segunda-feira, 9 de julho de 2012

LAMPIÃO, ESCRITORES E CAATINGA


LAMPIÃO, ESCRITORES E CAATINGA
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de julho de 2012.
Crônica Nº 815

Após uma semana inteira falando sobre o cangaço, com seis crônicas seguidas, estávamos precisando desencarnar o assunto e voltar à realidade do cotidiano mundial. De qualquer maneira, recebemos muitos e-mails de pessoas que gostam e até escrevem sobre esse tema tão negativo, pesado e fascinante. Chegou à ideia, porém, antes de mudar a conversa, sobre os escritores do cangaço e a caatinga. Muitos se tornaram famosos escrevendo sobre Lampião e seus asseclas, outros venderam muitos livros e outros ainda continuam pesquisando pelos sertões pelados que ameaçam virar deserto em pouco tempo. Então, não estaria na hora dessa SBEC ─ Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço ─ cumprir um papel , mais importante de que viver desenterrando os mortos? Está aí o nosso bioma caatinga a pedir socorro todos os dias, numa agonia sem fim, diante do desmatamento tresloucado e sem freios! Tudo continua sendo devastado pelo homem desde as árvores maiores, às arvoretas, arbustos e os simples garranchos. Como animais maiores e os de porte médio já desapareceram, agora estão acabando com os pequenos. Em muitos lugares, como foi denunciado por nós em um dos nossos livros, “Ipanema, um rio macho”, já não tem nem cobras, nem preás, nem calango, nem passarinhos.
A madeira da caatinga vai se transformando em carvão, em cercas de arame, em combustível para as padarias do Nordeste inteiro. Pouco se faz, pouco se grita em seu favor. Lanço aqui esse desafio a essa sociedade que tanto já usufruiu em seus escritos sobre seus habitantes, sua flora, fauna e bichos cangaceiros que fosse criado como urgência um departamento de defesa tão dinâmico quanto os que atuam escrevendo sobre cangaço. Esse departamento seria composto de escritores e pessoas entendidas na ecologia regional, com ramificações em todos os estados nordestinos, fazendo uma defesa veemente contra o desmatamento e incentivando o “reflorestamento”. A caatinga já deu muito, agora não seria a vez da retribuição? E se já existe uma sociedade organizada, com seus encontros, com seus congressos, como fugir, se esquivar ou tapar os ouvidos aos apelos da caatinga? Cabe a seu presidente acatar e pelo menos discutir essa proposta com seus afiliados. O que não pode é fazer ouvido mouco aos SOS do bioma agonizante.
Aqui mesmo em Alagoas, o grito poderia partir do senhor deputado Inácio Loyola, uma dos maiores pesquisadores de cangaço no Baixo São Francisco, apenas como sugestão.  Depois os senhores escritores e pesquisadores do cangaço digam que não tomaram conhecimento do assunto LAMPIÃO, ESCRITORES E CAATINGA.  

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http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/07/lampiao-escritores-e-caatinga.html

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