domingo, 28 de junho de 2015

AINDA PELO SERTÃO ALAGOANO
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de junho de 2015
Crônica Nº 1.442

Não só tínhamos ido excursionar em Canapi, Inhapi, Mata Grande, Água Branca e Delmiro Gouveia. Fomos também esbarrar no Sertão do São Francisco, precisamente em Piranhas, antes da construção da hidrelétrica do Xingó, que é um bairro deste município. A intenção de dois casais era degustarmos uma peixada naquela cidade.
Ficamos o dia inteiro quase em lua de mel nas alvas areias da prainha. Naquela época, mesmo ainda sem a hidrelétrica, o peixe já se tornara escasso. Fomos apreciando a “cidade presépio”, título dado por mim ao avistá-la pela primeira vez. O povo tinha um orgulho grande em falar do meu cantor preferido, Altemar Dutra, que sempre ia a Piranhas para descansar e fazer serestas iluminadas pelas luzes dos postes pequenos e os reflexos na próxima superfície do rio.
De Piranhas partiram as três volantes que puseram fim a Lampião e Maria Bonita na madrugada de 28 de julho de 1938. Mas nós, eu, minha esposa Irene; meu compadre, professor Marques (já partiu) e sua esposa Terrana, não tínhamos ido a Piranhas para pesquisar cangaço e volante. Fomos apreciar as belezas da cidade, encravada entre o rio e as escarpas do raso de caatinga. Após a peixada, aguardamos o entardecer conversando nas estreitas calçadas do comércio, até o retorno a Santana do Ipanema.
Nas proximidades de São José da Tapera, pegamos chuva. O carro deu um problema e fomos obrigados a pernoitar naquela simpática cidade. Ficamos em um hotel modesto, limpo e bom. Na cidade estava havendo festa, fomos caminhar pela praça comprida. Os jovens divertiam-se numa noite muito agradável que compensou demais a nossa parada.

Mais uma vez constatamos que uma excursão pelos sertões é tão boa quanto um passeio pelo litoral repleto de praias paradisíacas.

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quinta-feira, 25 de junho de 2015

O QUARTETO ARQUITETÔNICO DE SATANA DO IPANEMA



O QUARTETO ARQUITETÔNICO DE SANTANA DO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2015
Tênis Clube Santanense. Foto: (Clerisvaldo).
Crônica Nº 1.441

Com a destruição simples, ignorante e arrogante de vários patrimônios arquitetônicos de Santana do Ipanema, Alagoas, quatro deles se mantém de pé. Estão localizados próximos um dos outros no chamado Bairro do Monumento.
A Igrejinha de Nossa Senhora Assunção, foi construída como marco de passagem do século XIX para o século XX. Ó prédio é curto, delgado e alto, erguido pelo, então, padre Manoel Capitulino, proveniente de Piaçabuçu que foi pároco de Santana, prefeito e governador interino de Alagoas. Foi ele como governador que elevou a vila de Santana à cidade. Como marco do século XIX para o século XX também foi erguida no morro da Goiabeira que circunda Santana, um cruzeiro de madeira, mudando o nome popular para serrote do Cruzeiro. Com o monumento da igrejinha, o local ficou conhecido até hoje como Bairro do Monumento.  Nos degraus daquela igrejinha foram expostas as cabeças dos onze cangaceiros mortos em Angicos (SE), inclusive a de Lampião e Maria Bonita, em 1938.
Entre 1937 e 1938 o interventor de Santana, Joaquim Ferreira da Silva, construiu um prédio para se tornar hospital. A dificuldade, depois, para se arranjar mão de obra e equipamento fez com que o prédio ficasse ocioso até ser ocupado pelo 2º Batalhão de Polícia de Alagoas que funcionou em Santana a partir de 1936. Esse prédio construído com mão de obra Fulni-ô (índios de Águas Belas-PE), ficou ocioso novamente quando o batalhão foi embora. Em 1950, o prédio passou à escola e assim funciona até hoje.
Ainda no ano de 1938, o mesmo interventor, Joaquim Ferreira da Silva, junto ao governo do estado, construiu o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, para funcionar até a quarta série. Foi a primeira escola pública de porte, em Santana. Continua funcionando na arquitetura original como os demais prédios.
Em 1953, foi fundado o Tênis Clube Santanense, entre as duas escolas acima citadas, permanecendo com arquitetura básica até os nossos dias.
Esse quarteto arquitetônico, tanto faz parte da história santanense quanto da história do sertão alagoano.
(Fonte:"O boi, a bota e a batina; história completa de Santana do Ipanema" - A)


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