quarta-feira, 10 de abril de 2024

 

MERCÚRIO OU MINERVA?

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de abril de 2024

Escritor símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.033

 



No tempo em que tudo de luxo e cultura vinha da França, para Santana do Ipanema, por aqui chegou uma escultura com destino ao frontispício da residência do Coronel Manoel Rodrigues da Rocha. Lendo os escritores antigos, um deles (não dá mais lembrar quem com exatidão) tudo indica que foi Tadeu Rocha, filho do coronel acima, amante da geografia e emérito pesquisador, falava da citada escultura vinda da França, que era a estátua do deus Mercúrio. A esse deus mitológico também era atribuída à proteção ao comércio. Inúmeras vezes falamos aqui dessa escultura que ainda hoje permanece no mesmo lugar de quando veio da França no tempo de Santana vila.

Residência/comércio passando de donos, a estátua ornou a biblioteca Pública de Santana e Loja de tecidos de Benedito V. Nepomuceno. Continua ali como uma das maiores relíquias de Santana do Ipanema com grande possibilidade de levar sumiço como tantas outras ao longo da nossa história. Mas agora, jovens pesquisadores da terra descobriram, segundo eles, que na verdade, a estátua não é do deus Mercúrio e sim da deusa Minerva. Sai o macho e entra a fêmea. E agora Zé? Se for verdade, como justificar os escritos de quem viveu de perto o movimento histórico e cultural da época? Em que momento da história houve o escorrego que “perpetuou” o deus Mercúrio até o nossos dias?

A musa Minerva tão evocada pelos poetas cordelistas, devido a esses movimentos atuais de valorização da mulher, talvez tenha feito descobrir-se a feminilidade da estátua francesa. pelo menos esculpida e vendida na França. Mas como tudo sério tem o toque de humor do brasileiro, a estátua do jumento de Santana do Ipanema que não veio da França e sim de Pão de Açúcar está com as orelhas de molho. A qualquer momento surge um pesquisador moderno para examinar de perto se a estátua é de fato a de um jumento inteiro, capado ou de uma jumenta empoderada.

É Camonge morrendo, Camonge aprendendo, diz o povo do Sertão.

JUMENTO OU JUMENTA NO RIO IPANEMA SECO (FOTO B. CHAGAS);


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quinta-feira, 4 de abril de 2024

 

O SALÃO DO POVO – HISTÓRIA PURA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de abril de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.031



 

Estava ali o casarão de esquina com a Igreja Matriz de Senhora Santana (motivo da capa do livro O BOI, A BOTA E A BATINA; HSTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA). Pertencera o casarão, ao coletor federal, maestro da primeira banda de música da vila de Santana e fundador do primeiro teatro, Manoel Queirós, simplesmente “Seu Queirós”.  Mas na minha infância, estava sendo habitado por uma das suas filhas, Antéa. Dona Antéa, florista, zeladora da igreja, solteira, intelectual, branca e alta, cedeu parte do seu quintal ajardinado repleto de jasmins, à Paróquia, para que o padre Luís Cirilo Silva, construísse o Salão Paroquial. Também deixou que mais tarde, o seu casarão se transformasse em Museu pela prefeitura do município, onde ela própria tomava conta, com muito amor, educação e competência.

Foi um grande feito para a época de dificuldades, a construção do citado edifício. O Salão Paroquial, imponente, bem feito, fazia jus às grandes construções da vizinhança da Igreja Matriz. Além de aliviar os serviços eclesiásticos cotidianos, o Salão muito serviu à sociedade santanense. Era cedido para eventos de reuniões diversas, recepção à autoridades, cantoria de viola... Sem nenhuma cobrança monetária. apenas para servir. Como a frente ficou alta com acesso de degraus, o padre construiu na parte inferior da varanda da frente, uma gruta dedicada a Nossa Senhora. Possuía um gradeado e um recipiente para se colocar donativos, passando o braço por entre as grades.

A frente do edifício com sua varanda oferecia uma paisagem privilegiada de parte ampla do Comércio com praça principal, cinema, começo e fim da Rua Barão do Rio Branco, que se iniciava ao seu lado e se prolongava até o rio Ipanema.  Uma paisagem altamente atrativa para visitantes, embora Santana do Ipanema não constasse no mapa turístico do estado, assim como nos dias atuais.

O zelador da Igreja, negro velho de cerca de oitenta anos, originário do povoado Tapera do Jorge (Poço das Trincheiras) denominado “Major”, guardava no salão as charolas após as procissões de Semana Santa.

Preito de saudade a dona Antéa e ao padre Luís Cirilo Silva.

AUTOR EM LANÇAMENTO NO RESTAURANTE SANTO SUSHI


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