SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O OURO DO INFERNO Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.310 Não estarei...
O OURO
DO INFERNO
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.310
Não
estarei falando do ouro relativo ao meu mais novo romance inédito, AS TRÊS
FILHAS DO CORONEL, mas sim, uma lenda ou quase lenda vinda da boca dos mais
velhos. Foi em mais uma visita à casa de Seu Manoel Daniel, 84 anos, a mesma
fonte do documentário já publicado: SANTANA: REINO DO COURO E DA SOLA. Conta o
nosso bom amigo que três camaradas iam de Santana ao povoado São Félix e que na
estrada principal havia ou ainda há, uma baraúna de tronco robusto no lugar
chamado antigamente de Fazenda de Abílio Pereira. Fica antes da grande ladeira
que passa aos pés da serra da Camonga, rumo ao povoado. (conheço a baraúna,
conheço a serra, conheço a estrada). Ao passarem pela baraúna os três camaradas
ouviram alguém indagando se queriam acompanhá-lo para mostrar-lhes algo.
Subiram
a ladeira até o pé da serra e a visagem indicou um bocado de ouro enterrado,
dizendo: “esse aqui é o inferno e desapareceu”. Os três camaradas, então,
combinaram que um deles voltaria a cidade, para pegar um saco e transportarem a
mercadoria. Inclusive, um deles estava bebaço. Os dois que ficaram combinaram
matar o comparsa quando este chegasse com o saco. Ficaria assim o ouro só para
os dois. Por sua vez o homem que
retornara à cidade, pensava também em eliminar os dois e ficar sozinho com o
ouro. E o resultado é que os três se mataram entre eles, a ambição e o inferno.
Aqui termina a história, porém, tem várias outras acontecidas no trecho da
serra da Camonga.
A
serra é famosa e ali habitava família poderosa dos Gonzaga em que um dos
membros foi mandatário em Santana por quase duas décadas. Já resgatei em
crônicas, história de um dos Gonzaga em raptar uma mulher, na Bahia e ser
perseguido por cabroeira e passando pelo rio São Francisco cheio, com a amada e
o cavalo nadando de um lado a outro. Fora as lendas da serra e as histórias
verdadeiras, tem narrativas de assombrações. Hoje a serra da Camonga é ponto
turístico e serve para praticantes de escaladas. Lá de cima oferece um cenário
muito bonito das suas imediações. Mas apesar de tudo, nunca subi até o lombo da
serra e nem à sua cabeça lendária. Quer mais histórias como esta?
SERRA
DA CAMONGA (FOTO: B. CHAGAS).
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CHEGOU O PRETINHO Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.309 A nossa rua...
CHEGOU O PRETINHO
Clerisvaldo B.
Chagas, 11 de novembro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.309
A nossa rua, no Bairro São José, foi calçada
com paralelepípedos na gestão municipal Paulo Ferreira. Não se pode negar os
inúmeros benefícios de uma rua que sai da poeira para o calçamento, inclusive,
a sua valorização. A princípio, foi formado o Conjunto São João com dezoito
casas, dividido em duas ruas, uma com um lado sé, outra com os dois lados.
Aluta pelo abastecimento d’água, ainda precário, foi melhorado graças a
mobilização particular dos seus moradores, que financiaram uma puxada de
encanação do terminal da Rua Manoel Medeiros. Até o presente momento, há mais
de trinta anos, a rua ainda é “boa de água” como diz o povo.
E hoje acordamos com um barulho intenso de
máquinas no conjunto ganhando asfalto. Agora mesmo, enquanto vestimos essa
crônica, os ruídos irritantes do maquinário trazem o eco da rua do Posto de
Saúde que também está sendo contemplada, mas não deixamos que perturbem esse
trabalho. Embora a nossa rua seja
pequena e vertical ao Posto de Saúde e a do Posto de Saúde não tenha
nada relevante, além da própria repartição pública, enorme fatia do Bairro São
José se entrelaçam facilitando o acesso às principais para a mobilização urbana
como a Avenida Castelo Branco e a BR-316 que corta grande fatia do Bairro da
zona Oeste, São José, também saída para o Alto Sertão.
Estamos até fazendo brincadeiras, dizendo que “vamos
cobrar pedágio”. Ora! Asfalto hoje é uma coisa tão comum, pode dizer alguém. E
de fato é comum mesmo e rotina de muitos, há muito. Mas, meu amigo, minha
amiga, para quem estar desprovido do conforto moderno, grande diferença faz. A
valorização da rua foi há mais de 30 anos, portanto, quase uma vida completa,
mas só agora tivemos outro benefício de peso. É ou não é motivo de alegria e
comemoração! Sabemos sim, que o asfalto
da cidade contribui para o aumento do calor e das infiltrações das chuvas
adequadamente nos terrenos revestidos, mas tudo faz parte da vida evolutiva. Se
somos prejudicados em uma coisa, procuraremos compensar em outras, como já
assistimos em soluções de urbanistas.
Esta primeira noite de asfalto na minha rua,
não irá de maneira nenhuma me dá insônia.
Fica registrado o benefício neste mês de
novembro, dia 11. Pronto, Fonte de pesquisa para o futuro.
ASFALTO CHEGANDO (FOTO: B. CHAGAS).
VAQUEJADA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica; 3.308 Pois é, já estamos ...
VAQUEJADA
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de novembro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 3.308
Pois é, já estamos na segunda semana do mês de
novembro e mesmo após um inverno prolongado, o verãozão como se diz por aqui,
não está de brincadeira. A vegetação já vai ficando crestada e nessa situação
podemos esperar uma trovoada boa como a primeira do ano. É que esse mês que é o
mês dos ventos, abre o período de chuvas com raios e trovões e essas possíveis
trovoadas, escolhem o mês do agrado: novembro, dezembro, janeiro ou mesmo
fevereiro. E quando acontece o fenômeno climático, geralmente é uma vez só entre
os meses citados acima. O tempo é muito aguardado para os que gostam de uma boa
vaquejada, porque o mato fica ideal para o esporte de cabra macho. Prêmios,
apostas, coragem e habilidades abalam o Sertão Velho de meu Deus.
O céu é sempre belíssimo com este azul claro e
pequeníssimas gazes de nuvens, parecendo céu de praia. Imaginemos a felicidade
na zona rural sertaneja dos que habitam as margens do Canal do Sertão, nesse
período. O carro-pipa tradicional deixou de circular em inúmeras comunidades
que abraçam o Canal. Fartura, fartura, fartura na terra. Parceria da
boa-vontade entre Deus e os homens. E a tela sertaneja muda constantemente de
cores, mas o paraíso continua no inverno, no verão, na primavera. Aproxima-se
rapidamente o final do ano e os vegetais filhos da quentura enfeitam-se das
mais belas flores e oferecem no meio do cinza queimado, o colorido que inspira pintores,
poetas, escritores e aves que voam no divino espaço ruralista.
As paisagens vão mudando mais continuam belas
com as estradas recentes, que vão se especializando no quadro surrealista do
cenário sertanejo. Barreiros, açudes, montanhas, currais, rios temporários na
face dupla de asfalto e terra. E os olhados constantes para os céus, desviados
do horizonte multicor, parecem implorar mais cenário, mais paisagens, mais
fôlegos, mais inspiração para os apreciadores da rotina, do inesperado, do
inédito, dos deslumbrantes que ornam a vida de quem aprendeu a viver. Entrevejo
o Natal por trás de facheiros, mandacarus, favelas e alastrados.
Sertão suspira fim de ano.
Sertão suspira dever cumprido.
Sertão aguarda aniversário de escritor.
SERTÃO.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.