JARAMATAIA
Clerisvaldo B. Chagas,
18 de julho de 2012.
Crônica Nº 822
Açude de Jaramataia - Alagoas (Fonte DNOCS) |
No Médio Sertão de Alagoas, o inverno vai esfarrapando suas chuvas, devagar,
preguiçoso, alternando os dias de molhar a terra. É como se apenas fosse uma
satisfação à padroeira Senhora Santana com suas tradições do mês de julho. E se
a lavoura não teve oportunidade, o pasto também não. O rosário de sacrifícios
sertanejos agita-se na fé entre Pais-Nossos e Ave-Marias. Notícias ingratas vão
percorrendo os alastrados até os pés da santa avó de Jesus. Os cânticos de
louvação misturam-se às lágrimas envolvidas pela chuva fininha a que vem chorar
também. Nos barreiros, nos lajeados, nas lagoas, o retrato da seca verde ou a
cara rachada mostrando os dentes do chão. Correm as notas sobre o asfalto, por
cima dos fios, pelas fibras óticas, dizendo de açudes, barragens, represas. E
chegam aos ouvidos as palavras quase mentirosas que o maior açude de Alagoas
está ficando seco. Quase mentirosas porque a extensão dos açudes “Pai Mané” e o
“Jaramataia” são quase lendas no interior do estado. O “Pai Mané”, filho de um
apelo em carta endereçada a Getúlio Vargas, pelo fazendeiro “Seu Zezinho”,
município de Cacimbinhas, foi construído e tornou-se realidade, tornando-se um
mar dentro do Sertão. E o açude no município de Jaramataia, tendo sido iniciado
no começo da década de 60, foi uma das grandes vitórias do DNOCS ─ Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca.
Foi o açude de Jaramataia quem impulsionou a hoje cidade do mesmo
nome que fica entre o Sertão e o Agreste, entre Santana do Ipanema e Arapiraca,
fazendo surgir uma comunidade de exímios pescadores. E se Jaramataia é o título
de uma árvore da família das leguminosas, foi também à sua sombra que nasceu o
povoado à margem da rodovia chamado ainda hoje: “Bacurau”. Nas minhas idas e
vindas, fui testemunhando a construção da rodovia do estado, desviando o
percurso por longas estradas carroçáveis, contemplando as redes de pesca
dependuradas nos terreiros das primeiras casas do povoado. Entretanto, a seca
prolongada está fazendo desaparecer os 19 milhões de metros cúbicos de água do
famígero açude. Até mesmo as cacimbas improvisadas às suas margens, não servem
para o consumo humano e nem para o plantio pelo alto teor da salinidade.
A falta de manutenção dos açudes em Alagoas foi decretando a falência
de tanto trabalho empenhado pelos bravos “cassacos” dos tempos das secas. São
22 açudes no estado que pedem atenção das autoridades e socorro monetário.
Enquanto isso, vamos observando o debate das águas na região da Bacia Leiteira
de JARAMATAIA.
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