segunda-feira, 31 de março de 2025

 

DESCREVENDO A FOTO

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de abril de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.218

 

Vemos imediatamente, uma foto da primeira metade da década de 1960, de Santana do Ipanema. Historiando a foto para você, mais jovem:

1.   Lado esquerdo, apenas pedaço lateral do “prédio do meio da rua”.

2.   Lado direito, Quase todo “sobrado do meio da rua”.

3.   Aos fundos, esquerda para direita: andar de baixo, Casa Esperança, loja de tecidos de Benedito V. Nepomuceno. Andar de cima: local onde funcionou no auge a biblioteca Pública; Casa Rainha, loja de tecidos de Tibúrcio Soares; Casa Imperial, de Seu Piduca.

4.   Espaço entre os prédios: lugar onde se realizavam parte das feiras dos sábados com farinha e fumo. Lugar dos frevos dos Carnavais às 4 da tarde para o público em geral.

5.    Note o cartaz anunciando jogos no Estádio Arnon de Melo ou filmes no cine-Alvorada, amarrado no poste da esquina do antigo Hotel Central de Maria Sabão.

6.   Veja ainda o solo revestido de pedras brutas.

 

OBS. Todos os estabelecimentos eram comerciais. No primeiro andar do Sobrado do Meio da rua, (um vão só) funcionou, teatro, cinema escola e fórum.

 

QUER SABER MIAS SOBRE A FOTO PERGUNTE.

(FOTO LIVRO 230/ DOMÍNIO PÚBLICO).


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FUTEBOL SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.217

 



A trajetória do futebol santanense, talvez apareça em escritos esporádicos como uma crônica, um artigo, um comentário, porém estar faltando um abnegado, sobrevivente da catástrofe futebolística da cidade para contá-la em livro. O tempo de Ipanema, era um mundo à parte. O tempo de Ipanema e Ipiranga é outro discorrer de riquezas detalhista. A proliferação de outras agremiações ao mesmo tempo com grande potencial, como o São Pedro, o Independente e mais uns três, representam um complemento indispensável à história consistente do esporte em Santana do Ipanema. Épocas em que muitos dos atletas da cidade se tornaram monstros sagrados na região como a série de goleiros do Ipanema: Josa, Zuza, Tina, Torquato, Petrúcio (Lata d’água).

Outros monstros adorados pelo povo: Joãozinho, Lau, Luís de Praça. Ainda podem ser entrevistados, três que restaram: Severiano (hoje Paraná) mecânico, Torquato, aposentado, ambos vivendo no Bairro Camoxinga. Mais Josa. Será que não vai aparecer ninguém, absolutamente, ninguém que viveu dentro desse mundo da bola que registre em livro esses momentos gloriosos do nosso passado? Estamos perdendo definitivamente pedaços da história por falta de registros completos em livros específicos sobre o Padre Bulhões, O DENER e DNOCS e o futebol. Já resgatei OS CANOEIROS DO IPANEMA, A IGREJINHA DAS TOCAIAS, SANTANA, REINO DO COURO E DA SOLA, mas essas acima não são comigo. Será mesmo que ninguém vai se habilitar? Quanto mais o tempo passa mas, desaparece gente, protagonistas da época.

Santana do Ipanema entristeceu muito, com o desaparecimento gradual de todos seus grandes times. E não dar para entender, uma cidade polo do Sertão alagoano sem futebol. A cara dos esportistas é de um sentido velório. Todo mundo sabe do poder infinito de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a única força deste mundo e dos mundos capaz de fazer o futebol voltar à Santana do Ipanema e, com a mesma pujança de antigamente. E assim vamos vivendo de lembranças que no final traz amarguras e revoltas dos que contribuíram para a extinção do melhor lazer que havia.

FOTO RARA DO IPANEMA, 1959 (O BOI, A BOTA E A BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA).

DE PÉ: TIDE, TINA, LULA, LULA PASSARINHO, LAU E GERALDO BELO.

AGACHADOS: SANTOS, GORDINHO, CELEDINO, RENATO E JOÃOZINHO V8.

 

 


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sexta-feira, 28 de março de 2025

 

DEUSES DE MANDACARU

Samuel Fernando – Cineasta

 



Acabei de terminar DEUSES DE MANDACARU.

É um romance completo.

Em alguns momentos encontrei a verdadeira identidade do sertão bravo, sem o estereótipo cansado do sertanejo. Cada personagem bem construído. Apesar do grande número de personagens que pode, às vezes causar confusão para o leitor desatento.

É uma leitura que pega pela emoção e prende a atenção a cada nova página.

Tentei separar durante a leitura arcos para ver como poderia caber uma adaptação. Uma minissérie de 5 capítulos foi o que ficou mais próximo da ideia.

