoas, os feitos sem efeitos logo estarão sendo esquecidos. A poeira do tempo vai encobrindo nomes de vaidosos, arrogantes, inexpressivos, deixando apenas como caridade retratos em galerias que as novas gerações teimam em não conhecer.
O que lavou as mãos para os precatórios de tantos sofridos funcionários; o mesmo que retirou o atendimento do Ipaseal Saúde do interior, causou muitas dores aos que teriam que procurar atendimento médico somente na capital; passando semanas e até meses na corrida maluca pela saúde, sem dinheiro de hospedagem e alimentação.
São esses tipos de gestores que Alagoas não quer mais; insensível e indiferente que esquece que o dinheiro do seu cargo é pago pela massa e, ao invés de se julgar gerente do povo, julga-se um reizinho russo ou um barbudo cubano.
Tachado como ineficaz, pelo também candidato na época, Benedito de Lira, Renan Filho pode provar que Lira estava errado.
Muito jovem ainda, o atual governador nesse pouco tempo à frente do executivo, mostrou que está atento a todos os setores. O efeito do dinamismo na tentativa organizacional começa a impressionar o povo, mesmo não tendo completado ainda o teste dos cem dias.
Nos meus tempos de apreciador de sinuca, ouvia o ditado de quem começava perdendo: “Não existe ‘Senhor do Bom Começo’, mas ‘Senhor do Bonfim’, não é?” A frase tem alguma semelhança com a do meu inesquecível professor.
Como disse, ainda não estou elogiando ninguém. Mas, se o governador continuar com esse fôlego, sensibilidade aos funcionários públicos e profunda vontade administrativa geral, poderá quebrar a maldição que paira em nosso território.
Nesse caso uma frase do meu saudoso pai poderá ser positiva para ele. “Administrador é como cavalo bom, mora longe um dos outros”. Quem sabe!