O REGIONALISMO SIBITE
Clerisvaldo B.
Chagas, 14 de julho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.694
SIBITE. (Paulo Dias). |
Sempre
procuramos encaixar nossas palavras, termos, frases sertanejas nordestinas em
nossos escritos. Propositadamente. Sertanejo não diz umbu, fala imbu. Não
pronuncia lajedo e sim lajeiro e assim por diante. Muitos cabras bestas do
sertão depois que usam a primeira gravata ficam até negando as origens e
falando “heresias”. E para aqueles que negam e renegam suas raízes, nunca a
eles dei o valor de uma cuia furada. Mas deixemos isso para lá porque a conduta
de cada um vai sendo olhada, censurada, julgada ou aplaudida. E dentro das
origens ouvia na minha região – quando a criança crescida perturbava, se exibia
– do mais velho perdendo a paciência “Deixe
de ser sibite, menino!”.
Percorrendo
ontem a estrada sertão de Alagoas – Maceió, pela BR-316, íamos apreciando as
paisagens sertão, agreste, mata e litoral como se fossem uma só. Um paraíso na
Terra como fala certos trechos religiosos e diligentes com as coisas benfazejas
da Natureza. E julho que virou junho proporcionava uma viagem tipo turística:
açudes, barragens, barreiros... Superfícies lisas e brilhantes tais espelhos
grandiosos. Chuvas alternando entre fracas e fortes aguavam o trecho já encharcado
dos sítios rendilhando o visual das serranias. O Ipanema, o Gravatá, Dois
Riachos, Traipu, estão murmurando, cheios danados, levando os alimentos da
terra para o mar. E o carro rodando, rodando, rodando pelo pretume do asfalto
onde outrora era somente lama ou poeira.
Em
Maceió, capital surgida lá pelos cinco horas da tarde, somos recebidos pelo
canto fino, repetitivo e ligeiro de alguns pássaros. Digo que sempre fiquei
curioso para saber o nome da ave que invariavelmente aparece acompanhada por outras
à tardinha no lugar onde me hospedo. São dois tipos de pássaros, mas o outro é
o nosso bem-te-vi sertanejo existente também pelas grotas verdes de Maceió. E
depois de mais de ano querendo saber, o cidadão ao lado diz: “Esse pássaro é
bem pequeno e aqui é chamado de Sibite. Muita gente cria o Sibite que é
danadinho de cantador”. Admirei-me por duas coisas: o sibite dos mais velhos no
meu sertão, onde nuca havia ouvido falar em passarinho com esse nome. E olhe
que eu conheço denominações a granel. E a outra foi em pensar como é que pode
uma pessoa gostar desse tipo de canto do Sibite, a ponto de retirá-lo da
Natureza e jogá-lo na gaiola.
Sei
não. Mas todos têm razão e é melhor respeitar tanto o mais quieto ao mais
sibite.
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