PAUTAS NEGATIVAS
(Clerisvaldo B. Chagas, 24 de agosto de 2010)
Os duelos políticos deveriam acontecer apenas nos dias que antecedem as eleições. Não temos certeza de que o prolongamento desses embates acontece em todos os municípios brasileiros. Mas no Nordeste, principalmente no interior, desprezo e investidas contra administrações se avolumam. Essa estranheza que se torna bastante particular, vai prejudicando em volume incalculável a população local. As obras construídas com a escassa verba pública, vão sendo abandonadas ao sabor do esquecimento, da manutenção e dos malfazejos, propositadamente. Assim os novos gestores públicos encontram uma forma mesquinha, anticívica, egoísta e criminosa de vingança aos que lhes fazem oposição. Isso custa caro ao País e ao povo do Município. Os próprios pesquisadores sentem dificuldades nos seus trabalhos de esclarecimentos à posteridade. Como pesquisar em logradouros sem placas, em repartições sem fachadas, em monumentos mudos? Carência de tintas, sumiço de documentos, fontes de pesquisas mascaradas, vão se avolumando nos bastidores da história. Não podemos afirmar que esses atos insanos sejam exclusividade contemporânea.
No governo de André Ferreira da Silva, 1919-21, sexto intendente da vila de Sant’Ana do Ipanema, foi homenageado o imperador D. Pedro I. Na primeira praça que se tem notícia da história da urbe, é construído um obelisco e ali colocado o busto do imperador. A pracinha ficava no centro comercial, hoje denominado praça e Largo Senador Enéas Araújo. Já no final do seu governo, a intenção de André Ferreira era festejar e marcar os cem anos da Independência do Brasil. O obelisco e o busto foram inaugurados no ano seguinte, já no governo do sétimo intendente, capitão Manoel dos Santos Leite, quando Santana iniciava o período de cidade. No dia 7 de setembro de 1922, foi descerrada uma placa de mármore doada pelo povo. As duas bandas da cidade animavam o evento, a Filarmônica Santa Cecília (Carapeba) fundada em 1908 e a Filarmônica Santanense (Aratanha) fundada no início de 1922 exclusivamente para esse ato importante. A partir daí, a pracinha foi batizada com o nome de Praça do Centenário. Em torno de vinte anos depois, na gestão de Adauto Barros, 1942-45, o obelisco foi demolido violentamente e pouca gente sabe aonde foi parar o busto do imperador e a placa de mármore do povo. Ódio, ignorância, egoísmo, truculência e falta de respeito ao Município e ao Brasil, continuam desfilando no interior do Nordeste como nos velhos tempos das botas dos coronéis. Quando não queimam a triste energia negativa por cima, devastam por baixo a própria dignidade de quem já não encontra o que oferecer à sociedade em que vive. Se um mil não enxergam, tem sempre dois olhos que acusam as manobras asquerosas dos filhos da PAUTA NEGATIVA.
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