O DRAMA VENEZUELANO Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.792 FOTO: (G1/...

O DRAMA VENEZUELANO

O DRAMA VENEZUELANO
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.792


FOTO: (G1/VALÉRIA OLIVEIRA).
Enquanto prossegue os absurdos na Venezuela, população de vários recantos daquele país tenta escapar da fome, da violência e do desemprego. Muitos batem às portas do Brasil e em outras nações vizinhas, numa fuga em massa das suas origens. Na cidade de Pacaraima, em Roraima, 240 índios são abrigados e alimentados pela organização Fraternidade e Agência da ONU para refugiados. Mas enquanto instituições particulares sociais tentam fazer alguma coisa pelos nossos vizinhos irmãos, o governo brasileiro parece ignorar o drama também em território brasileiro.  E lá em Pacaraima, por exemplo, o lugar planejado para 200 índios, é ocupado por 240. 
Fluxos de refugiados vão chegando por vários lugares do Norte e ficam perambulando pelas ruas como mendigos, pois nem todas as cidades e lugarejos estão preparados para recebê-los. Dizem que Roraima recebeu mais de 11.000 pedidos de refúgios o que compreendemos como pedidos provisórios. Ninguém quer ser refugiado eternamente. Mas é preciso, pela irmandade do mundo, uma condição mínima em receber aqueles tangidos pela adversidade. Os que chegam trazem a família com filhos menores, situação que agrava a imigração. A estimativa é que 30.000 mil venezuelanos já entraram em Roraima. Lá mesmo na cidade de Pacaraima, os 240 índios serão enviados para Manaus e o lugar ficará vago para receber outros imigrantes.
A Venezuela, oficialmente República Bolivariana da Venezuela, é um país da América localizado na parte norte da América do Sul, constituída por um continente e um grande número de pequenas ilhas no Mar do Caribe. Sua maior aglomeração urbana é a cidade de Caracas, onde conflitos internos acontecem todos os dias. A sede ditatorial de Maduro não assegura a ordem em seu território e os seus cidadãos se dividem em resistência, fugas ou acomodamento. E quando as forças armadas resolvem apoiar um ditador, o país permanece com futuro incerto.
Esperamos mais compreensão do governo brasileiro em relação aos refugiados, para recebê-los dignamente e encaminhá-los para o trabalho com uma assistência decente e latina. Aliás, a fraternidade entre os povos parece ser um dos objetivos das inúmeras religiões do mundo.





A LENDA DE JURATAÍ Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.791 RIO AMAZONAS....

A LENDA DE JURUTAÍ

A LENDA DE JURATAÍ
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.791

RIO AMAZONAS. FOTO: (GEOGRAFIA SAAD).