Mas, enfim, no final realmente o tesouro era amaldiçoado, mas Levino e Maria Pilar conseguiram uma riqueza maior. Ticinho arranjou um ganha-pão para deixar o cabo da enxada e ganhou dignidade. João Paulista, o negócio dele era jogo mesmo. E o professor ganhou um cunhado, mas não sei se ainda perdera no fundo a curiosidade (Eita que isso daria continuação).

Gostei muito de como traz o contexto histórico no começo – É muito lindo. E de cara vem a emoção daqueles filmes de faroeste, Invasores X Índios, mas sem a riqueza da história da nossa região. Depois desemboca no elemento cangaço e sua brutalidade que vou contar, é comparativo a Game Off Trones. Não sei se conhece, mas foi uma série de livros que fez muito sucesso de um escritor inglês e virou série na década passada. Destacava-se por ser uma fantasia repleta de violência e sexualidade, mas não me pegou muito por achar tudo gratuito. Melhor comparação mesmo com esse livro é SENHOR DOS ANÉIS, que gosto. Mas aqui em DEUSES DE MANDACARU, acho mais rico e pegou mais por sabe que era da “realidade” mesmo ficcional. É tudo muito real. Nada gratuito. Inclusive a busca pela arca no frenesi final, é algo épico que grandes filmes em que exércitos se encontram. Inclusive os desfechos e plots da história antes de chegar lá e no final.

E lembrou os filmes de Tarantino. Que sou muito fã. É uma crescente de expectativas muito bem construídas que pegou do início ao fim. Ainda no meio do enredo me diverti com a história e personagens com o mesmo sentimento de ler Suassuna.

É um romance completo! Parabéns pelo livro e muito obrigado por ter escrito algo assim. Jamais imaginaria encontrar algo que me identificasse tanto na escrita e na inspiração

 


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quarta-feira, 26 de março de 2025

 

AS ENCOSTAS DO RIO IPANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.216

 



Há quarenta anos, o engenheiro apelidado Cutia e o contador Hamilton Melo, resolveram construir um conjunto residencial numa baixada às margens do rio Ipanema. O empreendimento financiado pela Caixa, constava de 18 casas divididas em duas ruas perpendiculares ao rio. O conjunto residencial recebeu o título oficial de Conjunto São João, mas logo um dos moradores colocou o apelido de Baixada Fluminense e que assim ficou mais conhecido. Escolhi a segunda rua e a casa de número 18, com frente para o Nascente. Lutas e lutas à parte, o lugar que era Bairro Camoxinga, foi desmembrado e hoje faz parte do Bairro São José. Como o terreno é baixo, não temos muito como estirar a vista e apreciar belíssimas paisagens de Santana do Ipanema. A única opção é olharmos para o lugar altos de encostas do outro lado do rio e que flui para o Hospital Regional ou para a serra da Remetedeira.

As encostas se iniciam na parte baixa do Bairro Paulo Ferreira e vai subindo numa ladeira longa, onde quase no topo se encontra o Hospital Regional e continua subindo em direção à serra da Remetedeira. Vista de cima das barreiras, surgem cenários belíssimos. Mas quem está no Conjunto São João, na parte mais baixa, não avista o grande movimento de veículos por cima das barreiras até o hospital e mais. Porém, avistamos uma bela floresta natural nas encostas, em tempo de chuvas. O mato se fecha e o verde toma conta de todo o espaço que vai do rio às primeiras casas lá de cima. Agradecemos à Natureza esse pulmão verde e aos homens que ainda não resolveram desmatar tudo.

Na estiagem, o verde vai embora, essa vegetação fica rala, transparente, mostrando detalhes dos terrenos. Às vezes fica seca, crestada e, serve para medir a intensidade dos estragos pelas zonas rurais. É ali em trecho das encostas que chegam anualmente as garças pantaneiras fazendo seus ninhais e base de caçadas pelos arredores. É dali que incursionam em nossa rua aves como rolinhas, bem-te-vis e anuns, principalmente. Pois assim, se não temos um privilégio, temos outro diferente, mas temos.  No restante, o Conjunto São João parece urbano, parece rural. Na proximidade, escritor, cantor e artista plástico.

Ô beira de Panema!!!

SEGUNDA RUA DO CONJUNTO SÃO JOÃO (FOTO B. CHAGAS).

 

 


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COMÉRCIO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.215

 



Continuando sua vocação para comércio desde os remotos tempos de vila, essa atividade se expande, engolindo rua e ruas tradicionalmente residenciais. Qualquer cidadã, qualquer cidadão pode notar transformações na terra em que nasceu e vive, porém, vejo isso com um olhar da vocação geográfica. Foi assim que aproveitando a procura por um objeto de construção, terminei numa inspeção pela Rua Tertuliano Nepomuceno, a primeira rua dos antigos cabarés de Santana. Rua que se inicia no Beco do Mercado de Carnes e se estende até a Ponte do Colégio Estadual Prof. Mileno Ferreira, passando pelo viaduto do Aterro na BR-316. Aos sábados, esta rua faz parte extensiva da feira livre. A princípio foi afastando os cabarés para os lados do Bairro que se iniciava, Artur Moraes sempre tangendo as casas de prostituição definitivamente para o Aterro.

