domingo, 16 de julho de 2017

ONDE ESTÃO OS CINEMAS?

ONDE ESTÃO OS CINEMAS?
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2017
Escritor Símbolo de Santana do Ipanema
Crônica 1.694

Foto: (Tribuna do Ceará).
Estamos no mês de julho que celebra festejos à Senhora Santa Ana no mundo inteiro. No Sertão alagoano se inicia a maior festa religiosa do interior que incorporou à sua abertura um desfile de carros de boi. Ano passado – segundo informações de quem viu de perto – havia 1.500 carros puxados a boi, cuja santa seguia no veículo da frente. Esse desfile que se repete em 2017, está com ares de se firmar na tradição. O Parque Izaías Vieira Rego, a três quilômetros da sede, abriga a concentração dos carreiros para o início do desfile. Fica bem perto do riacho João Gomes, afluente do rio Ipanema, lugar de origem do escritor Oscar Silva. Guiados por batedores da Polícia Rodoviária, os carreiros vencem os três quilômetros do asfalto Olho d’Água das Flores – Santana do Ipanema, e ficam no espaço da cidade denominado Ponte do Urubu. Ali é celebrada a missa campal com aspectos diferenciados.
As nove noites de festa acontecem na Matriz de Senhora Santana, fundada em 1787, pelo padre Francisco Correia e o fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia. Após a celebração da missa, rolam as atividades profanas com o comércio de vários produtos, jogos de azar, parque de diversões e forrós nas ruas de periferia da festa. A família santanense, espalhada pelo território nacional, aproveita para voltar a terra, rever parentes, amigos e cair nas diversões ofertadas.  E se faltam àquelas gravações do parque oferecidas pelos namorados, também faz falta o cinema Glória da Rua Coronel Lucena.
Após a fase dos cinemas que se extinguiram com a diversão no lar, fruto da televisão casa vez mais aperfeiçoada, ficamos somente com as saudades da tela grande e os namoros quase inocentes do escurinho. E nesses tempos de festa da padroeira, nem as procissões passam mais à frente da casa comercial que ficou no lugar do cine Glória. Algumas poucas cidades do Brasil preservaram essas casas de diversões na íntegra. São motivos de atrações turísticas, visitas de estudantes, trabalhos escolares como forma de preservar a história municipal. No caso de Santana do Ipanema somente ficaram os edifícios para os saudosistas. A história, resumida apenas em livros e crônicas entrecortadas.

Ainda resta a pipoca, não à porta dos antigos prédios, mas dá para fazer em casa imitando o cinema com a televisão.

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quinta-feira, 13 de julho de 2017

O REGIONALISMO SIBITE
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.694

SIBITE. (Paulo Dias).
Sempre procuramos encaixar nossas palavras, termos, frases sertanejas nordestinas em nossos escritos. Propositadamente. Sertanejo não diz umbu, fala imbu. Não pronuncia lajedo e sim lajeiro e assim por diante. Muitos cabras bestas do sertão depois que usam a primeira gravata ficam até negando as origens e falando “heresias”. E para aqueles que negam e renegam suas raízes, nunca a eles dei o valor de uma cuia furada. Mas deixemos isso para lá porque a conduta de cada um vai sendo olhada, censurada, julgada ou aplaudida. E dentro das origens ouvia na minha região – quando a criança crescida perturbava, se exibia – do mais velho perdendo a paciência Deixe de ser sibite, menino!”.
Percorrendo ontem a estrada sertão de Alagoas – Maceió, pela BR-316, íamos apreciando as paisagens sertão, agreste, mata e litoral como se fossem uma só. Um paraíso na Terra como fala certos trechos religiosos e diligentes com as coisas benfazejas da Natureza. E julho que virou junho proporcionava uma viagem tipo turística: açudes, barragens, barreiros... Superfícies lisas e brilhantes tais espelhos grandiosos. Chuvas alternando entre fracas e fortes aguavam o trecho já encharcado dos sítios rendilhando o visual das serranias. O Ipanema, o Gravatá, Dois Riachos, Traipu, estão murmurando, cheios danados, levando os alimentos da terra para o mar. E o carro rodando, rodando, rodando pelo pretume do asfalto onde outrora era somente lama ou poeira.
Em Maceió, capital surgida lá pelos cinco horas da tarde, somos recebidos pelo canto fino, repetitivo e ligeiro de alguns pássaros. Digo que sempre fiquei curioso para saber o nome da ave que invariavelmente aparece acompanhada por outras à tardinha no lugar onde me hospedo. São dois tipos de pássaros, mas o outro é o nosso bem-te-vi sertanejo existente também pelas grotas verdes de Maceió. E depois de mais de ano querendo saber, o cidadão ao lado diz: “Esse pássaro é bem pequeno e aqui é chamado de Sibite. Muita gente cria o Sibite que é danadinho de cantador”. Admirei-me por duas coisas: o sibite dos mais velhos no meu sertão, onde nuca havia ouvido falar em passarinho com esse nome. E olhe que eu conheço denominações a granel. E a outra foi em pensar como é que pode uma pessoa gostar desse tipo de canto do Sibite, a ponto de retirá-lo da Natureza e jogá-lo na gaiola.

Sei não. Mas todos têm razão e é melhor respeitar tanto o mais quieto ao mais sibite.

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