segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

 

PRIMEIRA E SEGUNDA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de fevereiro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.017

 



Bons tempos quando a marca do café alagoano estava no auge. Ao passarmos pela Praça Deodoro, o aroma intenso saía da torrefação do Café Afa, bem ali, na esquina do teatro, do outro lado da rua. E nós, estudantes, ficávamos inebriados e os comentários choviam sobre àquela indústria tão famosa e aceita plenamente em todos os extremos de Alagoas. É certo, porém, que a Praça Deodoro, passou por várias reformas nas sucessivas marchas dos prefeitos. Uns aceitavam as reformas como mais belas, outros preferiam o modelo mais antigo. O Teatro com o mesmo nome da praça, também passava por altos e baixos. E a sorveteria Gut-Gut, tão famosa em Maceió quanto café, teatro e praça, já ameaçava cerrar às portas.

E assim nós pegamos essa fase de ouro do comércio da capital, quando as quatro referências acima, reinavam absolutas no auge da fama maceioense. Em Santana do Ipanema, perguntávamos ao dono do Café do Maneca, como ele fazia para preparar um café tão gostoso... Pouco importava se era um “café pequeno, meio café, ou café grande”, conforme classificava a clientela. Maneca dizia apenas: “Misturo o Café Afa de segunda com o café de primeira”. Mas ainda tinha o segredo da quantidade, da fervura... Que o nosso bom amigo não revelava. Em Maceió, o teatro resistiu, a praça resistiu, mas a Gut-Gut com o melhor picolé do paísl, fechou. E assim o famigerado Café Afa também deu adeus ao povo do meu estado. A saudade bate quando novamente circulamos por ali, quando lembramos também da mulher vendendo Tainha e que somente gritava “inha”, ô inha! E os estudantes, das janelas dos edifícios respondiam: Ôi, ôi!

E ainda vimos, homens de branco, elegantes e de sapatos espelhosos, no capricho dos engraxates da praça. Ali à frente paravam os ônibus, momentos de observações dos conquistadores, às senhoritas que desciam no rigor da moda para o passeio habitual pelo Comércio. Ah! Pouco importava a imponente estátua de bronze do Marechal Deodoro da Fonseca. Cheiro de perfume, aroma de café, gosto de sorvete... Movimentavam a praça chique da capital.

 

Alerta contra trombadinhas....

“Ô Maceió! É três mulé pra um homem só!”

PRAÇA DEODORO (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 


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domingo, 18 de fevereiro de 2024

 

ÁGUA DE COCO

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.016

 



Sempre achei aquele trabalho empolgante. Trabalhar no IBGE, eram duas bênçãos ao mesmo tempo. Lidar com Geografia e salário firme. E como se fala muito ultimamente em São Sebastião, sempre estou a recordar uma viagem de pesquisa até ali com o meu chefe, então, José Pinto Araújo, no seu fusca azul. Cito essa recordação porque fiquei impressionado com aquelas terras férteis e bonitas da região.  E foi ali nas belas grotas da zona rural onde pela primeira e única vez, flagrei uma cobra jiboia descansando após engolir um caprino. Somente as pontas do animal doméstico se mostravam no lado externo da boca do ofídio. Para mim foi mesmo uma surpresa nas terras agrestinas daquele município. Uma bica permanente às margens da rodovia São Sebastião – Penedo, também foi novidade para este matuto de Santana do Ipanema.

Mas o que mais me impressionou mesmo foi o sítio, bem perto da cidade, o nosso destino. Ali, o contato nos esperava numa bela chácara de pomar exuberante, onde a água de coco era mais doce e mais abundante. Senti-me dentro de um paraíso que nos fez esquecer a missão “ibegiana”, por algumas horas. Por isso que sempre preguei em sala de aula: “primeiro conhecer o seu estado e só depois o restante do Brasil e do mundo”. Pois, a boa impressão que a cidade do Santo Mártir me deixou, eu a carreguei durante a minha vida até o presente momento. A propósito, São Sebastião possui em torno de 34.000 habitantes, está localizada a 200 metros de altitude e tem com Economia, mandioca, milho, fumo, amendoim, feijão, banana e laranja, mas também puxa um pouco para a pecuária e o artesanato de renda de bilro.

Sua padroeira é Nossa Senhora da Penha e sua Emancipação política se deu em 31 de maio de 1960. Antes, o lugar tinha o apelido de Salomé, porque um cidadão, isoladamente, vendia para quem passava, sal e mel. São Sebastião faz parte da grande região metropolitana de Arapiraca, é saída estratégica para a região do São Francisco, como Porto Real de Colégio, Igreja Nova, Penedo e, Piaçabuçu, Porém, acreditamos no ditado que diz: “Conhecer de perto, para contar de certo”. Pois faça essa visita e depois nos conte como foi, “cabra véi”. E a senhora não quer comprar renda!? Alagoas é massa!

IGREJA EM SÃO SEBASTIÃO (FOTO DEVULGAÇÃO)

 

 

 


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