quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

PADRE BULHÕES E A IGREJA

PADRE BULHÕES E A IGREJA
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.061
MATRIZ DE SENHORA SANTANA E BUSTO DE BULHÕES. (FOTO: B. CHAGAS).
       Em 1787 foi construída uma capela em Santana do Ipanema pelo padre visitante Francisco Correia. No ano de 1900, a capela recebeu reforma através do pároco da época, Capitulino, natural do município ribeirinho de Piaçabuçu. Somente depois, final da década de 40, foi realizada reforma definitiva através do Cônego Bulhões. Sua arquitetura foi baseada na capela original do padre Francisco, ganhando torre, campanário, coro e relógio, baseada em 35 metros de altura. Francisco Correia era natural de Penedo e chegou a conselheiro do estado. Bulhões nascera no povoado Entremontes, município de Piranhas. E Capitulino, além de pároco e intendente de Santana, exerceu ainda o cargo de governador por algum tempo. Foi ele quem elevou Santana à cidade no cargo interino de governador.
       Bulhões já estava bem doente e precisou da ajuda do padre Medeiros, de Poço das Trincheiras, para concluir a obra. O cônego Bulhões passou cerca de 30 anos mandando em Santana através do seu prestígio. Com a chegada do batalhão em Santana, para combater os cangaceiros, o cônego dividiu esse prestígio com o, então, major Lucena Maranhão, comandante militar, em 1936 (daí o livro: O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema). A igreja de Santana passou a ser a grande atração física de toda a região sertaneja. O seu conjunto de sinos era ouvido a quilômetros e seu relógio repetido nas quatro faces da torre, marcava a hora oficial do Comércio.
O cônego Bulhões deixou assim a sua bela história para ser escrita, mas ninguém se interessou pelo tema. Apenas fiapos surgem vez em quando. Além da sua história, ficou imortalizado pelo grande monumento elaborado no centro da cidade. Ganhou o nome “Ponte Cônego Bulhões”, no liame Centro/Bairro Camoxinga (onde morou) e um busto de bronze na Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha, defronte à Matriz de Senhora Santa Ana que por muitos anos dirigiu.
       A Matriz continua sendo o cartão postal de Santana do Ipanema e do interior. Tá falado.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/02/padre-bulhoes-e-igreja.html

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

"TÁ CÁ PESTE O QUÊ, HOME"

“TÁ CÁ PESTE O QUÊ, HOME”
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.060

PREFEITO RUI PALMEIRA E DEFESA CIVIL. (FOTO: LUCAS ALCÂNTARA)
       Finalmente está marcada para sábado próximo, a evacuação populacional do Bairro Pinheiro, como simulação. Sofrimento, dor e desespero têm acompanhado os moradores do bairro, tanto os migrantes quanto os resistentes. Mesmo com todas as providências sobre possível tragédia na área, a apreensão e incerteza batem à porta de moradores e ex-moradores a cada segundo do dia ou da noite. Pela parte da Natureza existe um suspense compassado como se estivesse testando os nervos em frangalhos daquela população. Afunda ou não afunda o bairro que tem nome na Botânica? Depois de tantos afundamentos menores e centenas de estabelecimentos rachados, tornar-se até incoerente o que não acredita nas evidências. Para completar os maus presságios este ano estar sendo bom de chuva o que deverá contribuir para a realização do esperado fenômeno.
       Alguém já disse que o lugar virou bairro fantasma, mas não totalmente. Os trabalhadores no caso, os que ainda não evacuaram a área e os curiosos que se movimentam pelas ruas quase desérticas, impedem aquela denominação. Quanto investimento foi aplicado em imóveis de todos os tipos naquela área! É ali onde estão os apartamentos feitos para os funcionários públicos construídos e legalizados no governo Divaldo Suruagy; além das residências, valorosas casas comerciais e prestadoras de serviços e até mesmo a moderníssima igreja construída recentemente. Inúmeras pessoas investiram ali tudo o que possuíam e terão lamentavelmente, que iniciar a vida do zero. Mesmo que o bairro não afunde, a tragédia física, moral e social já contam suas vítimas.
       Por enquanto toda suspeita cai em cima da Braskem, mineradora do sal-gema ali por perto. A desconfiança é grande. Mas os estudos avançam e pelos menos a causa ou causas deverão ser apresentadas em breve. Teme-se também que depois da descoberta, haja desvio de informações com manobras para que a verdade não apareça. Será? Virou rotina no Brasil apontar apenas a fatalidade como causas das coisas ruins. Continuamos sendo o país da impunidade e da corrupção. Por quanto tempo? Vamos aguardar o laudo do Pinheiro.
Quando narramos a um amigo sertanejo os acontecimentos do bairro, ele com aquela natural rudeza regional, respondeu apenas:
       “TÁ CÁ PESTE O QUÊ, HOME!”




Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/02/ta-ca-peste-o-que-home.html