PALAVRAS E EXPRESSÕES SERTANEJAS Clerisvaldo B. Chagas, 29 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.100 ...

PALAVRAS E EXPRESSÕES SERTANEJAS


PALAVRAS E EXPRESSÕES SERTANEJAS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.100

MATA-BURRO. (FOTO: DIVULGAÇÃO).
Esclarecendo palavras sertanejas nordestinas: aió, mata-burro e peia.
Aió. Artefato entrançado de fibra de caroá. Servia como bizaco de caçador, uso a tiracolo e alimentador de cavalos. Colocava-se milho no aió que era pendurado à cabeça do equino como ração extra para viagens. O homem que usava aió, não sendo caçador, era desprezado nos tempos dos coronéis, chamado “cabra de aió”; aquele que não vale nada, sujeito reles, ordinário, sem confiança.
Mata-Burro. Lastro de ferro vazado que se coloca sobre valeta para impedir a passagem de muares e outros animais de porte. Ainda é usado em entrada de fazendas, desvios de estradas para desencorajar a fuga ou entrada de gado por ali. Caso o animal insista poderá prender ou quebrar a pata. Esse lastro também pode ser de madeira, concreto e mesmo de aço (uso mais recente) muito mais forte e durável.  O mata-burro era muito usado na zona da Mata nos tempos dos almocreves ou tropeiros.
Existe um povoado em Alagoas, próximo a Palmeira dos Índios, que herdou o nome Mata-Burro. O povoado Mata-Burro é cortado pela BR-316.
Peia. A princípio é um objeto, relativamente curto, formado de corda volteada. É usado para ligar uma pata dianteira a uma pata traseira de cavalgaduras. Isso faz com que o animal solto não se distancie muito ao ser procurado pelo dono.
 Como segundo significado é o pênis dos animais, também extensivo ao do homem na linguagem chula.
  O pênis do touro, arrancado e limpo, colocado a secar, fica só o nervo. É chamado peia ou bimba-de-boi, muito usado pela polícia para bater nos presos. Os escravos também apanhavam de bimba-de-boi. Atribui-se a este tipo de surra, como dor intensa o que levava suas vítimas a urinarem durante a surra.
No sertão ainda se chama o homem sem caráter de “cabra de peia”, isto é, merecedor de uma surra de peia ou bimba-de-boi.
É ainda viva a expressão, “entrar na peia” em referência a surrar alguém ou, no caso referente à mulher, aguardar ato sexual. “Fulana vai entrar na peia” (chulo).
Ê SERTÃO VELHO SEM PORTEIRA!...






HISTORIANDO NA FILA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.099 RUÍNAS DA I...

HISTORIANDO NA FILA


HISTORIANDO NA FILA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.099

RUÍNAS DA IGREJA DE SÃO JOÃO EM 1994. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
E enquanto se aguarda na fila o dever com a saúde, entra-se também na conversa alheia. A mulher da frente diz que a sogra não quer vacina contra a Influenza. Repassamos os inúmeros conselhos para se proteger da gripe que matou milhões de pessoas desde a I Guerra Mundial. E nas palavras vamos até a igrejinha de São João no subúrbio Bebedouro/Maniçoba, em Santana do Ipanema. Erguida em 1917, juntamente como motivo de promessa ao santo, contra essa mesma gripe de hoje. Foi o senhor João Lourenço, morador local e grande promotor de festas no lugar, o responsável pela igreja. Trabalhava ele no artesanato em couro de bode produzindo chapéus juntamente com a família.
Devido as constantes notícias de mortes em massa, pelo mundo, procissões eram realizadas com velas acesas da igrejinha de São João até o centro da cidade.  A igreja do Bairro São Pedro – localidade mais próxima ao Bebedouro/Maniçoba – ainda não existia porque apenas fora iniciada em 1915 e somente concluída na década de 30. A igreja de São João foi profanada, mais ou menos na era 1960. Os santos foram retirados e o templo foi acabado ao abandono.  Minhas fotos mostram os seus estertores. O senhor João Lourenço, já idoso, veio a falecer devido às consequências de uma mordida de cobra jiboia, conduzida por um soldado do Coronel Lucena. O praça, além da bebida, havia surtado e percorria a feira com a jiboia retirada do quintal de Lucena que criava animais presenteados. O praça, ao passar por Lourenço, jogou a cobra estressada nas suas partes íntimas.
Não sei se consegui sensibilizar a senhora da fila para tentar convencer a sogra pela opção da vacina Mas, de qualquer maneira contei a narrativa, episódio da cidade e exclusiva do nosso livro: “O boi, a bota e batina; história completa de Santana do Ipanema”.
Fila também é lugar de “casos” e me faz lembrar o compositor que fala sobre o canário-do-reino, lembra-se?
Fui.






LAJEIRO GRANDE Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Ala goano Crônica: 2.098   LAJEIRO GRANDE...

LAJEIRO GRANDE


LAJEIRO GRANDE
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.098
 
LAJEIRO GRANDE. (FOTO: B. CHAGAS).
Guardando as devidas proporções, o Bairro Lajeiro Grande, em Santana do Ipanema, é um Jacintinho na sua periferia. E como todos os bairros daquela cidade, tem sua história contada minuciosamente no livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”. No decorrer da sua expansão, novos nomes surgiram nas parcelas, saídos da boca popular: Rua das Pedrinhas, Quilombo, Lajeiro do Padre Cícero, dona Agentina... E assim por diante. O lugar é o mais elevado da urbe fazendo parte da chamada cidade alta, de Santana. Além do bonito lajeado que lhe empresta o nome, muitos matacões foram anexados aos quintais. Tem semelhança com os bairros Bebedouro/Maniçoba, ao longo do rio Ipanema, repleto de lajeiros e jardins.
E tudo começou quando resolveram construir ali um cemitério porque o local era muito afastado do centro. Ora, foi o próprio cemitério que formou o bairro, puxando o casario da parte baixa para a sua vizinhança. Reforçaram o povoamento na área, a construção do Estádio Arnon de Mello e uma igrejinha no topo do lajeiro enorme como motivo de promessa ao padre Cícero Romão  Batista. A construção da COHAB defronte ao cemitério – chamada depois de COHAB NOVA – foi decisiva para a grande expansão que não para mais. A construção de um segundo cemitério em um sítio distante, o Barroso, parece surtir o mesmo efeito do primeiro. A periferia puxa o casario em direção daquele sítio que é plano e repleto de chácaras.
Loteamentos foram feitos em torno do Lajeiro Grande e uma parte desceu até perto do Complexo Educacional, parte baixa do Bairro Camoxinga. Por enquanto, o Bairro Lajeiro Grande – desmembrado do Camoxinga – também está sendo reconhecido pelo povo com diversas denominações. Um comércio florescente ganha corpo a cada dia, ao lado e por trás da CONHAB NOVA, emendando com o comércio da Camoxinga baixa que sobe pela Rua Santa Sofia. Dificilmente um visitante vai ao Bairro Lajeiro Grande, concentrando-se apenas no centro da cidade.  O pesquisador vai e informa, porque os encantos das pesquisas estão na periferia.
Quer saber mais? Indague.

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