domingo, 16 de agosto de 2009

AS DUAS CANUDOS
(Clerisvaldo B. Chagas. 15/16.8.2009)

Mudança e tragédia no sertão baiano no período 1893-1897. Com as prega-ções místicas do cidadão Antonio Vicente Mendes Maciel, nas terras de Canu-dos, perto ainda de Alagoas, os sertanejos encontraram um líder. Vivendo uma época de exploração rural pelos vários coronéis latifundiários, os homens humildes enxergaram em Antonio Conselheiro um salvador para suas dores crônicas do cotidiano. Deixando as fazendas para seguir o pregador, chegaram até ele o vaqueiro, o tirador de leite, o tangerino, o almocreve e muitos outros profissionais que levavam o sertão às costas. Pregando contra as novidades nascidas na república, logo Conselheiro arrebanhou multidão que passou a viver em comunidade. E como sempre aconteceu em todas as partes do mundo coisas semelhantes, o ciúme e a arrogância logo invadiram os corações dos poderosos donos de terras. E assim Antonio Maciel foi acusado de tudo junto ao governo federal, menos da parte boa que pregava e executava. Sem análise nenhuma, sem ouvir a outra parte, sem investigar o movimento, a arrogância também tomou conta do espírito do governo Prudente de Morais (que só possuía a prudência no nome). Os sertanejos seguidores de Conselheiro queriam apenas escapar à fome e à violência, pensando em acabarem as injustiças no sertão. Não havia como protestar de outra maneira, por isso os pobres engajavam-se na religiosidade oferecida por aquele estranho pregador. Foi por isso que o velho arraial de Canudos cresceu e transformou-se em uma das cidades mais povoadas da Bahia, congregando cerca de 30 mil habitantes.
Ali não havia bebida alcoólica, autoridade policial, cobrança de imposto e nem prostituição.
Envenenado pela conversa dos coronéis, o governo de Prudente resolveu acabar com Canudos após os insucessos das tropas do estado. Mesmo assim ainda sofreu várias derrotas até que resolveu enviar o exército com 7 mil ho-mens, organizado pelo próprio ministro da Guerra. Uma vergonha! O Exército brasileiro investindo contra homens, mulheres, anciãos e crianças que só queriam viver de reza e trabalho. Toda a população de Canudos foi morta pelo exército de Prudente de Morais. Uma das páginas mais negras e covardes da História do Brasil. Um massacre!
Quem passa pelas favelas do Rio, pelas barreiras e grotas de Maceió, pelos mangues do Recife, pelas palafitas amazônicas, pelos bolsões de misérias do Jequitinhonha e outros polos semelhantes, tem a impressão de novas Canudos como aquela do sertão baiano. Muito embora contra Canudos modernos não sejam enviadas tropas de roupas camufladas, acontece o contrário. As verbas destinadas às mudanças sociais que exigem escolas, saúde, saneamento, trabalho, dignidade, cidadania, parecem não acertar o endereço. Será culpa dos Correios, será culpa das estradas, será culpa da falta de transportes? Enquanto os “detalhes” não são resolvidos, acumulam-se os famintos nos lixinhos, nos lixos e nos lixões desse país. Quem não morre de frio nos lixões, nem de doenças, nem de fome, morre sob as rodas de tratores gigantes que ceifam a adolescência. É simplesmente o Brasil das DUAS CANUDOS.
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sábado, 15 de agosto de 2009

É DE FAZER INVEJA

É DE FAZER INVEJA
(Clerisvaldo B. Chagas. 13.7.2009)

Arapiraca voltou a expandir-se. Não tenho informações se continua como a cidade que mais cresce no Nordeste. Todavia, não almejo falar das indústrias que ali chegam; das repartições públicas; dos órgãos educacionais. Refiro-me a três realizações que deslumbram qualquer visitante, seja do interior, seja da capital, seja de outro estado.
A primeira são as áreas verdes de recreação da Avenida do Futuro. Belíssimo trabalho que oferece caminhada segura ao arapiraquense em pleno centro urbano. Ali, além da pista de caminhada, foram implantadas áreas verdes de cem em cem metros, melhorando significativamente a qualidade do ar respirado; dando um visual de progressistas cidades do Sul e Sudeste do Brasil. A segunda, é o Parque Ceci Cunha, também no centro da cidade. Uma área degradada, pantanosa, esgotos a céu aberto, causava impressão péssima a quem por ali passava. Atualmente o local tem o nome de Parque Ceci Cunha que, se tivesse sido chamado de Jardim da Babilônia, ainda seria pouco. O parque é um verdadeiro paraíso, além de extraordinariamente bem planejado, impressionando ainda pela extensão, com projeto de continuidade até o CEASA. É simplesmente fantástico. A terceira obra é o Lago da Perucaba. Esta, situada em parte periférica, também antes relegada ao esquecimento. Com um projeto vistoso e futurista, extenso e impressionante, atualmente se vê outro pedaço do paraíso em Arapiraca. Asfalto, grama, quadras de areia, banheiros, lago recuperado, imenso espaço para caminhadas, shows, encontros e muito mais. Um banho de iluminação!
Quem é de outra cidade, logo fica complexado em relação ao lugar de onde veio.
Enquanto isso, uma área urbana central chamada “Beco de Nenoí” ou “Largo do Urubu”, faz vergonha há anos no centro de Santana do Ipanema. Além da urgente recuperação daquele espaço, Santana também poderia fazer um segundo Parque Ceci Cunha desde a Ponte Gel. Batista Tubino até o Conjunto Eduardo Rita, pela margem direita do rio Ipanema, com cerca de cento e cinquenta metros de largura. Aterro, pista asfáltica para caminhada, ciclovia, barracas padronizadas, bancas de revistas, quadras, áreas verdes, espaço para shows, estacionamento, banheiros, iluminação à altura e muito mais. O Lago da Perucaba poderia ser feito no entorno do açude do bode, inclusive na área degradada do lixão. Para tudo existe dinheiro em havendo projeto.
Enquanto não aparece um Executivo com mente desenvolvimentista, continuemos com o básico. E dos já conhecidos que tem por aí pensando na prefeitura, todos são feijão com arroz. Uma vida inteira não me deixa mentir. Santanenses, visitem em Arapiraca as três obras citadas. E por favor, não façam comparações financeiras, nunca faltou dinheiro para projetos tão úteis e belos como os da “Capital do Agreste”. Mas cuidado nessas visitas para não voltarem urbanamente complexado com a cidade que lhes viu nascer. Arapiraca deu um verdadeiro baile administrativo em Alagoas.
Sim, quando é mesmo que vai haver inauguração de calçamento?

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