quinta-feira, 20 de junho de 2024

 

CARRINHO DE CARNEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.063

 



O carrinho de carneiro no Sertão de Alagoas, tendo iniciado por algum artesão amoroso, caiu no gosto popular e se expandiu no semiárido. O que era apenas brincadeira curiosa de um artífice, hoje já se mostra até como carros de carneiro profissionais. Muitos carreiros aproveitam as festas de carros de boi de várias cidades sertanejas para exibirem seus carros de carneiro que se apresentam cada vez mais sofisticados. Todos os arreios usados tradicionalmente pelo boi de carro, estão agora sendo usados também pelos carneiros de carro. É a testeira desenhada, é o sininho, é a canga bem ornada, deixando os carneiros com respeito de bicho grande. O carro não é mais tão simples, colocam até cargas como se fossem um castelo e disputam em beleza e criação com os gigantes carros de boi.

A brincadeira inicial de carro de brinquedo, agora virou carro profissional na fazenda de que o possui. Faz os mesmos serviços do carro de boi e já existe o aumento de volume e de peso para essas pobres criaturas carregarem. Assim vimos transporte de capim (figura abaixo) de palma forrageira, de madeira, de produtos da roça... E tudo isso caiu na rotina sertaneja, na normalidade que precisa ser acompanhada por autoridades responsáveis pelo bem-estar dos animais. Não sabemos dizer se existe vara de ferrão, limite de peso e horas trabalhadas com os carneiros, isto é, o que nos parece bonito e mimoso pode estar sendo usado por mãos erradas, embora o dono de carro de carneiro, geralmente seja amoroso com seus animais e grande zelador.

Difícil é você comprar um carrinho de carneiro, porque o dono se apega ao conjunto. Os carneiros que ele treinou desde novinhos quase como borregos, o amor crescente com o tempo e a lida e ainda com a arte do mestre artesão que fez o carrinho. Também não temos hoje uma avaliação de venda nem de um carro de boi e nem de um carrinho de carneiro, com os animais e sem os animais. Você pode apreciá-los melhor nas festas que envolvem carro de boi em Inhapi, Poço das Trincheiras e São José da Tapera, onde os carrinhos desfilam causando admiração e carinho de todos.

Ê Sertão de meu Deus!

CARRINHO DE CARNEIRO (FOTO DE AUTOR NÃO IDENTIFICADO).


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quarta-feira, 19 de junho de 2024

 

É HOJE

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.063



 

É hoje o início oficial do inverno em nosso hemisfério. Isso significa dizer que ontem madrugada, em Santana do Ipanema chegou a 19 graus e que tudo levar a crer em temperaturas muito mais baixa no inverno que ora começa. Para o nosso costume em 27 – 39 quando desce alguns grauzinhos é uma tortura. 23 graus em nosso Sertão, pouca gente acha bom, mas abaixo de 20, somente couro de sapo aguenta. Somos um bioma de temperaturas médias e elevadas, se fica frio demais, até a lavoura sofre tanto que se perde. E se perde no frio, no excesso d’água, nos surgimentos de lagartas. Mas todos sabem por aqui sobre o frio de junho que é apenas um ensaio para julho e a primeira quinzena de agosto.

Os barreiros açudes (barragens, represas) estão cheios, o mato muito verde, pasto por todos os lugares para o bem-estar animal, terra pedindo semente e festas por tudo quanto é lugar. Foi em um inverno assim em 1938, que as forças volantes de Alagoas surpreenderam Lampião acampado na Fazenda Angicos, em Sergipe. Os soldados reclamavam do frio intenso de julho e bebiam muita cachaça para amenizar a coisa, mas também para dá coragem no enfrentamento que se avizinhava. Saiu uma frase típica sobre esse tempo de julho em Santana do Ipanema, quando um dos soldados narradores do fato acima disse “que era um frio de matar sapo”. E tem dias em Santana que é assim em julho e agosto: “frio de matar sapo! ”. Mas estamos agora somente no ensaio.

 

X

 

A propósito, sobre a crônica anterior ficou faltando uma das três coisas anunciadas acontecidas na CARSIL. Foi o funcionamento da Biblioteca Pública Municipal, que havia saído do Comércio, sobre a loja de tecidos “Casa Esperança”, de Benedito V. Nepomuceno (auge da cultura) para o primeiro andar da Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema. Anos à frente a biblioteca pública voltou a funcionar na CARSIL, porém, no térreo ao longo marginal do beco.

O CHARME DO INVERNO (FOTO: B. CHAGAS)..


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