“Muito tempo atrás, no fundo da floresta Amazônica, havia um pássaro chamado Jurutaí. Uma noite Jurutaí olhou para cima, através do ar quente, e viu a Lua. Ela estava completamente redonda. A luz prateada brilhou sobre a face de Jurutaí com se a Lua estivesse se esticando para tocá-lo. E Jurutaí se apaixonou.
Jurataí se apaixonou pela Lua e quis ir até onde ela estava. Assim voou até o topo da árvore mais alta que podia ver. Mas a Lua ainda estava longe. Ele voou até o cume de uma montanha. Mas a Lua ainda estava longe. Então ele voou até o céu. Jurutaí bateu as asas, subindo, subindo até o ar ficar rarefeito. Mas a lua estava muito longe.
O pássaro continuou voando para cima até as asas doerem, os olhos arderem e parecer que cada respiração só enchia seus pulmões de vazio. Queria prosseguir, mas era muito difícil. A força de suas asas chegou ao fim e de repente ele começou a cair. Rodopiava, através do ar negro, e batia asas céu abaixo. Ele caiu de volta nas folhas úmidas e perfumadas das árvores. E se empoleirou ali, piscando ofegante para a Lua. Ela estava distante demais para que ele a alcançasse. Assim, tudo o que Jurutaí podia fazer era cantar para ela.  Ele cantou a mais bela canção que pôde. Uma canção cheia de tristeza e amor, que se espalhou pela floresta.
A lua olhou para baixo, mas não respondeu. E lágrimas encheram os olhos de Jurutaí. Suas lágrimas rolaram pelo chão da floresta. Encheram vales e escorreram em direção ao mar. E dizem que foi assim que o rio Amazonas surgiu.
Ainda existe um pássaro que se chama Jurutaí que vive na floresta Amazônica, hoje em dia. Às vezes, na lua cheia, ele olha para o céu e canta. E ouvi falar de povos indígenas que acendem fogueiras quando a lua cheia brilha e cantam e dançam para fazer o Jurutaí cantar. Eles sabem que cantar a mais bela canção que se conhece é a melhor maneira de se livra da tristeza. E acreditam que deveríamos acender fogueiras no coração quando o jurutaí dentro de nós se cala”.
·         Recontada por Sean Taylor. Cobra-grande: história da Amazônia. Trad. Maria da Assunção Rodrigues. São Paulo: edições SM. 2008.p. 8-9.


PIRANHAS SAI NA FRENTE Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.789 ANTIG...

PIRANHAS SAI NA FRENTE



PIRANHAS SAI NA FRENTE
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.789

ANTIGA ESTAÇÃO DE PIRANHAS. FOTO: (IPHAN).
A história da via férrea de Piranhas, no Sertão do São Francisco, daria um romance em grande estilo. Sua construção teve início em 23.10.1878, cerca de 22 anos antes do término do século XIX. Foi aberta ao tráfego dois anos depois, ainda dentro dos oito anos que faltavam para o fim da escravidão negra no país. Indo até Jatobá de Tacaratu (PE), atual Petrolândia, teve seu trecho final inaugurado em 2.8.1983, isto é, levou cinco anos para ser construído. “Partia de Piranhas e ali chegava as terças, quartas e sábados, num comboio até Delmiro e outro até Jatobá (PE), composto de até 8 vagões: 1 de primeira classe, 1 ou 2 de segunda, 1ou 2 de grade para animais e de 1 a 3 para transporte de outras mercadorias”.
O trem saía de Piranhas, parava em Olho d’Água do Casado (AL), Talhado (AL), Sinimbu (AL), Delmiro Gouveia (AL), Volta (PE), Quixaba (PE) e Jatobá (PE). 84 anos depois, em 8.7.1964, o trem parou de circular. Nos seus quase 116 quilômetros de percurso, o trem foi referência para os flagelados das secas e seguro transporte de mercadorias para embarques e desembarques de embarcações do rio. Na época do cangaço, cooperou em muito com os deslocamentos de forças volantes em perseguição aos bandidos cangaceiros. O trem, mesmo economicamente deficitário, ajudou muito na Economia da região no transporte de peles, couros, algodão, cereais, madeira, ferramentas e muitos outros produtos interessantes da pecuária e da agricultura.
Mesmo com a ausência do trem e o golpe da hidrelétrica de Xingó no pescado da região, Piranhas foi vencendo o marasmo até que uma novela da rede Globo, filmada no local, descobriu a sua beleza agreste para o resto do mundo. Com a beleza arquitetônica, posição geográfica, a história do trem de ferro e as infindáveis narrativas sobre o cangaço, Piranhas saiu na frente para o Turismo. Preponderantes para sua sobrevivência são as boas estradas asfaltadas que permitem o conforto indispensável aos visitantes. Quem dormiu, perdeu os dólares dos gringos. Em nosso romance ainda inédito: “Fazenda Lajeado”, tem uma parte em que fala dos machadeiros que iriam se dirigir a Piranhas para derrubar madeira de lei e transformá-la em dormentes para a via férrea.