terça-feira, 15 de maio de 2012

ASSIM DESENCAMINHA A HUMANIDADE


ASSIM DESENCAMINHA A HUMANIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de maio de 2012.

         Quando sentimos os primeiros sintomas de uma nova ordem mundial, berramos aqui. Acontece que os países adiantados possuem estudos profundos para o futuro através dos seus especialistas, sobre todas as áreas onde atuam o ser humano. Mesmo assim, não existe capacidade comportamental entre previsões e realidade. Os Estados Unidos, por exemplo, já previam a China como potência até o ano 2020, assim como o Brasil também chegaria lá. Mas com todas as tecnologias e inteligência não foram capazes de prever que esses acontecimentos chegariam de imediatos. Além disso, não foram capazes também de acertarem na bola de cristal que eles mesmos entrariam numa espécie de decadência financeira que chegou, continua e ninguém sabe ainda quando vai parar. O desemprego e a pobreza alastram-se pelo território do Tio Sam, baixando-lhe a soberba cerviz de derramador de sangue e de donos do mundo. De vez em quando repetimos, virando chavão, que todo império tem começo, meio e fim. É somente passar a vista na história universal para relacionar o desfile dos que galgaram os píncaros e mergulharam ao fundo.
           A velha Europa vai se debatendo entre o fogo e o espeto, deixando os banheiros de luxo e procurando as carrapateiras. Prevíamos sim a mudança radical na ordem, mas não a crise financeira, porque em se tratando de dinheiro, existe um disfarce muito grande que se inicia em qualquer família. Enquanto a quebradeira corrói por dentro, as aparências continuam, despistando os faros caninos da sociedade. Todos se perguntam no momento para onde vai a Grécia, a Espanha, a França, a Itália, a Inglaterra e mesmo a sólida Alemanha, enfim, a Europa capitalista e aliada quase incondicional dos Estados Unidos. Mas com essa convulsão social muito perigosa que imita os duros tempos da I e II Grandes Guerras, ninguém é capaz de responder ainda essa indagação. Sabemos apenas que a fervura exagerada pode explodir a panela. A sombra do passado vai rondando o continente europeu com uma boca grande e voraz. No momento, a salvação mesmo contra o caos, ainda são os BRICs, mas também perguntamos até quando os emergentes poderão soprar nessa fervura.
          Com as agitações radicais no Oriente Médio e os vacilos de alguns países da América do Sul, cujos dirigentes ganham para cabos de vassoura, entre falácias e caudilhismos, orações apressadas sobem aos céus. Sempre restam esperanças para os viventes, mas no momento, ASSIM DESECAMINHA A HUMANIDADE.


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segunda-feira, 14 de maio de 2012

A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS


A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2012.

             Vamos retornando aos tempos de seca de D. Pedro II, das décadas de 1920-1930, do ano de 1970. Ninguém sabe quando será solucionada a questão da água e da comida no semiárido nordestino que permita o enfrentamento da seca com dignidade. Devido ao conforto citadino alcançado, a população urbana muitas vezes nem sabe o que está se passando no campo. Mas quem se afasta da cidade que tem água na torneira, salário à vontade, víveres à venda em todos os recantos, pode contemplar o sofrimento e o desespero de quem planta e cria. Quanto mais nos afastamos para o Alto Sertão, mais negra é a cara do drama que parece não ter fim. O Sol queima a terra e os vegetais brilhando num azul bonito e devastador. O solo vira um campo imenso de poeira sem grama que assusta a qualquer leigo em trânsito. Em inúmeros lugares o gado não tem abrigo, contra o Sol abrasador onde árvores peladas, cinzentas, agonizantes, viram garranchos. O boi emagrece, a vaca não dá mais leite e a maioria das reses trambeca de fome. Quem tem algum recurso manda buscar na Zona da Mata, o bagaço de cana (cujo preço se tornou proibitivo) numa tentativa quase inútil de salvar da fome o esquelético rebanho. Quem não tem como adquirir o bagaço, vai vertendo lágrima e registrando a tristeza, a impotência, a vergonha, de ser mais um filho enjeitado do Brasil.
           É verdade que muito já foi feito pelo Nordeste que conseguiu crescer em ritmo chinês, mas os caldeirões de gemidos em relação às longas estiagens não saíram do fogo e fervem no desumano. Cisternas, açudes, poços artesianos, barreiros fazem parte de medidas que auxiliam o sertanejo sedento, mas é preciso por em práticas soluções sérias, criativas eficientes e modernas que garantam o alimento para o povo e para o gado. Sabemos que em alguns países, o período sem pasto no campo durante três meses, nem boi nem gente morrem de fome e nem de sede. Por que não copiar as medidas de bons resultados? Enquanto isso vamos lendo um novo livro vivo dos Fabianos, das Baleias do romance de Graciliano ou das secas dos romances de Clerisvaldo. E como se diz por aqui, é de cortar coração, o drama do ausente inverno. Enquanto continuar morrendo pessoas e animais nesse Nordeste, não se pode dizer com certeza que o país está devidamente integrado. As mães da seca sabem como ninguém sobre a amargura desse último dia13. É resistir, mesmo entre A FOME, A SEDE E OS MANDACARUS.



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