LAMPIÃO CONTRA O MATA
SETE (II)
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2012
Crônica Nº 810
O
ilustre delegado
(profissão motivo de orgulho de Archimedes) nem precisava de citações para
defender a sua tese, todavia, ele preferiu reforçar defesa e ataque
incorporando uma tropa de elite, colocando-a, ora na linha de frente ora na
retaguarda dos combates contra o Mata Sete. Estão ali os mais destacados escritores
do cangaço apostos à frieza do comando. Além disso, é grande a contribuição do
pano de fundo com as diversas passagens apresentadas por Marques, carimbadas
pelos pesquisadores de peso do cangaço.
Dois sábios alemães deram
o caráter científico autônomo da Geografia no século XIX. Alexandre de Humboldt
(naturalista) e Karl Ritter (historiador e filósofo). O primeiro viajou em
pesquisa pela Europa, América do Norte, Ásia Setentrional e publicou o livro “Cosmos”. O segundo, pouco viajou.
Dedicado ao Magistério e baseado em leituras entregou ao público o livro “Ciência Comparada da Terra”. Isso quer
dizer que o pesquisador tanto pode fazer pesquisas de campo, quanto usar as
fontes diversas e honestas sem sair de casa. Aliás, fora outros atributos, para
pesquisas in loco é preciso ganhar
bem, ou dispor de boa fonte financeira e coragem para enfrentar cobras,
mosquitos, sol abrasador, água ruim, péssimas estradas e não ter ojeriza à
pobreza.
O juiz escritor, Morais,
pode ter feito como o historiador Karl Ritter, pesquisando nos melhores livros
sobre o cangaço ao alcance do seu poder aquisitivo. O seu estilo é bom, escreve
bem, mas infelizmente sua inteligência o guiou para uma inovação literária que
transforma água limpa, potável, cristalina, em marrons, turvas, negras lamas de
barreiro.
Não sei, não quero a crítica
literária, não tenho vocação para o mister. Mas, como leitor atento às citações
de Archimedes, fiz algumas comparações particulares, isto é, fora do foco do
seu livro para melhor entendimento sobre o cangaço. Nada que compromete o
desenrolar dos fatos e que os abordaremos na sequência.
Detesto
o
“puxa-saquismo” para os lados de Lampião ou da Polícia, quando usado por
“monstros sagrados” ou iniciantes sobre o tema cangaço com Lampião como
personagem central. Isso não encontrei nos textos escritos por Archimedes
Marques. O autor fala com toda clareza em vários trechos sobre a monstruosidade
do bandido, porém, da mesma maneira não nega as suas qualidades. Sua atração
pelo assunto, não o conduz à paixão explícita por Lampião como mais de um
“grande” tentam passar ao leitor menos exigente. Talvez seja esse equilíbrio
levado pelo novo escritor que vai conquistando o seu fã clube. Para melhor situar
a obra do homem de Sergipe, passamos a informação: (MARQUES, Arquimedes. Lampião contra o Mata Sete. 1 ed. Aracaju,
Info Graphics, 2012).
(continua amanhã).
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