É TEMPO DE URTIGA
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de
julho de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.692
Aproveitando esse maravilhoso inverno sertanejo, é
bom alertar para os que não conhecem a região e gostam de andar em trilhas a
que nós chamamos veredas, varedas para os nossos roceiros. Nesta época, além de
aparecer bastantes formigas pretas, surgem bandos de pequenos mosquitos de
frutas e a mutuca que tem o triplo do tamanho de mosca comum. Esta costuma
posar na pele provocando dor rápida e abusada. Não ataca em bandos. É
individual e faz você exercitar a palma da mão tentando matá-la em qualquer
parte descoberta do corpo. Os mosquitos trazem enfado e agonia, gastura, como
se diz por aqui. Exigem seu deslocamento rápido do lugar. Quanto às formigas
pretas, atacam ferozmente quando se coloca o pé no lugar errado.
No mato verde da caatinga, porém, o cuidado
especial é com a urtiga, planta que se prolifera com facilidade e marca
presença em todos os recantos. Suas folhas causam queimaduras, coceiras e
agonia que levam horas para melhorar. Essas folhas são revestidas de pelos que
contém ácido fórmico que produz vermelhidão e muita dor. Os coronéis costumavam
punir seus desafetos com surras de urtiga, planta que se conhece desde os
tempos de antes de Cristo. O leite de magnésia é recomendado para o caso de ser
tocado pela planta.
Coincidindo com o tempo invernoso dos nossos
sertões, recebemos como presente, o cordel sobre plantas da caatinga e suas
curas, do cantor, compositor e raizeiro Ferreirinha. É um folheto de cordel
longo que fala sobre outras coisas também em relação às plantas.
Mas a urtiga não é somente maldade para os
passantes da caatinga. “Na medicina de ervas moderna, raiz de urtiga é usada
para tratar a hipertrofia prostática benigna. Várias formas de raiz, incluindo
cápsulas, extratos e chás, são tomadas para aliviar os sintomas urinários desta
condição comum. Porém, novos ensaios clínicos são necessários antes que este
uso possa ser amplamente recomendado e comprovado”.
Mas, independente dos conselhos médicos, raizeiros
do Sertão não deixam de indicar os benefícios da urtiga, folhas ou raízes. E
como já disse outras vezes, não existe um só pé de mato sertanejo que não sirva
para remédio.
É a medicina popular em favor da saúde contra os
altos preços das farmácias brasileiras.
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