PIRANHAS SAI NA FRENTE
Clerisvaldo B.
Chagas, 28 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.789
ANTIGA ESTAÇÃO DE PIRANHAS. FOTO: (IPHAN). |
A
história da via férrea de Piranhas, no Sertão do São Francisco, daria um
romance em grande estilo. Sua construção teve início em 23.10.1878, cerca de 22
anos antes do término do século XIX. Foi aberta ao tráfego dois anos depois,
ainda dentro dos oito anos que faltavam para o fim da escravidão negra no país.
Indo até Jatobá de Tacaratu (PE), atual Petrolândia, teve seu trecho final
inaugurado em 2.8.1983, isto é, levou cinco anos para ser construído. “Partia
de Piranhas e ali chegava as terças, quartas e sábados, num comboio até Delmiro
e outro até Jatobá (PE), composto de até 8 vagões: 1 de primeira classe, 1 ou 2
de segunda, 1ou 2 de grade para animais e de 1 a 3 para transporte de outras
mercadorias”.
O
trem saía de Piranhas, parava em Olho d’Água do Casado (AL), Talhado (AL),
Sinimbu (AL), Delmiro Gouveia (AL), Volta (PE), Quixaba (PE) e Jatobá (PE). 84
anos depois, em 8.7.1964, o trem parou de circular. Nos seus quase 116
quilômetros de percurso, o trem foi referência para os flagelados das secas e
seguro transporte de mercadorias para embarques e desembarques de embarcações
do rio. Na época do cangaço, cooperou em muito com os deslocamentos de forças
volantes em perseguição aos bandidos cangaceiros. O trem, mesmo economicamente
deficitário, ajudou muito na Economia da região no transporte de peles, couros,
algodão, cereais, madeira, ferramentas e muitos outros produtos interessantes
da pecuária e da agricultura.
Mesmo
com a ausência do trem e o golpe da hidrelétrica de Xingó no pescado da região,
Piranhas foi vencendo o marasmo até que uma novela da rede Globo, filmada no
local, descobriu a sua beleza agreste para o resto do mundo. Com a beleza
arquitetônica, posição geográfica, a história do trem de ferro e as infindáveis
narrativas sobre o cangaço, Piranhas saiu na frente para o Turismo. Preponderantes
para sua sobrevivência são as boas estradas asfaltadas que permitem o conforto
indispensável aos visitantes. Quem dormiu, perdeu os dólares dos gringos. Em
nosso romance ainda inédito: “Fazenda Lajeado”, tem uma parte em que fala dos
machadeiros que iriam se dirigir a Piranhas para derrubar madeira de lei e
transformá-la em dormentes para a via férrea.
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