quarta-feira, 19 de outubro de 2011

OS BANDIDOS

OS BANDIDOS
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2011

          O caso do lixo hospitalar vendido no Brasil, não é somente um escândalo nacional. É uma vergonha que não tem tamanho, tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos. Lixos de hospitais, tão nojentos quanto os bandidos que o enviaram e os que os receberam. Onde está a moral do país do norte em deixar acontecer semelhante aberração?! Nem em tempos de guerra se faz isso com o inimigo, pois deve ser proibido perante as leis internacionais. Lençóis e outras porcarias sujas de sangue e tantas coisas que vieram contaminar e zombar do povo brasileiro, encontrando guarida em outros safados do lado de cá. Esse crime infame denunciado pela Folha exige uma posição firme do Itamaraty e uma apuração rigorosa dessa nova máfia que atropela a dignidade de um país da América do Sul. A acusação cai diretamente no grande polo têxtil de Pernambuco, orgulho do Nordeste e seus passos largos para o desenvolvimento. O governador, Eduardo Campos, culpou os EUA pela importação do lixo hospitalar que era usado até em hotéis da região. Mas não basta culpar apenas um lado porque não existe inocente nesse assunto.  Alerta ao povo brasileiro que faz compras na região de Santa Cruz do Capibaribe. Campos tem razão em chamar de bandido o empresário responsável pela importação e uso do lixo em confecções e hotéis, mas isso não pode de maneira nenhuma ficar impune.
           Em Timbaúba um hotel usava o lençol do lixo até mesmo com o nome do hospital americano, que não deu destino correto às suas porcarias e que deveria também ser investigado com rigor. Ainda tem razão, o governador pernambucano ao dizer que um polo que emprega 150 mil pessoas, não pode ser vítima de bandidos americanos e brasileiros. É de se vomitar com o que foi descoberto em Pernambuco. A reclamação formal que Eduardo Campos pedirá ao Itamaraty em relação aos Estados Unidos, já deveria estar em andamento. E uma investigação profunda do caso, só com a Polícia Federal, porque devem existir muitos galos de unhas gigantes por trás dessas nefastas ações. Várias doenças podem ser contraídas em contato com essas imundícies, como hepatite A e B. “O Ministério Público do Trabalho em Pernambuco abriu um inquérito para investigar a confecção Império do Forro do Bolso, que importava lixo hospitalar dos Estados Unidos e utilizava o tecido para confeccionar forros de bolsos, entre outros produtos”.
          Enquanto não for feita uma varredura e, considerada depois, como totalmente encerrada na região de Santa Cruz, Caruaru, Toritama e outras cidades, os clientes habituais continuarão arrepiados com a ignomínia. A não ser que roupa de lixo hospitalar vire moda no Brasil. Aliás, já estamos acostumados com a terra da impunidade, onde tudo pode. O povo, mesmo assim, aguarda os acontecimentos e a lei rigorosa para OS BANDIDOS.

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

MEU BEM-TE-VI

MEU BEM-TE-VI
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de outubro de 2011

 Ontem à noite me deu uma saudade danada do Sertão. É aquele sangue maceioense de Helena Braga com o sertanejo de Manoel. O predomínio do sangue sertanejo rural falando mais alto, circulando pelos currais das fazendas, pelas histórias narradas, pela altivez do mandacaru. Ou será a saudade do cheiro das trovoadas na terra, o murmurar dos riachos, o feijão de corda com manteiga de garrafa! A dentada na rapadura, a pinga rápida para “espalhar o sangue”, o ramo da mulata rezadeira. Não sei, compadre, não sei. Não posso sair do Sertão sem suspirar pela terra em que nasci. Era noite e o bem-te-vi sabia disso. Ficou rondando e cantando nitidamente em torno do apartamento. Superou o irritante ruído do trânsito, dando um pouco de conforto às lembranças radicais. No outro dia, quinhentos metros adiante, ali estava o bem-te-vi. Nem sei se era o mesmo. Tenho certeza, porém, que era um bem-te-vi. Ele estava diante de nós, sobre o fio telefônico, não tinha engano. O mercado defronte tocava a música tão conhecida:

 “Você não vale nada
 Mas eu gosto de você...
Você não vale nada
Mas eu gosto de você”.

 O bem-te-vi dançava que era um colosso. Equilibrava-se ao abrir parcialmente as asas, controlava as penas da cauda e assegurava o rítmo que alguns minutos foi a minha diversão. Se o leitor gosta de detalhes, nem me pergunte a que subespécie pertencia o bichinho. Sei dizer apenas que era um Pitangus sulphuratus, nome que vem do tupi-guarani e significa pitanga guassu, pitanga grande.  Sei também que ele é encontrado do México a Argentina, que tem poder de adaptação e que faz o seu ninho de capim em copas bem fechadas e a entrada é pela lateral, diferente dos outros pássaros. Lá no meu Sertão, meu amigo, bem-te-vi bota gavião para correr. O gavião é o todo poderoso, é o rei dos ares, o predador temido e respeitado. Bem-te-vi não que nem saber! Gavião passou por perto, o amarelinho o ataca ferozmente. Ô bico venenoso! Para furar o peito do maior deve ser ligeiro. Voa gavião! Mas antes que o amigo conteste a dança do bem-te-vi, era o vento que soprava com certa velocidade, enquanto o tiranídeo tentava equilibrar-se no fio e a música coincidia com seus movimentos.
Ah! Como estamos precisando de tantos bem-te-vis no Sertão, no estado alagoano, no território brasileiro... Bem-te-vi bota gavião para correr. Bem-te-vi não teme os coroneis gaviões.
“Voce não vale nada
Mas eu gosto de você...”

 Ajude-me a viver, Pitangus sulphuratus, MEU BEM-TE-VI.













































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