v ALAGOAS E SUA BACIA LEITEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 18 de fevereiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.063 ...

ALAGOAS E SUA BACIA LEITEIRA

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ALAGOAS E SUA BACIA LEITEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.063

BATALHA-AL. (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES/ARQUIVO).
       Famosa na Brasil inteiro, a Bacia Leiteira de Alagoas, localizada no Médio Sertão, ainda precisa ser melhor estudada. Uma bacia leiteira é uma zona de abastecimento do leite que abrange várias fazendas de criar. A Bacia Leiteira de Alagoas abarca uma área de 2.782,90 km2 e é composta por onze municípios, sendo eles: Cacimbinhas, Major Isidoro, Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Palestina e Pão de Açúcar. O núcleo da bacia é considerado o trio: Jacaré dos Homens, Batalha e Major Isidoro. Dois municípios fazem parte do rio São Francisco como Pão de Açúcar e Belo Monte. Já Minador do Negrão fica nos limites Sertão/Agreste. A população da bacia gira em torno de 125.000 habitantes entre as áreas rural e urbana.
       Com o chamado Polo Leiteiro de Alagoas, ampliam-se esses municípios com Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Igaci, Olivença, Palmeira dos Índios, Santana do Ipanema e São José da Tapera.
       A Bacia Leiteira é cortada por pelos rios Ipanema, Traipu, Jacaré e Farias. Famosa ainda a região pelos seus produtos derivados do leite: iogurte, queijos, achocolatados, manteiga, leite em pó e outros agregados ao agronegócio.
       Partindo-se do Alto Sertão para Arapiraca, polo do Agreste, corta-se a Bacia Leiteira, oportunidade para conhecer de perto vários aspectos da região. Não existe, porém, um sistema turístico, de modo que a curiosidade individual prevalece. Uma programação estudada para a Bacia Leiteira cobre todas as suas expectativas, dependendo do que se procura: negócios, cultura, gastronomia, história e cangaço, por exemplo.
       Atualmente a Bacia Leiteira conta com dois times de futebol na primeira divisão do campeonato alagoano. Um em Pão de Açúcar e outro em Olho d’Água das Flores.
       Você poderá ampliar os conhecimentos, incluindo também a área do Polo Leiteiro em suas viagens pelos sertões das Alagoas. Mas, com já foi dito, não existe guia profissional. Siga a propaganda: Descubra tudo sozinho.

CU DOCE Clerisvaldo B. Chagas15 de fevereiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.062 PRÉDIO E SOBRADO DO...

CU DOCE



CU DOCE
Clerisvaldo B. Chagas15 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.062

PRÉDIO E SOBRADO DO MEIO DA RUA. (FOTO: LIVRO 230).
     Alcancei o salão de sinucas de Zé Galego, depois demolido, no “Prédio do Meio da Rua”, numa esquina, vizinho a Nézio Barbeiro. Estudava ainda Admissão e, Nézio foi o primeiro barbeiro que conheci. Zé Galego era ex-jogador do Ipanema e bastante popular. Com o fechamento do maior armazém de secos e molhados de Santana, no meio do prédio citado, o salão de sinucas mudou de lugar, só não lembro se o dono ainda continuava o mesmo. Do outro lado da rua estreita ficava a “Casa Ideal”, sapataria do senhor Marinheiro Amaral. Comecei a frequentar o salão como curioso e depois com aprendiz amador.
     Como todos os segmentos sociais têm suas gírias ou ditados, também encontrei esses jargões, provérbios, ditos, no mundo da sinuca. Lembro-me de alguns: Cu doce (para os adversários sortudos); jumento que carrega açúcar, até o cu é doce (ditado para as sucessivas vitórias do oponente); quem quer muito traz de casa (expressão a quem preferia a jogada mais difícil e valiosa e perdia, ao invés de fazer a mais simples e menos vantajosa); não existe Deus do Bom Começo (dito usado quando o adversário iniciava ganhando).
     Os maiores embates nos salões de sinucas de Santana do Ipanema eram entre Dézio e Neco. Dézio, ex-jogador do Ipanema, era especialista em aplicar sinucas. Neco, em encestar. Todos paravam para assistir duelos entre ambos. Espetáculos impagáveis. Mas havia outros jogadores profissionais como o Idelsuíto, Branda, Zé Matuto e Valdo. Quando peguei gosto quis sair do amadorismo, pois já estava viciado no melhor jogo que encontrei na vida. Foi aí que me lembrei dos conselhos de Seu Manezinho (meu pai) sobre vícios. Abandonei completamente os salões para não virar malandro de jogo.
     Tempos depois, gestão de Ulisses Silva, a prefeitura demoliu o “Prédio do meio da rua” e o “Sobrado do meio da rua”, construídos no tempo de vila, com vários compartimentos para comércio. Era o shopping da época. Ainda hoje Santana do Ipanema possui esta modalidade de jogo no bairro Camoxinga. Mas eu, pelos menos, nunca mais entrei em salão de sinucas, nem para jogar, nem para saber quem é o jogador cu doce com hífen ou sem hífen.




PADRE BULHÕES E A IGREJA Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.061 MAT...

PADRE BULHÕES E A IGREJA

PADRE BULHÕES E A IGREJA
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.061
MATRIZ DE SENHORA SANTANA E BUSTO DE BULHÕES. (FOTO: B. CHAGAS).
       Em 1787 foi construída uma capela em Santana do Ipanema pelo padre visitante Francisco Correia. No ano de 1900, a capela recebeu reforma através do pároco da época, Capitulino, natural do município ribeirinho de Piaçabuçu. Somente depois, final da década de 40, foi realizada reforma definitiva através do Cônego Bulhões. Sua arquitetura foi baseada na capela original do padre Francisco, ganhando torre, campanário, coro e relógio, baseada em 35 metros de altura. Francisco Correia era natural de Penedo e chegou a conselheiro do estado. Bulhões nascera no povoado Entremontes, município de Piranhas. E Capitulino, além de pároco e intendente de Santana, exerceu ainda o cargo de governador por algum tempo. Foi ele quem elevou Santana à cidade no cargo interino de governador.
       Bulhões já estava bem doente e precisou da ajuda do padre Medeiros, de Poço das Trincheiras, para concluir a obra. O cônego Bulhões passou cerca de 30 anos mandando em Santana através do seu prestígio. Com a chegada do batalhão em Santana, para combater os cangaceiros, o cônego dividiu esse prestígio com o, então, major Lucena Maranhão, comandante militar, em 1936 (daí o livro: O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema). A igreja de Santana passou a ser a grande atração física de toda a região sertaneja. O seu conjunto de sinos era ouvido a quilômetros e seu relógio repetido nas quatro faces da torre, marcava a hora oficial do Comércio.
O cônego Bulhões deixou assim a sua bela história para ser escrita, mas ninguém se interessou pelo tema. Apenas fiapos surgem vez em quando. Além da sua história, ficou imortalizado pelo grande monumento elaborado no centro da cidade. Ganhou o nome “Ponte Cônego Bulhões”, no liame Centro/Bairro Camoxinga (onde morou) e um busto de bronze na Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha, defronte à Matriz de Senhora Santa Ana que por muitos anos dirigiu.
       A Matriz continua sendo o cartão postal de Santana do Ipanema e do interior. Tá falado.