domingo, 26 de fevereiro de 2023

 

PROVANDO REQUEIJÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de fevereiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.842

 

O mundo está sempre evoluindo em todas as áreas de atuações que conhecemos. É inevitável, porém, as comparações. E entre as comparações do antigo e do presente, têm as melhoras e as pioras, tudo exposto à mesa e ao gosto do freguês. Todos agem para a criação de coisas mais práticas e capazes de abastecer o planeta. Deixando de lado todos os complexos das tecnologias, vejamos algo simples com inspiração no campo e na sabedoria da vovó. Trata-se do famoso requeijão, uma iguaria original sertaneja, modificada por invenção mais recente. Existe no campo o queijo normal como o conhecemos, tal o queijo de coalho e o de manteiga ou de fogo. È que o queijo de coalho não vai ao fogo e até recomendado para a saúde como queijo branco.

Segundo os mais velhos, o requeijão era uma espécie de queijo de manteiga ou de fogo, geralmente feito para ocasiões especiais e de durabilidade. Não era raro encontrá-lo nas bancas de feiras das cidades sertanejas de Alagoas. Os nossos antepassados   desenvolveram um método no fabrico do produto em que o miolo continuava normal como o conhecemos, todavia o seu envoltório ou sua casca era robusta, muito grossa mesmo. Era bastante utilizado para as grandes viagens em que o nordestino passava 15 dias em viagem a São Paulo, rodando em caminhão pau-de-arara. Também utilizado nas viagens de romarias ao Juazeiro do Norte para visitas ao padre Cícero Romão Batista. Quinze dias a pé cortando caminhos de pedras e areia. Nos malotes, a paçoca e o requeijão de companhia.

E sobre a paçoca, também era diferente dessas coisas que vendem em mercadinhos com nome usurpado. Graças a um senhor, falecido recentemente, segundo a mídia, foi inventado o requeijão pastoso e que atualmente é vendido em potinhos nas redes varejistas. É prático sim, tira com uma faca e se passa no pão seco. É bonito? É. Mas não tem gosto de nada. Mesmo assim, dizem alguns especialistas que é o melhor para a saúde entre a manteiga e a margarina. Não sabemos informar, entretanto, se o requeijão à moda da vovó ainda é fabricado e vendido em nossos sertões.  De qualquer modo, fica o aqui o registro de uma tradição nordestina que talvez já tenho morrido. Sobre a paçoca falaremos depois, como filha da mesma fonte do falado requeijão.

 

 


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