segunda-feira, 2 de julho de 2012

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE ( II )


LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2012
Crônica Nº 810

O ilustre delegado (profissão motivo de orgulho de Archimedes) nem precisava de citações para defender a sua tese, todavia, ele preferiu reforçar defesa e ataque incorporando uma tropa de elite, colocando-a, ora na linha de frente ora na retaguarda dos combates contra o Mata Sete. Estão ali os mais destacados escritores do cangaço apostos à frieza do comando. Além disso, é grande a contribuição do pano de fundo com as diversas passagens apresentadas por Marques, carimbadas pelos pesquisadores de peso do cangaço.
Dois sábios alemães deram o caráter científico autônomo da Geografia no século XIX. Alexandre de Humboldt (naturalista) e Karl Ritter (historiador e filósofo). O primeiro viajou em pesquisa pela Europa, América do Norte, Ásia Setentrional e publicou o livro “Cosmos”. O segundo, pouco viajou. Dedicado ao Magistério e baseado em leituras entregou ao público o livro “Ciência Comparada da Terra”. Isso quer dizer que o pesquisador tanto pode fazer pesquisas de campo, quanto usar as fontes diversas e honestas sem sair de casa. Aliás, fora outros atributos, para pesquisas in loco é preciso ganhar bem, ou dispor de boa fonte financeira e coragem para enfrentar cobras, mosquitos, sol abrasador, água ruim, péssimas estradas e não ter ojeriza à pobreza.
O juiz escritor, Morais, pode ter feito como o historiador Karl Ritter, pesquisando nos melhores livros sobre o cangaço ao alcance do seu poder aquisitivo. O seu estilo é bom, escreve bem, mas infelizmente sua inteligência o guiou para uma inovação literária que transforma água limpa, potável, cristalina, em marrons, turvas, negras lamas de barreiro.
Não sei, não quero a crítica literária, não tenho vocação para o mister. Mas, como leitor atento às citações de Archimedes, fiz algumas comparações particulares, isto é, fora do foco do seu livro para melhor entendimento sobre o cangaço. Nada que compromete o desenrolar dos fatos e que os abordaremos na sequência.
Detesto o “puxa-saquismo” para os lados de Lampião ou da Polícia, quando usado por “monstros sagrados” ou iniciantes sobre o tema cangaço com Lampião como personagem central. Isso não encontrei nos textos escritos por Archimedes Marques. O autor fala com toda clareza em vários trechos sobre a monstruosidade do bandido, porém, da mesma maneira não nega as suas qualidades. Sua atração pelo assunto, não o conduz à paixão explícita por Lampião como mais de um “grande” tentam passar ao leitor menos exigente. Talvez seja esse equilíbrio levado pelo novo escritor que vai conquistando o seu fã clube. Para melhor situar a obra do homem de Sergipe, passamos a informação: (MARQUES, Arquimedes. Lampião contra o Mata Sete. 1 ed. Aracaju, Info Graphics, 2012).
(continua amanhã).




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domingo, 1 de julho de 2012

LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE ( I )


LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE ( I )
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2012.
Crônica Nº 809 

ARCHIMEDES MARQUES
Alagoas, no geral, sempre foi um estado quase arredio para assunto de cangaço e para cantador repentista. Talvez, pelo gosto mais reservado para esses temas, não tenha havido repercussão por aqui do livro embargado pela Justiça “Lampião, o Mata Sete”, do juiz Pedro de Morais. Grandes repentistas e famosos livros sobre Lampião também não causam impacto nenhum no “Paraíso das Águas”, assim como já antevejo o nosso “Lampião em Alagoas”, cujo esforço está concentrado para o lançamento ainda este mês.
Embargado pela Justiça, através da família Ferreira, “Lampião, o Mata Sete”, conseguiu escapar com alguns exemplares, lidos por abnegados pesquisadores do tema cangaço. Alguns ficaram horrorizados com as baboseiras e delírios do autor (um verdadeiro Zé Limeira cantador do absurdo). Confesso que não li o citado livro que, mesmo clandestino, não circulou por essas bandas. Reagindo aos sonhos eróticos do juiz, surgiu na praça um veemente protesto comandado pelo livro antagônico “Lampião contra o Mata Sete”, do delegado de polícia, estreante na Literatura e como novo escritor do cangaço, colunista, “blogueiro” e pesquisador Archimedes Marques, no estado sergipano.
Quando o escritor atinge certa idade, reduz quase a zero a sua leitura livresca em troca das escritas frenéticas como a querer reconquistar o tempo. Pela minha parte, abri exceção para o início da frase acima, ao receber o calhamaço de 552 páginas do homem da lei Archimedes Marques. Há muito, não passando de uma leitura de 50 páginas, mergulhei no “Lampião contra o Mata Sete”, como nos velhos tempos da adolescência, lendo-o em dois dias. Sobre qualquer tipo de assunto, desde a crônica ao romance, tenho atração pelo fraseado simples, acessível, porém, mágico, burilado e criativo que faz a diferença entre o ótimo escrito da pessoa comum e o jogo atrativo de palavras e frases literárias. É assim que Archimedes consegue levar o leitor até o fim do livro como se fosse a sua linguagem a de um veterano escritor de qualquer coisa. Portanto, esse seu estilo, é um dos atrativos das páginas contra o “Mata Sete”.
Lendo o livro de Marques, não preciso mais espiar a safadeza de “Lampião, o Mata Sete”, pois as constantes citações sobre ele − apresentadas e contestadas por Archimedes − provocam náuseas desde os escritores sérios às raparigas mais fuleiras dos becos do Nordeste. O livro “Lampião contra o Mata Sete”, de Archimedes Marques, é um terremoto máximo nas pretensões do juiz aposentado Pedro de Morais.  
(continua amanhã).





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