E essa rua de cabarés, de bares, de boêmios, foi aos poucos cedendo lugar ao pequeno comércio, engolindo as residências e as transformando em barbearia, casas de construção, artigos de couro, mercadinhos, casas de móveis, artesanato, lanches, quitandas e muito mais. Era também no início desta rua onde se compravam chapéus de palha, abanos, esteiras, panelas de barro, porcos e galináceos e que até já foi chamada Rua dos Porcos. Já no Aterro, os cabarés após décadas de apogeu, entraram em decadência, dizem que pelo sistema de namoro avançado da modernidade. Tem também residências normais, casas de comércio e feira complementar como a chamada Feira do Rolo.

Mas, conversando com antigo morador da Rua Benedito Melo, Rua Nova, também tenho a mesma notícia: a antiga rua de residências da classe média e impensável para negócios mais profundos, vai no mesmo processo da Rua Tertuliano Nepomuceno. Casas antigas sendo vendidas e comércio pequeno e médio e até grande, vão apagando a Rua Nova em que você viveu e conheceu. Esses fenômenos sociais urbanos me fizeram classificar -  há cerca de dois anos – três áreas comerciais em Santana do Ipanema   e que

estão se interligando com o Centro através de corredores. Quem vai saindo dessas ruas, vai agora procurar conjuntos, loteamentos, condomínios nas periferias onde estão sendo formados novos bairros.

Só não entendi ainda porque a cidade não passa de 49.000 habitantes nas contagens oficiais?

RUA TERTULIANO (FOTO B. CHAGAS).


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segunda-feira, 24 de março de 2025

 

CIGARRO ASTÓRIA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.214

 



Conheci muitos fumantes. Conheci muitos pedintes de cigarros. Os pedintes não compravam cigarros. Ou para não gastar dinheiro ou não disparar no vício, pediam cigarro esporádico a fumantes. Nunca vi nenhum fumante negar um cigarro a quem pedia, fosse quem fosse. Era como uma compreensão tácita do vício. Sim, os pedintes constantes se não irritavam o fumante, pelo menos deixava-o a se prevenir fazendo manobras. Nos anos sessenta, setenta, o cigarro mais cobiçado era o de marca Continental. Havia a marca hollywood, mais cara e, a marca Astória, mais barata. As cores, pela ordem acima eram azul-mortiço, vermelha e amarela. Mas também surgiram outras marcas que não tiveram tanto êxito com a concorrência: Urca, Iolanda, Fio de Ouro, Minister... E o próprio fumo de rolo que se sofisticava e passava a ser vendido em pequenas embalagens plásticas, já picotado.

Meu bom amigo, saudoso Francisco de Assis, vendia quadros feitos na vidraçaria do também saudoso Gileno Carvalho. (A memória de Francisco, dediquei meu primeiro romance, Ribeira do Panema). Chico era fumante e usava o cigarro Continental.  Mas como não se pode negar um cigarro, ele me disse que meu maço de cigarros Continental, carrego escondido no bolso da bunda; o maço de cigarros Astória, vai à mostra no bolso da camisa; para o pidão, digo: só tenho Astória, quer? O pidão não recusava o cigarro mais forte e mais barato.  De graça, fala o povo: até injeção na testa. Estar entendendo, não é?

A vida é muito engraçada. Tem aqueles que nós os consideramos amigos bons, verdadeiros. A estes se tivéssemos condições, com seus pedidos só o serviríamos com cigarros Continental, um cigarro, uma carteira, um maço e até a fábrica toda porque em nossa análise íntima ele nos merece. Ah! E aquele “troncho”, “serrão”, invejoso e aproveitador? O que faríamos com ele? Uma lição de moral não resolveria nada. Seguindo a filosofia de Francisco de Assim, em ocasiões de outros carnavais, os falsos, os traidores, os invejosos, os inimigos disfarçados...Talvez não valessem nem mesmo um simples gesto de cortesia com o cigarro Astória.

CIGARRO ASTÓRIA

 


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domingo, 23 de março de 2025

 

CLUBE DA LEiTURA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.213

 



Pelas redes sociais, Lucas Malta, proprietário do conceituado site, Alagoas Na Net, nos desafia para criarmos o Clube de Leitura, em nossa cidade. Ainda estamos ouvindo pessoas interessadas como o vereador Robson França, por exemplo, para, posteriormente estabelecermos as normas para melhor compreensão dos possíveis participantes. Tudo ainda será discutido e já se pensa em oportunidades para todos. Pode ser que dê certo, pode ser que não, mas tem muita gente com sede de cultura sem oportunidade de discutir com ninguém. Seria no espaço da Câmara de Vereadores? Seria na Casa da Cultura? Seria nos estúdios do Alagoas Na Net? Nos clubes que estão fechando? Em espaços de hotéis, restaurantes ou em auditório da prefeitura?

