terça-feira, 16 de maio de 2023

 

DE QUEIXO CAÍDO

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de maio de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.886

 

A Biblioteca Pública de Santana do Ipanema funcionou por um longo período no Centro Comercial, precisamente no 10 andar do “prédio do deus mercúrio”. No andar térreo funcionava a loja de tecidos do comerciante Benedito V. Nepomuceno, assim como estava escrito na fachada da loja. O acesso à biblioteca era pela lateral da loja que podia adentrar à residência aos fundos ou à casa dos livros através de uma escadaria. Era sim, em nossa opinião, um prédio de luxo construído ainda no tempo de vila pelo Cel. Manoel Rodrigues da Rocha. E como quase tudo do coronel vinha da Europa, calculamos que o corrimão da escadaria e os vidros coloridos das portas/janelas do 10 andar, tenham vindo do outro lado do Atlântico. Frequentar aquele ambiente tão simples e ao mesmo tempo tão sofisticado era quase um privilégio divino.

Compêndios nas prateleiras envidraçadas e no verniz; livros cuidadosamente assentados, catalogados e numerados; instrução como retirá-los e recolocá-los e amplos catálogos à disposição; Um silêncio civilizado protegendo a leitura dos usuários e consultas em voz baixa à bibliotecária; direito a empréstimo de um livro para quinze dias; cartão/ficha para renovação infinita da concessão. A imensa variedade de Literatura nos transportava para autores russos, franceses, americanos e famosos da Brasil, principalmente. A novela, o romance, o conto a poesia, a história, enciclopédias e dicionários famosos nos deslumbravam e agiam às mil maravilhas nas mentalidades em formação.

E por questões diversas vamos observando esse fenômeno de abandono das mansões e sobrados antigos com amostras, praticamente em todas as cidades e capitais brasileiras. Em nossa terra não poderia ser diferente. É a transformação inexorável do planeta erguendo novos pilares da história física no mundo. Assim são montanhas que se transformam em vales, ilhas que desaparecem, cachoeiras que se somem e rios que não choram mais. Ficamos apenas com receio de que as antigas grandes obras da cidade, por falta de manutenção, não causem tragédias nos seus prováveis desabamentos. Mesmo assim, ainda hoje, ao passarmos pelo casarão do “deus Mercúrio”, os olhos não conseguem fugir da estátua que ornamentou a Biblioteca Pública. Um momento, um passo ronceiro, uma saudade e um queixo caído.

CASARÃO DO DEUS MERCÚRIO, EM 2013 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 


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segunda-feira, 15 de maio de 2023

 

AS SURPRESAS

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de maio de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.885

 


“Pesquisadores encontraram as ruínas de uma estrada da Idade da Pedra submersa no Mar Mediterrâneo. A descoberta foi feita no sítio arqueológico de Soline, localizado na costa da ilha de Korčula, na Croácia. Estima-se que a construção tenha cerca de sete mil anos.      De acordo com os arqueólogos, a antiga passagem tem vários metros de largura feita de lajes de pedra. Além disso, os pesquisadores encontraram paredes de um antigo assentamento. Acredita-se que o local tenha sido construído pela cultura neolítica. que ocupava o leste do Adriático. A estrada está situada a cerca de cinco metros abaixo do Mar Adriático, no Mediterrâneo. Os cientistas identificaram ela ao examinar imagens de satélite das águas ao redor de Korčula. Depois, eles confirmaram a descoberta ao fazer mergulhos exploratórios na região.  Pesquisadores também anunciaram a descoberta de um outro assentamento similar durante inspeções na Baía de Gradina, no lado oposto de Korčula. Lá, os arqueólogos encontraram artefatos como lâminas e machados. Além disso, evidências de sacrifícios foram identificadas no local”. FONTE: DOL.

A história sendo recontada. Bem que se diz tudo que estiver oculto nesse mundo, será revelado. Contamos toda uma história e, lá à frente, descobertas desmancham tudo que você ensinou. Isso praticamente ocorre em todas as áreas de conhecimentos. Vimos, então, pela narrativa acima que o mar Mediterrâneo não teve sempre o mesmo nível e que essa região era enxuta a ponto de ganhar uma estrada. Posteriormente o mar se expandiu e inundou a parte em estudo. Assim são muitas regiões que eram antes fundos de mar e hoje aparecem como desertos, vales, montanhas e mais outras formas de relevo.

Mas essas ciências sobre rochas, escavações e afins, parecem não interessarem à grande quantidade de pessoas: Geografia, Geodésica, Arqueologia, Paleontologia, contam com poucos estudantes seguidores, porém, formam profissionais altamente apaixonados pelo respectivo trabalho. São atrações da vida à parte se se pode dizer assim. Tantos músicos no mundo, mas bem poucos atraídos pela música clássica. É coisa mais ou menos semelhante no pendor das ciências.

Aplaudamos a quem merece.

MAR MEDITERRÂNEO (FOTO: STOCK).

 

 

 

 

 


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