terça-feira, 18 de junho de 2024

 

 CARSIL

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.062

 



Entre os edifícios santanenses, também encontramos casarões fora do Quarteto Arquitetônico do Monumento e do Quinteto Arquitetônico do Comércio. Um deles é o simpático prédio da Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema – CARSIL. Fundado em 1942, ainda hoje resiste ocupado e prestando os mesmos serviços aos seus associados. Edificado à Avenida Coronel Lucena – a principal da cidade – fica defronte à prefeitura. Tem a sua fachada imponente com um primeiro andar e um corpo longo no térreo que margeia um beco longo e vai até à via de trás, Avenida Nossa Senhora de Fátima, onde tem os fundos. Foi naquele belo monumento e no primeiro andar onde três coisas importantes aconteceram em Santana do Ipanema.

Foi ali que funcionou o serviço de divulgação da prefeitura no governo Hélio Cabral, “O prefeito Cultura”.1956-60. Eram os primeiros passos do rádio em Santana. Apresentava à população as notícias da prefeitura e mesclava com páginas musicais com intérpretes como Luiz Gonzaga, Ivon Curi, Jackson do Pandeiro, Cauby Peixoto e outras feras da música. Em várias partes estratégicas da cidade, havia um poste com um autofalante com essa finalidade, como por exemplo: Um no Bairro São Pedro defronte a fábrica de calçados do senhor Elias; um na cornija do “sobrado do meio da rua”, Comércio; e outro defronte à Escola Ormindo Barros, no Bairro Camoxinga, logo no início do beco defronte. Dar para lembrar que o locutor era o senhor José Pinto Preto e se não estiver enganado, também Darras Noya.

Foi no primeiro andar da CARSIL onde nasceu oficialmente o clube futebolístico Ipanema, suas cores, sua sigla, seus estatutos, criados em 1954. Estas informações são raras para as novas gerações que possuem apenas uma fonte registrada em livro: “230 Iconográficos aos 230 anos de Santana do Ipanema”, da nossa autoria. E todos nós passamos todos os dias na calçada da Cooperativa sem perceber a singularidade do prédio ou a fonte de tantas histórias reais e belíssimas sonhadas e realizadas ali. Sua calçada de boa largura, infelizmente serve hoje de ponto de moto táxis. Não dá nem para ver e refletir sobre sua existência, sua arquitetura e sua história.

CARSIL EM 2013. (FOTO: 230 ICONOGRÁFICO/ B. CHAGAS).


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domingo, 16 de junho de 2024

 

O MILAGRE DA PEDRA

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.061

 



Ainda militávamos na AGRIPA – Associação Guardiões do Rio Ipanema, quando fomo a Capelinha, povoado de Major Izidoro localizado à margem também do rio Ipanema. Foi ali que uma senhora de outra religião não católica, nos levou ao rio para fotografarmos as paisagens dos arredores. Ficamos impressionados com uma igrejinha à margem do rio, cercada de pedras caiadas de branco, assim como a do pequeno e bem cuidado edifício. Perguntamos sobre a capelinha que virou nome do povoado e a senhora nos respondeu que a capela é um monumento à Virgem Maria por um milagre acontecido naquele lugar. Aliás, já contamos esse fato em outra crônica de mais de cinco anos atrás. Entretanto, como estávamos revisando o nosso álbum, a capelinha voltou a tocar no coração e veio para o leitor.

O rio Ipanema botara uma cheia. Estava de toda largura com suas águas violentas.  Ali perto, uma senhora lavava roupa e sua filha pequenina brincava por perto.  Caiu no rio e as águas a levaram. Grande desespero para a mãe aflita. A vizinhança tentava ajudar procurando a vítima e nenhum sinal encontrava. Muita gente dava o caso como perdido, pois apenas um milagre salvaria a garota ou faria encontrar o corpo sem vida naquele trecho. Abro um parêntese para dizer que até   que existe diferença da narrativa anterior, porém, a essência está aqui. Passaram-se cerca de três dias – posso estar errado – O Ipanema baixou, novas tentativas de achar o corpo da garota foram feitas. Então, o milagre havia acontecido: Foram encontrar a menina, vivinha da silva, dentro de um loca de pedra sob as águas.

Pensem na alegria da mãe e do povo ao encontrar a menininha, viva. Indagaram a garota como fora parar ali na loca. Ela disse que fora uma mulher que a pegara e a colocara ali. Dias depois, ao ver uma imagem de Nossa Senhora, disse a sua mãe (da menina: “Foi essa a mulher que me colocou dentro da loca”. O povo ergueu, então a capelinha e o lugar ficou por nome de Capelinha. Hoje é um povoado grande e famoso de Major Izidoro. O rio Ipanema naquelas imediações tem muitas pedras e nas cheias mais moderadas forma corredeiras. A capelinha do rio Ipanema, virou lugar de romaria de alto apreço.

CAPELINHA DO MILAGRE (FOTO: (B. CHAGAS).


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