Da minha parte sempre sonhei com isso, mas sempre apreciei dificuldade nesses projetos. Desde muito cedo tenho notado em minha cidade, certo desinteresse por reuniões para se criar alguma coisa cultural como se a ausência de remuneração para a presença não estimulasse. E da parte que eu observo vem de décadas e décadas com um ou dois idealistas, mas o não posso, o não tenho tempo, o vou viajar e o estou doente, sempre foram obstáculos no êxito das empreitadas. Professores de história, de literatura, não discutem com seus colegas, não promovem rodas literárias, históricas, culturais. As escolas não têm encontros umas com as outras. Escritores, não debatem suas obras com o público, com os colegas e cada qual vai caminhando solitário sem convidar e sem ser condado, carregando o egoísmo ou a frustração.

Assim, em minha terra vivem cercados por arame farpado, o escritor, o artesão, o ator, o músico, o cantor, o compositor, o artista plástico...  Não tem encontros, não tem festas, não tem debates, não tem associações, estímulos e alegrias permanentes. Poderia citar aqui inúmeros exemplos, mas nem vale chover no molhado. Portanto o convite do jornalista Lucas Malta, bate em mim como se tivesse dizendo: Vamos formar em nossa cidade um novo modo de pensar, passar a borracha em tudo que nunca deu certo, em se tratando de Cultura. Sim, com eu disse anteriormente, poderá dar certo ou não. Se der certo, será uma REVOLUÇÂO, cultural que poderia tomar grandes proporções. Se não, tudo como antes no quartel de Abrantes.

SAUDOSA ALBERTINA AGRA, UMA LUTADORA PELA CULTURA.  (ACERVO FAMILIAR).

 


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quinta-feira, 20 de março de 2025

 

NOVO BAIRRO

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.212

 



Hoje, dia 20, com o início do outono deve mudar um bocado de coisas por aqui. Nesta quinta de jogo do Brasil, o nosso Sertão velho de meu Deus exibiu um dia quente e abafado. Ao contrário dos dias anteriores com muitos ventos, o negócio começou a moer troncho, mesmo sendo o primeiro dia que deveria ser mais ameno por ser início de estação chuvosa no semiárido. Porém comentávamos a formação de novos bairros por todos os quadrantes de Santana, especialmente na região do antigo sítio rural Cipó. Estamos falando do início da estrada para a atual Reserva Sementeira no sítio Curral do Meio I. região paralela à saída da cidade para Olho d’Água das Flores, Pão de Açúcar e mais. Falei algumas outras vezes do lugar.

Acontece que houve nossa observação. As casas iniciais que iniciaram pelo caminho do antigo Cipó, expandiram as condições comerciais e foram surgindo além da antiga cruz de beira-de-estrada que afirmava o sítio e surgiram inúmeras residências modernas, com formação de algumas ruas que mostram um começo de um complexo residencial na área. Ora, quatrocentos ou quinhentos metros adiante, no miolo do próprio Curral do Meio I, sítio urbano, já foi formado um aglomerado de residências comuns e belas chácaras, iniciando uma espécie de povoado. Logo, logo, com prevíamos a um ou dois anos atrás, haverá o encontro entre as habitações do Curral do Meio I com as do antigo sítio Cipó, formando um NOVO BAIRRO paralelo a AL-120, saída de Santana do Ipanema, zona Leste.

Ficariam em Santana do Ipanema três bairros novos, juntos e todos tomados de área rural de periferia: O Isnaldo Bulhões (antigo Colorado) do antigo sítio Lagoa do Mato, o Santo Antônio, no sopé do serrote do Gonçalinho/Micro-ondas), o novo bairro Curral do Meio I e mais o Largo que se formou no final do Bairro Domingos Acácio. Ao todo é uma mistura de classes baixa, média e alta, todas com o objetivo de melhor qualidade de vida. No momento, os pontos altos de referências nesse conjunto da região, correspondem ao Hipermercado Nobre, O IFAL a Churrascaria Moreira, o Posto de Combustíveis Lemos e a casa de construção Almir Ferragens.

Olhar analista geográfico.

Olhar santanense de AMOR.

Obs. Temos o Curral do Meio II, que fica mais distante da cidade.

SAÍDA DE SANTANA PELA PARTE LESTE. NOITE CHUVOSA DE

 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).


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quarta-feira, 19 de março de 2025

 

FOI ONTEM

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.211

 



Não fosse as previsões da ciência, dos profetas das chuvas – agricultores nordestinos que observam a natureza e seus sinais – poderíamos ficar ainda numa dúvida feroz que costuma angustiar o homem do campo. E dizem os experimentados homens da roça que se não chegar a chuva no Sertão até o dia de São José, o ano será seco e difícil. Pelo que sempre observamos, não seria apenas a chuva no dia exato de São José que seria um ano bom de inverno, mas sim até o dia do santo Pai de Jesus. Neste caso, as previsões foram ótimas para o Sertão de Alagoas em 2025. É que choveu várias vezes no mês de fevereiro, além das previsões otimistas dos Profetas das Chuvas, reunidos em Santana do Ipanema. Todos afirmaram sobre o inverno com otimismo.

