FUBA
OU FUBÁ
Clerisvaldo
B. Chagas, 6/7 de abril de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.685
A
Feirinha Camponesa realizada às sextas, defronte à Secretaria de Agricultura,
em Santana do Ipanema, costuma fazer surpresas com produtos extintos da nossa
culinária. Surpresas agradáveis como banha de porco, mungunzá, castanha assada,
ovos de galinha de capoeira... E mais. Lembram-nos a fuba e o fubá. Aqui em
nosso Sertão, fuba é a massa triturada do milho para se fazer cuscuz. Fubá (com
acento) é o milho triturado ou pilado fininho para se comer puro, com açúcar ou
com leite. Este desapareceu e só resta o fubá da indústria e que para nós é
fuba. Mas onde se encontra o fubá? Foi extinto e, seu nome traz uma saudade
danada do cuidado de não se engasgar ao comê-lo puro.
Todo
mundo no Sertão sabe distinguir a fuba do fubá. E se a indústria quer saber
mais do que o sertanejo sobre os produtos seculares da nossa gastronomia,
continue mandando seu fubá para cuscuz. Ninguém vai brigar por uma pronúncia, mas
mande produto bem e barato.
Veja o
texto abaixo extraído do nosso livro parceria, Negros em Santana, publicado em
2012, pag. 34
Uma
panela de alumínio vertical e comprida, pelas ruas de Santana do Ipanema, vai
remando no alto de dois metros do negro
Fubica. A meninada já sabe. O brilho do metal anuncia um produto não
inflacionado que resiste ao tempo. As crianças, os velhos, os adultos esticam
as bochechas com apenas cinquenta centavos de fubá. O jovem preto, fino e
atlético, é calado e paciente. Serve a sua eterna clientela o “pão” de cada
dia. É o fubá trabalhado com capricho que sai limpo, cheiroso e fininho para a
alegria dos citadinos. Pode ser comido puro, com açúcar ou com leite. Esse é um
quadro das últimas décadas do Século XX. O negro Fubica vem de longe. Lá do
povoado Jorge ou melhor, da antiga Tapera do Jorge. Nada existe de especial no
quadro urbano apresentado. (...) uma cena do Brasil antigo na tela de um pintor
francês. É Santana do Ipanema terminando o milênio com a presença negra e
simpática dos seus alforjes históricos.
Você
conheceu o Fubá sertanejo?
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