segunda-feira, 24 de julho de 2023

 

CARRO VOADOR

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2023

Escritor Símbolo do sertão Alagoano

Crônica: 2.934

 



Quando eu era rapazinho, um cidadão de fora colocou uma casa de aluguel de bicicletas que funcionava no “prédio do meio da rua”. Ah! Isso era uma grande novidade para a juventude que não tinha acesso à compra de uma bicicleta nova e, nem sequer havia lugar de venda na cidade. Andar de bicicleta era coisa rara e quase fantástica, assim como muitos e muitos anos depois, a irmã holandesa Letícia usava esse veículo para se deslocar ao trabalho. Com o hábito de freira sem nada atrapalhar, a irmã passeava de bicicleta com a maior desenvoltura chamando atenção de todos os santanenses. Costume da Holanda posto em prática por aqui, cuja população jamais vira uma freira naquelas condições. Os hábitos da irmã surpreendiam até na hora de tomar um cafezinho sem açúcar.

Mas voltando ao aluguel das bicicletas, pouco tempo depois, o cidadão daqueles serviços deixou o “prédio do meio da rua” e mudou-se para um compartimento à Rua Coronel Lucena, defronte ao chamado Beco de seu Abdon. Era uma beleza! O preço do aluguel por uma hora era bastante razoável e cabia no bolso da meninada sequiosa por algo novo em suas diversões, além dos jogos de ximbras, pinhões, bola, gangorra, e banhos no rio Ipanema. Além do aluguel barato, o dono do negócio era muito paciente e tranquilo, coisa que transmitia segurança. Era ele mesmo quem consertava e ajustava as peças do veículo de duas rodas. Lembranças vêm de um dos dentes da corrente que penetrou no meu dedão do pé e deu um trabalho danado para sair.

Diante do anúncio nacional em que a Embraer via iniciar sua fabricação de carro voador, em São Paulo, fizemos uma comparação dos anos 60, no caso dos veículos. E lá atrás cada carro diferente comprado por alguém da cidade, era notado de pronto nessa urbe cujo tempo passava devagar. O carro de boi continuava em evidência, o cavalo esquipador, o carro lustroso de praça, ou a sopa que fazia o trajeto interior – capital. Até mesmo o famigerado “Zepelim” – balão dirigível em forma de charuto – foi sucesso absoluto por aqui. Tudo isso sem contar com a correria de adultos e adolescentes para contemplarem de perto os aviões tipos teco-teco que aterrissavam no campo de aviação a 3 km do centro da cidade. Será que a EMBRAER vai colocar em Santana do Ipanema, uma CASA DE ALUGUEL DE CARRO VOADOR?

 

AVIÃO TIPO TECO-TECO.

 


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domingo, 23 de julho de 2023

 

OURO BRANCO

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.933

 



Ouro Branco faz parte do Alto Sertão de Alagoas, cuja cidade mais próxima é Maravilha e no mesmo roteiro. Como lugarejo era chamado de Olho d’Água do Chicão ou simplesmente Chicão. Chicão progrediu com suas terras de areia branca, enfrentou a diversidade do clima, virou povoado. O povoado evoluiu e se emancipou de Santana do Ipanema, no dia 21 de junho de 1962. Ouro Branco está situado a 380 metros de altitude e faz divisa com Canapi, Maravilha e Pernambuco. Sua distância à capital corresponde a 241 km e tem acesso a partir da BR-316. Seus habitantes são chamados de ouro-branquenses e, o título da cidade, após Olho d’Água do Chicão, (povoado) passou a ser Ouro Branco devido a sua produção de algodão, plantações bem adaptadas às suas terras brancas de sílicas. Possui uma população um pouco mais de 11.000 habitantes.

O padroeiro de Ouro Branco é Santo Antônio, celebrado no dia 13 de junho, em torno da praça Siloé Tavares e na Igreja Matriz. Apesar do clima rigoroso do semiárido e Alto Sertão, a cidade mostra-se progressista, aproveitando sabiamente a sua topografia plana que se estende muito além do perímetro urbano. Sua redondeza acha-se bastante habitada com chácaras e fazenda, notadamente em direção a Pernambuco. O município é cortado pelo riacho Capiazinho, afluente do rio Capiá, o mais importante do Alto Sertão. Ouro Branco cria gado bovino, ovino e caprino e produz feijão, milho e ainda insiste no produto que lhe deu o nome. Sua culinária é típica do Alto Sertão e o turismo se deleita com o aspecto de planura branca e lajeado que a cerca. Podemos afirmar que é uma bela cidade.

Quando ainda era Chicão e Olho d’Água do Chicão, o lugar era frequentado por Virgulino Ferreira (antes de ser o Lampião), mas atuando no bando dos Porcino. Gostava de demorar por ali. Inclusive, houve tiroteio entre uma volante de voluntários de Santana do Ipanema com o bando dos Porcino naquele lugar (Lampião em Alagoas). Estando em Santana do Ipanema e querendo chegar até Águas Belas (PE), tanto você ir “por dentro” (atalho por estrada de terra) ou indo por Maravilha, Ouro Branco, por asfalto, e aí, na saída da cidade ouro-branquense, conectar-se à rodovia que leva a Garanhuns. É muito prazeroso rodar pelo sertão de Ouro Branco, tanto no inverno quanto no verão porque a paisagem verde ou crestada tem suas particularidades brilhantes e imorredouras.

O ouro é realmente branco.

MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO, EM OURO BRANCO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

 


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