O dia exto de São José, foi seco, tempo abafado com muito calor. Céu azul com algumas nuvens não comprometidas com chuvas imediatas. Apesar do encontro dos profetas das chuvas ter sido no Bairro Monumento, defronte a Secretaria de Agricultura, como já está ficando tradicional, os moradores do nosso Bairro São José, também participam do evento. Entretanto, se as profecias fossem transferidas para a frente da sua Igreja, seria muito mais justo. Chegando gente de todos os lugares para o encontro dos homens sabidos, marca-se uma atração a mais para o Turismo do interior, para estudiosos e pesquisadores do tema. Além dos profetas, outras apresentações fazem parte como aboios e repentistas.

A tendência do encontro dos Profetas das Chuvas, será sua ampliação com novos atrativos incorporados. Sim, tem gente que não gosta, mas numa região dominada pela lavoura e pelo gado, o sangue rural fala muito mais alto nessas aglomerações programadas. E assim, com encontro ou sem encontros, o prestígio do Pai de Jesus, continua em alta, principalmente em solos nordestinos e sertanejos. Homem, honesto, humilde, pacato e carpinteiro, o esposo de Maria semeia constantemente seu nome nos filhos que virão ao mundo pelo Nordeste brasileiro. E tantas solenidades realizadas em nome de quem viveu santamente, muito mais abrilhantam os festejos e fortalecem a confiança dos que se chamam José e dos que não têm este privilégio.


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A INDÚSTRIA E NÓS

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.210

 



Nos anos sessenta, ainda usávamos a cama de mola e, a marca de uma delas era famosa com o título Faixa Azul. Essas camas eram vendidas em algumas lojas da cidade e algumas delas exibiam essas camas nas próprias calçadas dos estabelecimentos. Quanto ao colchão, eram feitos de capim ou de juncos, material encontrado por todos os lugares. Havia em Santana do Ipanema na Rua Antônio Tavares, uma fábrica de colchões com três ou quatro funcionários que confeccionavam cada peça á mão. Não recordamos de nenhum tipo de máquinas. A fábrica ficava no casarão em preto vizinho a esquina da ladeira que levava até a rua de baixo, Rua de Zé Quirino (hoje professor Enéas). Pertencia a fábrica ao senhor apelidado de Júlio pezunho. (Pezunho: aquele que tem um dedo a mais na mão, inutilizado). O senhor Júlio, nessa época, já era um homem de idade e muito conhecido na região.

E se havia outras fábricas do ramo, na cidade, na minha adolescência não tive conhecimento. À cama de mola, cabia consertos aqui ou ali, mas os colchões que logo viravam canoas com afundamentos no meio, não havia jeito e se reclamava muito de dores de coluna. E esses colchões de juncos ou de capins, também ficavam expostos nas calçadas dos estabelecimentos. Na prática daquilo a cama rangia muito e por isso eram formadas muitas anedotas a respeito das animosidades sexuais. A partir, aproximadamente da década de setenta, começaram a surgir novos modelos de cama de ripas, se mola e as famosas camas de molas foi desaparecendo aos poucos seguidas pelos tipos antigos de colchões.

As camas modernas continuam sem qualidade, Cheias de floreios “propagandícios” falsos. Do mesmo modo são os colchões que não resistem dez dias de dormidas sem a formação de canoas da mesma maneira dos colchões que quebravam a coluna dos nossos avós e pais. Antes ainda havia a opção da rede, da esteira de caboclo, da esteira de periperi ou pipiri, coisas que vão ficando cada vez mais raras no nosso cotidiano. O que fazer? Por enquanto ainda não conhecemos soluções e sim à espera das dores da coluna para o gasto inútil de dinheiro com médicos que se dizem especialistas. Dizem os mais velhos que o que não tem remendo remediado estar.

Esteja onde estiver, pelo menos Seu Júlio Pezunho, tentou.

BAIRRO MONUMENTO (FOTO B. CHAGAS)



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terça-feira, 18 de março de 2025

 

AREIAS BRANCAS

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3,209

 

 



Como havia dito anteriormente, fomos ontem à tarde para o povoado Areias Brancas, município de Santana do Ipanema, que estar parecendo uma cidade. Fomos, eu e minha esposa Irene Ferreira das Chagas, prestigiar o projeto do cineasta Samuel com grupo de alunos selecionados para aprender e fazer cinema. Sua esposa e sua mãe – ex-aluna nossa – estavam conosco nessa empreitada na qual a minha presença foi para incentivar a cultura nas suas várias modalidades, inclusive, no ramo cinematográfico. A princípio, o evento como primeira aula de uma série programada, iria ser sob um frondoso e belo cajueiro tradicional na praça do povoado. Bem que tentamos, porém, o vento da tardinha estava bravo, além dos ruídos constantes do trânsito motorizado.

