BERRAR EM PAZ
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de agosto de 2011
Depois de tanto atraso e miséria, o crescimento econômico do Nordeste tem atraído importantes indústrias para a região. Um exemplo muito bom é a montadora de veículos, como a instalada em Camaçari, na Bahia. Quando uma grande indústria instala-se em uma região, a tendência é nunca ficar isolada naquele território. Outros investimentos são atraídos pela primeira iniciativa, começando um círculo virtuoso que vai mudando a olhos vistos, o padrão de vida regional. Impulsionada a economia, amplia-se o nível de emprego, melhorando as condições de muitos trabalhadores.
Olhando de perto o mapa nordestino, temos uma área de 1,5 milhões de quilômetros quadrados. Isso equivale a mais ou menos a França, Alemanha, Grã-Bretanha e Itália reunidas. A população deve ficar em torno de 50 milhões de habitantes. Há pouco mais de dez anos, fabricávamos apenas produtos tradicionais em pequena escala. Está certo que o Nordeste sofreu muito, mas já é possível vislumbrar um progresso crescente, muitas vezes até acelerado como se fosse uma mentira bem contada. Esse progresso não vem homogêneo nos estados, mas o preenchimento da onda que não para, termina acontecendo em toda extensão nordestina, até por que os ramos da economia vão se completando em todos os territórios. Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba, conquistam benefícios industriais para a periferia de suas cidades polos. Já houve até um estancamento da sangria migratória para o Sudeste, graças a esses novos motivos. São os fixadores dos jovens a própria terra através das oportunidades para quem estuda e quer trabalhar.
Já produzimos autopeças, componentes químicos, softwares, roupas de grifes e calçados esportivos. Se formos olhar também para outros estados como Sergipe, Alagoas e Piauí veremos distritos industriais em pontos estratégicos. Muitas indústrias não olham somente para o Sul/ Sudeste, mais perto do MERCOSUL de fato, apostam também nas distâncias menores do Nordeste para a África, Estados Unidos e Europa na vez de exportar para esses destinos. Estamos despontando como segundo maior polo brasileiro na fabricação de têxteis e confecções e ainda o segundo produtor de calçados. Não vendemos apenas buchadas de carneiros e chocalhos, como antigamente. Chegou a hora da lapada com chapéu de couro em cara de onça. Agora sim, dos coqueirais aos mandacarus, das jangadas aos cavalos pés-duros, das marés perigosas aos serrotes do Sertão, correu a liberdade, finalmente chega à ordem triunfante: O nosso bode pai de chiqueiro já pode BERRAR EM PAZ.
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