ASSANDO CASTANHA Clerisvaldo b. Chagas, 12 de janeiro de 2015. Crônica Nº 1.343 Assando castanha. Foto: (www.flickr.com) O ...

ASSANDO CASTANHA



ASSANDO CASTANHA
Clerisvaldo b. Chagas, 12 de janeiro de 2015.
Crônica Nº 1.343

Assando castanha. Foto: (www.flickr.com)
O amigo leitor já ouviu falar em assar castanha? É tarefa perigosa, mas quando o desejo aperta o sertanejo da fazenda, vai à luta. Pega-se uma vasilha de lata em forma de rasa assadeira, coloca-se ali quatro ou cinco litros de castanhas de caju secas pelo sol, há bastante tempo (quantidade muito pequena não compensa o trabalho, grande dificulta) e se faz uma trempe. A trempe é composta com três pedras onde se coloca lenha, gravetos e se faz o fogo. É preciso agora uma vara de bom tamanho.
Tudo providenciado, fogo queimando, o sujeito fica de longe com a vara sempre mexendo as castanhas que vão chiando e soltando azeite. A meninada tem que ficar longe. O azeite que vai se desprendendo das castanhas, de vez quando voa pelos arredores da trempe, daí manter pessoas afastadas.
Essa tarefa é de muito cuidado, habilidade e paciência, pois demora muito. Quando as castanhas estão no ponto, o aroma gostoso começa a invadir o ambiente e vai longe. O encarregado, então, coloca a vara por baixo da lata e arremessa-a ali por perto. Quando elas estão frias, são recolhidas, completamente negras. Com uma pedrinha batendo na castanha apoiada em pedra maior, a pessoa tem o cuidado para retirar a amêndoa por inteiro. Depois vem a tarefa mais gratificante, claro, comer castanha assada.
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É ali na roça, cabra velho, debaixo do cajueiro, sentado em tamborete rústico que você filosofa sem parar. As saborosas amêndoas são os seus objetivos na vida. Luta que você travou com muita determinação para alcançá-los. O azeite quente e perigoso são as coisas nocivas que encontramos em nosso caminho, desde as más companhias aos amigos falsos, inconstantes, sem confiança e traiçoeiros.  Reduza suas amizades às pessoas decentes, dignas, honradas, valorosas e prestativas. Fale com todos, cumprimente o bom e o mau, porém, evite aproximações prejudiciais. Se houver insistência, pense no sertão, na roça, no cajueiro e mantenha vara comprida na amizade, pois os respingos do azeite quente procuram você. Aja e pense igual à mulher e o homem assadores de castanha.

SEIS LIVROS IRÃO INOVAR Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2014 Crônica Nº 1.342 Clerisvaldo lançando um dos seus livros. ...

SEIS LIVROS IRÃO INOVAR



SEIS LIVROS IRÃO INOVAR
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de janeiro de 2014
Crônica Nº 1.342