Despedimo-nos dos ventos e fomos para o interior da escola onde nos acomodamos e o novo Cacá Diegues, Samuel, expôs suas ideias ao grupo seleto de jovens. Prestamos a nossa homenagem ao povoado, quando a Diretora da Escola leu para o grupo como foi a fundação do povoado registrado por nós no livro O BOI, A BOTA e a BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA – havia um exemplar na biblioteca da escola. Falamos e ouvimos a juventude, inclusive, uma das jovens do grupo, narrou as mesmas informações de duas pessoas dos tempos de fundação, coincidindo com a nossa narrativa. O projeto do Samuel, além de ensinar todos os truques para um bom profissional por trás das câmeras, incentiva às narrativas diversas que poderão ser alvos de futuras filmagens.

O povoado Areias Brancas, é o maior de todos os povoados santanenses. Estar situado entre Santana do Ipanema e a cidade de Dois Riachos. Aliás, o povoado é da mesma idade de Dois Riachos que antigamente se chamava Garcia. Tem como riqueza mineral sua areia branca, excelente para construções pela qualidade e a liga que possui. O seu grande desenvolvimento deve-se a localização geográfica, de terras planas, eixo rodoviário Sertão – Capital e cortado pelo BR-316. Tem como padroeiro o mártir São Sebastião e festas anuais, belíssimas. Retornamos a Santana já dentro da noite desses últimos dias de primavera, satisfeitíssimos com o êxito do nosso trabalho, aliás, do trabalho do jovem Samuel, futuro cineasta da Rede Globo de Televisão.

JOVEM E VETERANO PELA CULTURA DA TERRA. (FOTO: EQUIPE SAMUEL).

 

 


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segunda-feira, 17 de março de 2025

 


APOTEOSE

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.208

 

O lançamento dos romances Fazenda Lajeado, Deuses de Mandacaru, Papo-Amarelo e Ouro das Abelhas, sábado passado na Câmara de Vereadores, foi uma verdadeira apoteose. O mestre de cerimônias, escritor José Malta, além de outras coisas, fez comentários literários sobre cada uma das quatro obras, com mestria e competência. O escritor Marcello Fausto discorreu sobre a figura do autor, baseado na vivência com Clerisvaldo, muitos anos e no conhecimento profundo do seu modo de ser. E o cerimonial, recheado de apresentações em forma de homenagens, recebia páginas e páginas musicais na maviosa voz do lendário cantor Dênis Marques que se tornou tradição nos lançamentos de livros do romancista, historiador e poeta Clerisvaldo B. Chagas.

Fãs declaradas do escritor, fizeram questão de apresentações como poesia do próprio autor, poesias próprias e leitura de trecho de um dos romances. B. Chagas, prestou homenagem a esposa, presente à mesa e a todas as mulheres na pessoa da sua amada professora Irene Ferreira das Chagas. Falaram e emocionaram o vereador Robson França e a vereadora Josefa Eliana, ”Fofa” – que se emocionou e sensibilizou a plateia. O romancista agradeceu a todos e narrou a sua intimidade com o atual edifício da Câmara Municipal de Vereadores Tácio Chagas, desde quando o prédio pertencia a Empresa de Luz com força Motriz que abastecia a cidade das 18 às 24 horas.

Tudo era acompanhado com filmagens e fotos dos titulares dos projetos culturais Samuel e Risomar.  Houve sessões de fotos e sessão de autógrafos, vibrantes, carinhosos e imorredouros. Santana do Ipanema, viveu essa apoteose cultural com a presença de sete escritores, dos quais, dois de cidades circunvizinhas de Dois Riachos e Olho d’Água das Flores. A Diretora de Cultura, Gilcélia Gomes, se achava presente e à mesa prestigiando o evento e a cultura santanense. Hoje, se Deus quiser, estaremos no povoado Areias Brancas, fazendo parte do projeto do cineasta Samuel.  E vamos contemplando um novo tempo cultural no Sertão, onde jovens misturam-se aos veteranos no mister divino de fazer cultura. Vamos ver de perto se os cajus de Areias Brancas são doces de verdade como diz o sertanejo.

 

 


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quarta-feira, 12 de março de 2025

 

PERFURATRIZ

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.207




 

Prédio elegante, semelhante a um pequeno sobrado, era atração entre o final da Rua São Paulo e o rio Ipanema. Era o edifício que guardava o complexo de máquinas que perfuravam o solo e enviavam água para o edifício do Fomento Agrícola, situado na Rua de São Pedro, onde havia o primeiro tanque de bombeiros de Alagoas. O elegante prédio era rodeado de janelas, tinha calçada alta e quase sempre se encontrava fechado. Defronte, a estrada de rodagem que levava até Olho d’Água das Flores, também fazia parte da Rua São Paulo. Ali, todas as tardes, rapazes jogavam bola numa animação grande, principalmente os sapateiros da fábrica de calçados do senhor Elias, em final de expediente.

