A
TARDE É QUENTE
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de
2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3030
Os trovões passaram hoje à tardinha por
Santana do Ipanema. Negócio invocado. Às
três e meia eu havia tirado uma foto do céu muito bonito: fundo azul e mancha
branca soberba, completando o desenho Divino. Acabara de sair do Posto de Saúde
São José, onde fora tomar vacina contra a Influenza. Mas ao chegar a casa, o
céu transmudou-se para desmentir a foto (abaixo). Formaram-se, então, nuvens de
chuvas escuras, mas não tão escuras assim. E eu, naquele velho costume
sertanejo de interpretar os céus: afirmei que ela não viria para a cidade e, se
viesse seria para trazer apenas um sereno. Sim, o tempo escureceu, o calor se
acentuou, o vento foi modesto e os trovões ensaiaram seus arroubos. Desliguei
tomadas, fiquei sem Internet, mas não passou disse, como eu previra.
Um sereno mesmo, apenas. A água foi despejar em lugar mais distante,
enquanto os trovões ameaçavam como quem dizia: “Não foi agora, mas logo
voltaremos”. E cadê a Internet querer retornar! Melhor mexer nos meus romances
inéditos do “Ciclo do Cangaço” e deixá-los no ponto de publicação quando chegar
a hora. E novamente fui consultar o calendário que nos mostra ainda no início
do outono. E de fato, pode começar o período chuvoso tradicional que para nós é
de outono/inverno. Assim a fotografia de estio não saiu por mentirosa. E agora,
minhas amigas e amigos, vamos vivendo
esses tempos esquisitos que começaram com a epidemia e não mais ousam retornar
ao que era. E para que aguardar a gripe que já matou milhões por esse mundo
velho de meu Deus!
Mostrei a marco do braço da vacina da infância
na época do Grupo Escolar Padre Francisco Correia. A mesmo vacina contra a
gripe espanhola que na época era aplicada com bico de pena de escrever arranhando
a pele, deixando a marca para contarmos a história cerca de setenta anos
depois. Continuamos, desde os tempos do grupo, acreditando na Ciência, na
inteligência humana e usufruindo da evolução científica. Uma vacina de pena de
escrever, de pistola, de agulha... E brevemente não invasiva. Mas a expiação na
terra não terminará tão cedo.
Só resta ver o tempo e acreditar.
ANTES DOS TROVÕES (FOTO: B. CHAGAS).
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