A PEDRA DO PADRE CÍCERO Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1738 PEDRA DO ...

A PEDRA DO PADRE CÍCERO

A PEDRA DO PADRE CÍCERO
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1738

PEDRA DO PADRE CÍCERO. Foto: (Ailton Cruz).
Em todos os recantos nordestinos estão às marcas indeléveis do Padre Cícero Romão Batista. Em Alagoas entre manifestações ao sacerdote – falecido em 20 de julho de 1934 – estão as procissões, associações, novenários e romarias. São milhares e milhares de devotos que ainda procuram o Juazeiro do Norte em busca de curas para os seus males, baseados na fé ao amiguinho Padre Cícero. Templos, praças e devoções ganharam espaço nesta nação nordestino dos litorais aos sertões honrando à memória daquele que tanto fez pelo seu povo. Nem queremos aqui entrar em discussões e acusações estéreis como ainda hoje acontece com o próprio Jesus, o Cristo.
Entre todos os movimentos em prol do padre do Juazeiro, um deles chama atenção e encontra-se localizado no município sertanejo de Dois Riachos. Tudo teve início quando o agricultor José Antônio Lima alcançou uma graça de promessa feita ao padre Cícero, em 1956. Agradecido, aproveitou um Boulder (bloco rochoso) que havia às margens da BR-316, para erguer um oratório em homenagem àquele que concedera a sua graça. Segundo a viúva do sertanejo, Maria, o seu esposo nunca revelou qual foi a graça alcançada. Com o passar do tempo e o aumento crescente de visitas ao local, o oratório foi reformado e a escada de madeira que leva ao topo, foi substituída por uma rampa de concreto. E os padres, por não conseguirem celebrar missas no cimo da escadaria, fizeram surgir uma igreja perto da rocha.
Anualmente acontece a celebração de morte do padre Cícero, todo dia 20 de julho. Já são milhares de romeiros que chegam à festa do dia 20. Eles vêm a pé, a cavalo, em automóvel, vans e ônibus que preenchem os terrenos vizinhos como se estivessem na própria Juazeiro. Além de gente de todas as regiões alagoanas, são inúmeros os devotos de Sergipe e Pernambuco. Do centro de Dois Riachos à Pedra do Padre Cícero, não deve dar mais de 2 km.
Dois Riachos, em Alagoas, é uma cidade pequena e ficou conhecida nacionalmente por ser a terra da jogadora Marta. Possui a maior feira de gado do Nordeste; é banhada pelo riacho Dois Riachos – afluente do rio Ipanema – tem famosa vaquejada anual e mostra o gigantesco açude no povoado Pai Mané. Seu acesso é fácil estando em qualquer lugar em solo alagoano..


  

SURREALISMO E FUTURO Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.737 IMAGEM BBC ...

SURREALISMO E FUTURO

SURREALISMO E FUTURO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.737

IMAGEM BBC
A inteligência humana encontra-se em todas as partes do mundo e em  todas as áreas do conhecimento. Voltando-se para a engenharia podemos apontar os engenheiros das obras de Paulo Afonso, da estrada São Paulo a Santos, da ponte Rio – Niteroi e, em Alagoas, do Canal do Sertão. Mas muitas outras realizações deixam no topo da área a engenharia brasileira. Voltamos às aulas do velho mestre Alberto Nepomuceno Agra falando das “reentrâncias e saliências” dos fiordes da Noruega: Fiorde é uma grande entrada de mar entre montanhas rochosas.  Seu franjeado têm origem na erosão das montanhas devido ao gelo. Agora a Noruega iniciou um trabalho nos fiordes, chamado pelo mundo de absurdo, futurista, surreal.
É que a Península Stad, por ser aberta, sofre muitas tempestades, pondo em risco seus barcos que por ali atravessam. Para não enfrentar o mar aberto, a ideia é navegar pelos fiordes fazendo túneis entre eles. Mas esses túneis  não são qualquer tipo imaginado antes. O primeiro túnel será construído debaixo de uma montanha e terá uma extensão de 1.7 quilômetros de comprimento e 36 metros de largura. “De acordo com os planos da Administração Pública de Vias da Noruega, os túneis submarinos ficarão a cerca de 30 metros de profundidade e serão formados por dois cilindros paralelos de concreto, uma para cada direção da rodovia. Cada um destes cilindros terá duas pistas: uma para o trânsito comum e outra para véiculos de emergência e reparo. Em locais onde os túneis não forem viáveis  serão construídas pontes com pilares flutuantes – alguns deles suspensos com cabos de aço (...)”.
IMAGEM BBC
Esse é um projeto único no mundo, sonho, loucura e desafio da capacidade de engenharia. Bilhões serão gastos na audaciosa empreitada que divide opiniões de seus próprios moradores. A Noruega é rica, mas ninguém tem certeza se o repto valerá à pena. Obras fantásticas são vistas em todo o planeta que, encaradas pela primeira vez, parecem até de um mundo inexistente. Mas o pacote que a Noruega quer entregar ao Globo, parece coisa de anjos e demônios em parceria.
Ô mundo doido!

UM CABRA DE LAMPIÃO Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.735 ILUSTRAÇÃO: ...

UM CABRA DE LAMPIÃO

UM CABRA DE LAMPIÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.735

ILUSTRAÇÃO: (MESTRE VITALINO).
Vaga-Lume era um cangaceiro moderado e muito querido no bando. Há mais de cinco anos estava sob a chefia de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião. Recebera o apelido por enxergar bem à noite e guiar os companheiros pelas trevas. Mas certo dia houve mal-entendido por causa de um ataque de força volante e um invejoso disse para o chefe que o culpado havia sido Vaga-Lume. Lampião estava furioso e considerava a suposta falha do denunciado extremamente grave. Depois de muito pensar, resolveu eliminar Vaga-Lume como castigo, muito embora o cabra afirmasse que não tivera culpa nenhuma no caso. Lampião, entretanto, não levou suas palavras em consideração e convocou a todos para assistir a morte do cangaceiro.
Depois de mandar recolher as suas armas, Lampião fez uma meia-lua com os seus homens, deixando a futura vítima a vinte metros na frente. Ordenou: “Vaga-Lume, se prepare para morrer daqui a cinco minutos”. O condenado nada disse e começou a cantar várias modinhas que aprendera no bando, todas exaltando Lampião. A reação nunca vista antes, pegou todo mundo de surpresa. Aquilo bateu diferente no peito do chefe. Passados quatro minutos, Lampião aproximou-se e disse: “Agora faça suas recomendações que eu vou mandar atirar em você”. Vaga-Lume, serenamente, começou a fazer as recomendações a Nosso Senhor e à Mãe de Deus, em voz alta, pelo alma do chefe. Compassadamente e de forma clara, cercou Lampião de todas as proteções possíveis. Para si mesmo, não fez recomendação nenhuma. Lampião ficou atônito e há quem tenha visto uma lágrima descer do seu olho defeituoso. Depois, o chefe respirando fundo, virou-se para os companheiros e indagou ensarilhando o mosquetão: “COMO POSSO MATAR UM HOMEM DESTE?”.
Sei que os fanáticos adoradores de cangaceiros irão dizer que nunca existiu cabra com o nome de Vaga-Lume. Que a cena jamais existiu. E eu com isso! Foi assim que gostosamente sonhei. E desde então, tenho também recomendado à Santa Mãe de Deus e ao Mestre por aqueles que tentaram e tentam me deter pela inveja, indiferença proposital, astúcias e montes de pedras no caminho.
Tenho acompanhado sem muita atenção os resultados.