Ambos os prédios faziam parte da revolução agrícola que estava sendo implantada em Alagoas, juntamente com o sítio experimental, Sementeira. Foi época em que havia um curral de gado na rua vizinha onde se originou a Rua de Zé Quirino, ainda hoje assim chamada, porém, com o nome oficial de Rua Prof. Enéas. Todos esses temas com foco na pobreza social da região, estão no mais novo romance AREIA GROSSA, que possivelmente será lançado no segundo semestre. Resgatamos mais de 60 personagens que viveram por ali, edifícios como: Perfuratriz, Fomento Agrícola, Escola Bacurau, Igrejinha de São Pedro, Fábrica de calçados, de colchões, de malas. Sorveteria Maringá, Hotel de Maria Valério, Canoeiros do Ipanema, Olarias e o movimento da luta santanense pela energia elétrica de Paulo Afonso. Têm algumas ilustrações desses prédios.

O romance mistura personagens reais com fictícios, assim como várias situações excelentes que dão sabor ao romance. AREIA GROSSA, diferente dos outros seis romances do autor, não é do ciclo do cangaço. É um romance social, específico das margens do rio Ipanema, profundamente humano, mas com todos os ingredientes de um bom romance/novela: amor, sexo, paixão, ternura, violência, lutas sociais.

OBS. Devido a agenda lotada pelo lançamento de livros no sábado,15, entrevistas, filmagens, aulas no serrote das Micro-ondas, voltaremos somente após a segunda-feira.

EDIFÍCIO PUJANTE DO FOMENTO AGRÍCOLA, ESTREMECENDO PARA MORRER. (Foto B. Chagas).

 

 


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terça-feira, 11 de março de 2025

 

RUA DOS RESTAURANTES

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.206

I



 

Não. A rua não tem nome de Rua dos Restaurantes. Ela foi trecho de rodagem de Delmiro Gouveia que saía de Pedra e chegava até Palmeira dos índios, Quebrangulo, Garanhuns. Era a porta principal da cidade, para quem chegava do alto Sertão alagoano. Nos tempos do coronel Lucena, este querendo justificar a morte do tenente Porfírio, acusou moradores daquela artéria de formarem bando de cangaceiros com Porfírio. Isso não era verdade, mas a via passou a ser conhecida como Rua dos Coiteiros. Esta rua, margeia o rio Ipanema em toda a sua extensão e tem seus quintais da parte de baixo, voltados para o rio. Tempos depois, a Rua dos Coiteiros foi reconhecida como trecho da rodagem de Delmiro e recebeu o nome oficial de Rua Delmiro Gouveia.

Um dos seus moradores fundou o BIU’S BAR E RESTAURANTE, com ampla paisagem aos fundos para o rio Ipanema. Outro morador, trezentos metros adiante, fundou outro restaurante, considerado de luxo, o RESTAURANTE JOÃO DO LIXO. O nome não compreendido pelos de fora, deve-se ao proprietário que trabalhava na prefeitura no setor de coleta de lixo. Tempos depois, chegou à rua, vindo do Comércio, outra casa denominada “BAR DE ZÉ PEDRO, que também é restaurante. Um no início da rua, outro no meio e outro ainda quase na outra extremidade. Bom que foram investimentos santanenses, valorizando a cidade. Surgiu um quarto restaurante, sendo este de fora, mas durou pouco, cerrou as portas. Os três restaurantes santanenses persistem na Rua Delmiro Gouveia até o presente momento.

Dia de sexta-feira, a rua fica estreita por causa do grande número de veículos ali estacionados. Promoções, cantores, reuniões e tudo o mais faz a badalação da “Rua dos Restaurantes”. Outros estabelecimentos similares estão espalhados pela cidade, porém, aqueles da rua do Bairro Camoxinga, estão há muito consolidados. Acho que donos de estabelecimentos e seus frequentadores, não irão protestar com essa nossa afirmação de RUA DOS RESTAURANTES.  E para seguir a tradição, além do nome de antiga Rua dos Coiteiros, a sua vizinha também era chamada de Rua da Poeira. O motivo nem precisa dizer. Mudou de nome popular após calçamento e passou a ser chamada Manoel Medeiro, um saudoso morador da artéria. Foi ali onde se formou a resistência contra uma possível invasão de Lampião, que não entrou na cidade, em 1926.

Restaurante dá fome. Estou indo...

RUA DELMIRO GOUVEIA EM 2006 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO O  BOI, A BOTA E A BATINA, HISTÓRIA COMPLETA DE SANTANA DO IPANEMA.

