PROVANDO REQUEIJÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de fevereiro de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.842
O
mundo está sempre evoluindo em todas as áreas de atuações que conhecemos. É
inevitável, porém, as comparações. E entre as comparações do antigo e do
presente, têm as melhoras e as pioras, tudo exposto à mesa e ao gosto do
freguês. Todos agem para a criação de coisas mais práticas e capazes de
abastecer o planeta. Deixando de lado todos os complexos das tecnologias,
vejamos algo simples com inspiração no campo e na sabedoria da vovó. Trata-se
do famoso requeijão, uma iguaria original sertaneja, modificada por invenção
mais recente. Existe no campo o queijo normal como o conhecemos, tal o queijo
de coalho e o de manteiga ou de fogo. È que o queijo de coalho não vai ao fogo
e até recomendado para a saúde como queijo branco.
Segundo
os mais velhos, o requeijão era uma espécie de queijo de manteiga ou de fogo,
geralmente feito para ocasiões especiais e de durabilidade. Não era raro
encontrá-lo nas bancas de feiras das cidades sertanejas de Alagoas. Os nossos
antepassados desenvolveram um método no
fabrico do produto em que o miolo continuava normal como o conhecemos, todavia
o seu envoltório ou sua casca era robusta, muito grossa mesmo. Era bastante
utilizado para as grandes viagens em que o nordestino passava 15 dias em viagem
a São Paulo, rodando em caminhão pau-de-arara. Também utilizado nas viagens de
romarias ao Juazeiro do Norte para visitas ao padre Cícero Romão Batista.
Quinze dias a pé cortando caminhos de pedras e areia. Nos malotes, a paçoca e o
requeijão de companhia.
E
sobre a paçoca, também era diferente dessas coisas que vendem em mercadinhos
com nome usurpado. Graças a um senhor, falecido recentemente, segundo a mídia,
foi inventado o requeijão pastoso e que atualmente é vendido em potinhos nas
redes varejistas. É prático sim, tira com uma faca e se passa no pão seco. É
bonito? É. Mas não tem gosto de nada. Mesmo assim, dizem alguns especialistas
que é o melhor para a saúde entre a manteiga e a margarina. Não sabemos
informar, entretanto, se o requeijão à moda da vovó ainda é fabricado e vendido
em nossos sertões. De qualquer modo,
fica o aqui o registro de uma tradição nordestina que talvez já tenho morrido.
Sobre a paçoca falaremos depois, como filha da mesma fonte do falado requeijão.
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