Clerisvaldo lançando um dos seus livros.
Cansado das dificuldades encontradas para se publicar um livro, resolvi inovar. As coisas evoluíram e não podemos ficar apenas alimentando os preços estratosféricos das gráficas e editoras ou reféns das autoridades de posse da área cultural, má vontade e da verba inútil para quem tem valor.
Resolvi ir à luta de forma artesanal e repartida em tarefas para divulgar seis livros inéditos e na gaveta. Devidamente digitados, corrigidos e registrados, visamos os passos seguintes: Imprimi-los todos em impressoras comuns com tintas de qualidade e o mesmo papel usado por qualquer gráfica possante. Contratar os trabalhos de um encadernador e eis aí os livros feitos.
Anunciados, mas sempre batendo nas barreiras citadas, os seis livros hibernaram, mas virão a lume se Deus quiser, em breve. São eles Deuses de Mandacaru (romance, ciclo do cangaço); Fazenda Lajeado (romance, ciclo do cangaço); Colibris do Camoxinga, Poesia Selvagem; 228, História Iconográfica de Santana do Ipanema; O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema; e Maria Bonita, a Deusa das Caatingas.
Como lancei três livros de uma vez, pretendo agora lançar ao mercado os seis na mesma data. Ficarei livre para trabalhar na produção do “Padre Cícero, 100 Milagres Inéditos”, hoje, pela metade.
A qualidade dos seis livros que irão ao público, nada deverão à forma industrial. A história iconográfica apresentar-se-á tipo capa dura e de alto luxo. A História completa de Santana, juntamente com a história iconográfica, será apresentada em formato A4 e, talvez o de Maria Bonita também.
Para o livro, o Boi a Bota e a Batina... A capa em preto e branco trás desenho do artista plástico alagoano e santanense Roninho, mais foto antiga da cidade. Colibris do Camoxinga conta com a capa elaborada por outro artista consagrado, irmão do Roninho, Roberval Ribeiro. Os dois romances vêm com as capas em montagem do autor e, Maria Bonita, apresenta capa com a fotografia da personagem em preto e branco.
A nota lamentável é que a 1º edição de cada, não deverá ultrapassar os 50 livros.
Voltaremos a falar sobre esse assunto, quando os seis livros estiverem no ponto de lançamento, ocasião em que divulgaremos as suas imagens.
Vamos trabalhar.

O MATUTO DAS BANANAS Clerisvaldo B. Chagas, 8 de janeiro de 2014 Crônica Nº 1.341 Foto:( jumento e muar.blogspot.com) Qua...

O MATUTO DAS BANANAS




O MATUTO DAS BANANAS
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de janeiro de 2014
Crônica Nº 1.341

Foto:( jumento e muar.blogspot.com)
Quando vamos tomando conhecimento do que acontece em nosso país, em todas as áreas, principalmente na Saúde e Educação, ficamos estarrecidos. É aquela senhora que tem que dá à luz nos corredores da maternidade, na calçada, no meio da rua, pela falta de assistência; é a criança que retorna da escola de barriga vazia; é o meio de transporte urbano empaiolado, sem o mínimo conforto a ninguém; é a diferença gritante entre o salário de um professor e de um vereador, um deputado, um senador e à Justiça. É o acúmulo temporal da corrupção arrancando na marra o dinheiro do contribuinte e todas as mazelas que nem cabem mais nas páginas da Imprensa. São essas coisas sufocantes e viciadas do dia a dia que fazem lembrar à safadeza da anedota.
No interior, policias fizeram um piquete na estrada contra armas de todos os tipos. (O matuto, geralmente, gosta de andar com sua faquinha de lado). Mas, os militares estavam com raiva e não deixavam passar ninguém sem a revista. No meio deles estava um soldado sádico que apreciava torturar os cidadãos mais humildes. Não ficava transeunte que não fosse revistado e arma que não fosse apreendida. De repente um caboclo tangendo um burro com uma carga de bananas também é parado. Os policiais não encontram com ele arma nenhuma. Então, o soldado maníaco, para se vingar por não ter encontrado sequer uma peixeira boa para tomar e vender adiante, procurou vingar-se do matuto. Mandou que ele tirasse as calças e passou a introduzir as bananas da carga no caboclo.
Com a atitude do soldado, o matuto ria que fazia gosto, as novas ações introdutivas do homem de farda. Ao soldado, a frustração do castigo em efeito contrário. Então a autoridade indagou ao matututo se ele era gay ou coisa semelhante que tanto ria com essa inusitada forma de tortura. Ao que o caboclo respondeu ainda quase sem conseguir parar o riso: “Não é nada disso, capitão, é que meu compadre vem aí atrás com uma carga de abacaxi”.
Ô vida marvada!
Contaram isso para o padre da freguesia. Ele não ensaiou o menor riso, mas disse, apontando o dedo para cima: “É meu filho, você tem razão, o matuto das bananas representa o POVO”.