CASA DE URTIGA DE SEU
CARRITO
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de julho de 2012.
Crônica Nº 816
Urtiga, planta braba da Caatinga (Wikipédia) |
Quando andávamos pela
caatinga, principalmente na adolescência, em caçadas de rolinhas com petecas ou
espingarda soca-tempero, tínhamos bastante cuidado com a urtiga. A urtiga é uma
planta que coça muito e é originária da Europa e Ásia. É utilizada pelo homem
desde a era do bronze para vestuário e depois papel. Suas fibras são muito
resistentes; basta dizer que o uniforme de soldados alemães, na guerra, era
feito de fibra de urtiga. Existem algumas espécies, entre ela a Urtica dioica. Suas propriedades
medicinais são tantas que não cabem apenas em uma página comum, não objetivo
deste atual trabalho. Todos os caçadores, vaqueiros e qualquer pessoa sertaneja,
temem essa planta danada que queima, deixa vermelha e em calombos a parte atingida
da pessoa, numa coceira da gota serena! Na minha rua, em Santana do Ipanema,
Alagoas, um pequeno comerciante fazia um tipo de diversão usando a urtiga,
formando uma casinha baixa, com entrada e interior recheado de pequenos
presentes como lata de doce, cigarro, dinheiro... Quem se habilitasse a entrar
de quatro pés e sem camisa naquela casinha, ganharia os prêmios. Chovia de
morador para apreciar a brincadeira em que adolescentes pobres eram os maiores
voluntários. De vez em quando um adulto, fremido pela miséria também entrava na
casa de urtiga do comerciante Carrito. Além da recompensa, calombos, vermelhão
e coceira braba, o ganhador ainda era recompensado com um litro de álcool para
amenizar as cicatrizes de guerra.
“Quando o homem de bem não quer entrar
na política, os cabras safados tomam conta”, li a frase quando rapazinho no
romance “Curral Novo”, do saudoso
escritor Adalberon Cavalcanti Lins. O que valia para o romance da época ainda
vale para hoje, principalmente quando contemplamos pela Imprensa, os escândalos
descobertos e mostrados constantemente para vergonha de nós, os brasileiros. E
se existem tantos assaltantes nos bancos, nas casas comerciais, nas ruas... É como
diz Boris Casoy, o exemplo já vem de cima. Se houvesse um basta em todas as
nefastas, imundas, abjetas mordomias de nossos parlamentares, já seria um
grande passo para a seriedade deste país. O que esses bonecos ganham sozinhos
daria de sobra para pagar a multidão que faz greve mendigando um pouco mais do
minguado salário. Enquanto não houver moralização nesse setor, a corrupção não
desce do poleiro no país dos Cachoeiras. Acontece que entra eleição e sai
eleição e, quando não surgem as mesmas caras, são os filhos, os netos, os
pestes dos mesmos troncos. O povo brasileiro, principalmente no Nordeste, vive
esse drama tão difícil de acabar. Os carrascos do poder continuam com um relho
de couro cru, arrebanhando o povo marcado, para introduzi-lo sem dó na CASA DE
URTIGA DE SEU CARRITO.
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