terça-feira, 14 de junho de 2016

REMANDO...



REMANDO...
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de junho de 2016
Crônica Nº 1.532

RUI BARBOSA
Certa vez perguntaram a certo cidadão, quantos discursos ele fazia por dia. O homem respondeu: entre 14 e 15. Então, a mesma pergunta foi dirigida ao sábio Rui Barbosa e ele teria respondido: uma. Estão aí duas personalidades diferentes: o fanfarrão e o comedido.
Essa é uma pergunta dirigida a mim mesmo sobre a crônica, embora, no meu caso, ela seja apenas um lazer entre um livro e outro. O ideal é apenas uma crônica diária, tendo um motivo concreto e a vontade de fazê-la. Para se confeccionar uma boa crônica, o tempo necessário é de cerca de duas horas. Tem o assunto, o dicionário, o fraseado, a gramática e a segurança no que estar sendo dito, além da última tarefa que é a lapidação, o pente fino, o acabamento. Esta é o produto de primeira.
Ainda como produto de primeira, tem a crônica inspirada que é segura, ligeira e pode ser realizada sem os acessórios, em vinte minutos.
Para quem escreve diariamente, o escrito sai dentro do padrão segunda, com maior frequência. Quando é na base da força, sai à marretadas, formando a crônica de terceira.
O ideal é escrever com vontade, com um tema definido, com o tempo necessário e o diferencial da inspiração.
Lembro-me bem que eu gostava muito das crônicas diárias dos jornais impressos Gazeta de Alagoas e Jornal de Alagoas. Os preferidos eram os trabalhos de Genésio Carvalho (São Miguel dos Campos) e Adherbal de Arecippo (Pão de Açúcar). O primeiro, mais profundo e aperfeiçoado. O segundo, mais leve e mais solto.
Pergunto-me também se o “Face” é lugar de Literatura. Com certeza não. Difícil é alguém devorar mais do que três linhas de alguma coisa séria. Sei também que a crônica é enxerida, mas também fura o espaço. Aparecendo apenas um leitor, já está de bom tamanho. É por isso que às vezes chega apenas o endereço do blog para quem quer apreciar a leitura. A imagem no “Face” fica apenas para a curtição, pois todos viram crianças em torno de uma figura nova. Tá bom, tá bom! Vamos fechar a porteira da fazenda!.



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segunda-feira, 13 de junho de 2016

CANTE, CANTE, CANTADOR...



CANTE, CANTE, CANTADOR...
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2016
Crônica Nº 1531
Para a sensibilidade de Remi, Ferreirinha, Daniel e Mendes
Contato direto com o autor: clerisvaldodaschagas@gmail.com

Esse anoitecer tristonho
Essa madrugada fria
O sofrimento do dia
Essa esperança no sonho
Esse recato bisonho
À tarde que não tem flores
Recordações de amores
Esse meu vale sem cor
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.

Os caminhos mais escuros
As noites mais tenebrosas
O murchar das minhas rosas
Os sonhos mais obscuros
As tranças que descem muros
Como fogo-corredores
Suspiro e ais lutadores
Do tempo devorador
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.

Não o imenso azulado
Mas os nimbos de ameaça
Não o reforço da graça
Nem o céu mais estrelado
Mas o amor retocado
Entre vinho e dissabores
Lobos ameaçadores
Que uivam no cobertor
Canta, cante cantador
Na trilha das minhas dores.

Ver às sendas vegetais
O esconso e o espinho
O esfarrapado ninho
Dos antigos madrigais
Os galhos marrons ou mais
Que pendem, mas sem pendores
O concriz dos sonhadores
Que se tornou chorador
Cante, cante, cantador
Na trilha das minhas dores.





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