 

 

 


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segunda-feira, 10 de março de 2025

 

O EXÓTICO E O BOM – IMBU

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.205



 

Nada melhor de que uma andança pela caatinga em missão difícil, quando chegam as esperanças em forma de imbuzeiro repleto de frutos maduros e inchados. O imbu mata a sede, mata a fome e ainda embarca quietinho e prestativo no seu bornal, embornal, aió, bizaco ou nos seus bolsos. Depois daquele belo descanso à sombra do imbuzeiro, é muito bom quando você consegue levar para a casa, quantidade suficiente para a patroa fazer uma imbuzada. Garantimos que ele não vai lhe fazer pergunta besta se o nome certo é imbu ou umbu, imbuzeiro ou umbuzeiro. Mas vai preparar aquela iguaria cozinhada ao leite que se come em prato sopeiro ou copos de vitaminas. Uma delícia oferecida pela Natureza e caprichada no fogão da sua esposa.

Ainda não temos no interior de Alagoas, nenhuma cooperativa do imbu para preservar, plantar, colher, transformá-lo em sorvete, geleia, sucos e movimentar uma teia grande do produto com se faz em alguns lugares da Bahia. Nunca vi um agricultor do meu Sertão plantar imbuzeiro e muito menos de cuidar de um.  Mas na hora de usufruir das benesses da Natura, sobe na sua galhada com botina e tudo atrás dos frutos arredondados e doces que lhe dá prazer. Nem todo imbu é doce, é bom, também pode ser azedo. Pode ser grande, enorme, pode ser pequeno. Encontramos imbuzeiro em terras barrosas e compactadas, com imbus visivelmente sofridos, pequenos e ruins.

Sempre foi tradição em nossas feiras semanais, encontrar para vender o doce tijolo, tanto de jaca quanto de raiz de imbuzeiro. Batatas que acumulam água e que eram usadas, nas grandes secas, enfrentadas por soldados e cangaceiros. Esse doce tijolo é uma verdadeira delícia e tradição dos antigos doceiros da região sertaneja. Levou muito meus quinhentos réis e destões nas feiras livres de Santana do Ipanema, Carneiros e Olho d’Água das Flores, nas mascateações do meu pai, Manoel Celestino das Chagas – Seu Manezinho Chagas. E, como diz o título desta matéria: Imbu, fruto exótico, saboroso e doce dos sertões nordestinos. Obrigado escritor “Primo Véi”, João Neto, por me ter enviado a reportagem sobre o imbu gigante. Deu nisso aí.

IMBUS (IMAGEM: STOCK).

 


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domingo, 9 de março de 2025

 

CASARÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de março de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

 Crônica: 3.204





O casarão histórico do padre mais famoso que já apareceu por essas bandas, fora Francisco Correia – um dos fundadores da cidade e milagreiro – era muito interessante, peculiar e a nem um outro casarão da cidade se assemelhava. Fora construído no alto da ravina que forma a foz do riacho Camoxinga, Não temos nenhuma informação oral ou escrita de quem o construiu. Teria sido o próprio padre Bulhões, quando chegara da sua terra Entre Montes ou teria sido comprado no início? Ninguém sabe informar. O que sabemos é que, margeando o riacho no alto da ravina, havia e ainda há uma mureta muito bem-feita de proteção contra o fenômeno das terras caídas e das próprias enchentes violentas do citado riacho. Vale salientar que as terras do desaguadouro, são finas e fácil desagregação.

Nos últimos anos como casarão quase ocioso, funcionava apenas um compartimento, logo vizinho à rua, onde funcionava uma Marcenaria, com certeza, cedida ou alugada por seus herdeiros ao conhecido Negão, mano de outro personagem tão conhecido em Santana: José dos Santos, dono do Restaurante Xokant’s. Na certa, Negão recebeu ordens de despejo e o que vimos, após, foi o casarão sendo demolido aos poucos como se fosse para aumentar a dor do povo santanense. E de fato, o casarão histórico, desapareceu, sumiu, se encantou. No seu lugar ficou apenas um enorme vazio como um espaço escrito de caderno apagado por feroz borracha de duas cores. Nem era mais atração um buraco de onde fora arrancada botija, nem um frondoso pé de tamarinas e nem mesmo as muretas que permaneceram intactas.

Daí em diante, o amplo terreno foi mercado de artesanato, estacionamento, parada de circos e outras coisas mais. O único registro que se conhece, é o livro 230, Iconográfico aos 230 Anos de Santana do Ipanema. Não surgiu uma única pessoa que viveu no casarão ou com ele conviveu que quisesse escrever algumas linhas sobre o saudoso Cônego Bulhões. Da mesma maneira aconteceu com a vida da repartição DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagens – que morreu melancolicamente, tendo sua belíssima história em Santana do Ipanema e regiões sertanejas, apenas virado uma página em branco, amarelada ou invisível às novas gerações.

CASARÃO DO PADRE BULHÕES: ÚLTIMOS ESTERTORES. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 


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