CASO
PAÇOCA
Clerisvaldo
B. Chagas, 28 de fevereiro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.845
Continuando
a palestra de ontem, vamos falar da paçoca que foi atrelada à matéria
apresentada. No geral, podemos dizer que a paçoca de hoje, comprada em
mercadinhos, é uma pasta básica de amendoim com farinha de milho, apresentada
em tablete tipo cocada. Pode ser uma pasta de amendoim moído ou de amendoim
inteiro grudado à massa. Isso já era costume do fabrico da paçoca caseira de
outras regiões, não da nossa, e que passou a ser industrializado. Assim leva um
susto danado, o sertanejo diante da
surpresa diferente da roça e também com nome análogo. Pois, ainda lembrando as
explicações do mais velhos, vamos novamente registrar essa curiosidade que na
época seria uma verdadeira delícia no Sertão das Alagoas.
A
paçoca – cuidado para não transformar o nome num palavrão – era feita com carne
de sol, farinha de mandioca e queijo, tudo misturado e batido num pilão de pau,
daqueles brutos feitos com madeira de lei e com, aproximadamente, 70
centímetros de altura. A batida se dava com a chamada mão de pilão, e que fazia
parte do conjunto do artefato. Essa comida delícia era mais usada nas longas
viagens a pé ou a cavalo que era o transporte da época. Quanto ao pilão era de
uso obrigatório na zona rural e com ele se fazia quase tudo, pilava café, arroz
com casca, milho e tudo mais que viesse à cabeça. O difícil era fazer o pilão
apenas com as ferramentas do período pelo artífice roceiro habilidoso. Já ouviu
falar em mulher da cintura de pilão? É coisa da época.
Assim
já vimos muitas iguarias nossas aproveitadas e transformadas pela indústria.
Bem assim são os brinquedos de pau, de mola e de pano que comprávamos nas
feiras e nos satisfaziam. As fábricas copiaram tudo e tivemos os brinquedos de
volta com novas roupagens. Quanto ao pilão de madeira bruta, também foi copiado
para miniaturas utilizadas nas cozinhas e nos enfeites de qualquer apartamento;
utilitário para pilar tempero. E mesmo assim, o tempero já vem pronto para o
uso. É por isso que existem os museus que retratam o presente para netos e
bisnetos do futuro.
Desculpe
o jeito de provocar água na boca, mas lembrar o saboroso café de pilão ou café
de caco, é coisa inevitável.
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