sexta-feira, 1 de março de 2019

O PUTO E A PONTE


O PUTO E A PONTE
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de março de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.070

PENEDO. (FOTO: MINISTÉRIO DO TURISMO/DIVULGAÇÃO).
          Dependendo da seriedade política, o mês de março abre sua agenda com notícia auspiciosa. A dimensão da importância sobre o tema, atinge em cheio não somente a região penedense, Alagoas e Sergipe, mas também o Nordeste inteiro e o eixo rodoviário Sudeste – Nordeste. Trata-se de possível construção da ponte sobre o rio São Francisco, entre Penedo (AL) e Neópolis (SE). Essa reinvindicação tem muito mais de cinquenta anos de esperança demagógica furadora das décadas apresentadas. A travessia do rio São Francisco naquele trecho, ainda depende do uso tradicional das balsas. No tempo em que uma ponte foi construída entre Alagoas e Sergipe (Porto Real de Colégio e Propriá), Penedo sofreu um grande abalo na sua economia e no seu status de primeira povoação fundada em Alagoas.
          Não questionamos o valor da obra em Porto Real, mas não entendemos porque Penedo, diante de tanto prestígio, não tenha erguido o seu liame. Ainda na época de aluno, conversamos em Maceió com um colega penedense sobre a ponte. Ele dizia: “Com as promessas não cumpridas, o povo está puto e eu puto igual ao povo”.  Será que o nosso amigo continua “puto” ainda em 2019? Agora os jornais comentam as mais recentes intensões dos governantes dos dois estados, construir a nova ponte em parceria e outros “babados”. Assim como o asfalto Carié – Inajá saiu depois dos cinquenta anos de mentiras, pode ser que saia agora também a ponte de Penedo. Um dia cessa a contagem regressiva para qualquer obra relevante, nem que leve século para sua realização.
          Penedo comanda o turismo na região sanfranciscana, mesmo com assa atividade sendo despertada muito acima, nos cânions de outros municípios. Não temos medo de errar ao dizer que o Penedo é a cidade mais limpa das Alagoas. Suas igrejas, convento, casario, ainda continuam cativando os seus visitantes, cultos ou não, mas que sabem distinguir a beleza do lugar. E nessa época, a cidade acrescenta além da carne de jacaré, um carnaval que vêm sendo escrito e divulgado pela tradição. Quer conhecer Penedo? Aproveite o agora, antes da ponte, porque a danada pode mesmo aparecer de um momento para outro. Serão dois cenários importantes na história.
          Não fique “puto” sem a ponte.


Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/03/o-puto-e-ponte.html

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

PALCO DE LUTAS



PALCO DE LUTAS
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.069

PRAÇA DOS MARTÍRIOS. (FOTO: B. CHAGAS).
          Sob temperatura de moer gente vamos passando na Praça dos Martírios. Não tem como não lembrar as bravas e renhidas batalhas travadas naquele logradouro. Tempos duros, difíceis, perigosos onde tivemos que desaguar nas batalhas inesquecíveis do SINTEAL. Governadores desalmados pressionando a categoria através de políticas mesquinhas e escravocratas. SINTEAL, cabeça erguida com uma Alba Correia, um Milton Canuto, uma Jarede Viana... E nós, da Sede de Santana do Ipanema, engajado nas lutas ferozes com o trio da primeira diretoria, professores Clerisvaldo Braga das Chagas, José Maria Amorim e Tadéia Macedo. Praça lotada, carro de som bradando e uma categoria intimorata gritando slogan. Lutas e lutas empolgantes contra os tiranos da classe trabalhadora.
          No interior também, muitas outras batalhas foram travadas contra os ambiciosos do poder. Não somente contras os senhores feudais, mas contra outra classe peste, os bajuladores do poder e amantes de carguinhos públicos. E lá mesmo, no interior, o professor José Maria Amorim, faleceu. A professora Tadéia foi embora e chegou a ser ameaçada, já depois de nossa gestão. Várias outras diretorias foram formadas na sede do SINTEAL, em Santana do Ipanema. Até hoje nem uma delas lembrou o trio pioneiro que nunca foi convidado para um “muito obrigado”. O que tiver de ser feito, façamos pelos nossos ideais, sem pensar em homenagem, reconhecimento... Troféus. Entretanto, fica seu orgulho para você mesmo e Deus, o único que não esquece os heróis da terra.
          E lá na Praça dos Martírios, mesmo com o abafado fazendo suco, passa rapidamente pela cabeça uma sucessão de rígidos episódios. Sol queimando e bandeirinhas a tremular. Palácio dos Martírios de tanta opressão e coisas escabrosas resolve expulsar seus ocupantes. Eles agora se abrigam por trás, no mesmo terreno, num tal Palácio República dos Palmares. Todo exterior envidraçado para ver sem visto as caras amarguradas dos que lutam pelo pão de cada dia. E a antiga e imponente sede feudal, vira museu, Museu Palácio Floriano Peixoto, onde as coisas invisíveis vagueiam. E o branco das paredes, dos muros, dos jardins, trazem lembranças das palavras de Jesus sobre os túmulos caiados.
          Sim, sertanejo é sábio: “andar para frente que atrás vem gente”.

Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2019/02/palco-de-lutas.html