MADEIRA DE DÁ EM DOIDO Clerisvaldo B. Chagas, 7/8 de março de 2014. Crônica Nº 1148 Imagem: Wikipédia. A triste moda da a...

MADEIRA DE DÁ EM DOIDO



MADEIRA DE DÁ EM DOIDO
Clerisvaldo B. Chagas, 7/8 de março de 2014.
Crônica Nº 1148


Imagem: Wikipédia.
A triste moda da atualidade é noticiar a descomunal cheia do rio Madeira. Além do desconforto provocado pelo rio, os habitantes de Rondônia enfrentam casos graves, impostos pelo isolamento com outras regiões. O rio Madeira não é um riozinho qualquer. Basta dizer que ele é o 170. maior do mundo em extensão que se calcula até em 3.315 km, das nascentes à foz. Nasce esse majestoso rio na Cordilheira dos Andes, em território boliviano e banha os estados do Amazonas e de Rondônia. O rio Madeira nasce com o nome de rio Beni, encontra-se com o Mamoré-Guaporé, formando o rio Madeira.
Durante as cheias, o rio Madeira serve à navegação e corre em parte da planície amazônica. O Madeira é largo, rico em peixes e suas águas muito utilizadas para o transporte e como fonte de sustento para inúmeras famílias ribeirinhas. Alguns estudiosos dizem até que o rio Madeira é o principal afluente do rio Amazonas.
Interessante é a origem do seu nome no Brasil. Em épocas de chuvas, invade as florestas, trazendo troncos e restos de madeira que são, inclusive, aproveitadas por comerciantes que negociam com essas madeiras e utilizam o próprio rio como transporte de entrega. Em grande parte do ano, o rio mostra muitas pedras e forma corredeiras. A partir de Porto Velho tem início a Hidrovia do Madeira. Esse belo e perigoso rio despeja em forma de delta quando forma uma ilha de nome exótico para o restante do Brasil: Tupinambarana.
Sua estação chuvosa vai de dezembro a maio. Quando o rio enche com as águas das chuvas é invadido pelas águas do rio Amazonas. Nesse caso, suas águas sobem, alagam todas as cachoeiras, cobrem as praias e parte da planície amazônica, subindo cerca de 17 metros. Tornando-se assim um canal navegável dependente da maré, o rio em questão semeia material sólido junto às raízes da vegetação e forma grandes dunas.
O alagamento das áreas habitadas deve-se em grande parte ao terreno de planície, praticamente com o mesmo nível do rio. Ontem mesmo teve início um movimento das autoridades contra apresentações mal explicadas das obras das hidrelétricas que, somadas ao relevo plano, pode ter ajudado no martírio dos moradores ribeirinhos.
O mineiro poderá dizer: “O rio Madeira é ‘marvado!’ ”. O nordestino responde: “O rio Madeira é MADEIRA DE DÁ EM DOIDO”.



AZUL ITALIANO Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2014. Crônica Nº 1147 Imagem da Band. Todo brasileiro é apaixonado por f...

AZUL ITALIANO



AZUL ITALIANO
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2014.
Crônica Nº 1147

Imagem da Band.
Todo brasileiro é apaixonado por futebol, no modo de dizer. No modo de dizer por que tem gente que detesta esse negócio de uma esfera e 22 machos correndo atrás. Mas hoje estou me referindo às cores brasileiras representadas pelo amarelo, verde, azul e branco. Por mim, a Seleção Brasileira de Futebol estaria representada pela camisa amarelo queimado e pelo calção verde bandeira, assim como a Seleção do Vôlei.
O que vimos ontem à tarde na África do Sul, país do extremo meridional do Continente Africano, foi um segundo tempo de Brasil azul ridículo. Mesmo sendo a atual camisa “B” da Seleção, foi um tremendo mau gosto para esse cidadão comum brasileiro, mas com direito a comentário. Uma tonalidade feia e completa desde a camisa aos meiões, com ligeiro branco na numeração e nas laterais do calção. Não sei, não tenho certeza, mas me parece que quem dita à moda é quem patrocina e faz a coisa do jeito que pensa. Muito melhor seria a cor dominante branca com detalhes das outras três nacionais.  
É perfeitamente compreensível o elástico placar de 5 X 0, pois todos sabem que o país africano seria apenas um treino, para nós. Cor de terno não ganha jogo. Contudo, estamos comentando a tradição brasileira das suas cores distintas. Não negamos o desenho da camisa, mas o azul fechado que em nada representa na tradição, deixou o torcedor “desarticulado”. Mas como vemos em inúmeras propagandas na “telinha”, o peste do gosto estragado desmantela o produto em evidência e não faz jus a quem se forma no ramo.
Quem viu o primeiro tempo Brasil X África do Sul, pelo menos, segundo as cores, viu o Brasil jogar. Na segunda etapa o futebol convenceu até pelo que já se sabia, porém, a tradição do terno foi para a “cucuia”, como se diz no Sertão das Alagoas. Em termos de coreografia, perdoem os meus leitores, estava muito mais para o AZUL ITALIANO.

A MEDIDA QUE MEDE O CANTADOR Clerisvaldo B. Chagas, 24 de fevereiro de 2014 Crônica Nº 1146   Desenho: desastroladosdesconhecido...

A MEDIDA QUE MEDE O CANTADOR



A MEDIDA QUE MEDE O CANTADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de fevereiro de 2014
Crônica Nº 1146
 
Desenho: desastroladosdesconhecidos.














A cabeça produz todo o repente
Dia e noite azeitando o maquinário
A produção independe do horário
Mas não pode ser isso tão somente
Vez em quando vem algo diferente
Escapando à rotina e o padrão
Nesse instante se rompe a vibração
E a estrofe triplica o seu valor
A medida que mede o cantador
É a cuia que mostra a criação

Não gosto de cantar uma cidade
Trânsito, avenidas e concreto
Baladas, teatros, mar aberto
Escolas, presídios, faculdade
Prefiro o furor da tempestade
A voz temerosa do trovão
O corisco que desce e fura o chão
A onça acuando o caçador
A medida que mede o cantador
É a cuia que mostra a criação
pib.socioambiental.org.

O verdume da mata é um calmante
A paisagem da seca é dor atroz
Carcará quando desce é mais feroz
O orvalho nas folhas é diamante
É mais ouro o sopé do horizonte
Os serrotes vigiam o meu sertão
Rasga-beiço protege o azulão
Entre galhos de espinho serrador
A medida que mede cantador
É a cuia que mostra a criação


Depois de um dia bem chovido
O sol pinta seus raios no poente
Pula o sapo no olho da vertente
O mocó passa as unhas no ouvido
O galho da jurema, retorcido
Baixa o dorso e balança o gavião
Um peba fugitivo cava o chão
O preá distancia o predador
A medida que mede o cantador
É a cuia que mostra a criação

Nas chapadas bonitas, colossais
Dobram hinos canários sem prisões
As serpentes protegem os paredões
Borboletas esvoaçam triunfais
Os macacos se coçam nos umbrais
Nas quebradas relincha o garanhão
O bico cortante do cancão
Silencia pra ver o sol se por
A medida que mede o cantador
É a cuia que mostra a criação

Vem à brisa varrendo o pó da terra
Semeando balidos de ovelhas
O zumbido nervoso das abelhas
Vai levando ferrões, lanças de guerra
O guará ardiloso desce a serra
Ergue ao vento o focinho de carvão
A cobra no terreiro morde o cão
Passa o ramo o velhinho curador
A medida que mede o cantador
É a cuia que mostra a criação

FIM