METEMOS
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de julho de 2012.
Crônica Nº 823
Abelha. (Fonte: Wikipédia). |
Soubemos
que “Pedro Aleijado”, isto é, “Pedro Mão-de-Aço”
ou mesmo, “Pedro Deixe-Que-Eu-Chuto”, recusa-se a morrer. Remanescente dos velhos
farristas de Santana, Pedro, o homem coxo, adquiriu fama tocando pandeiro com
grande mestria. Sempre convidado para as farras mais simples da boêmia
santanense, Pedro estendia suas habilidades em todos os ambientes como bares,
cabarés, clubes... Sempre causando admiração às bandas que vinham de fora e
necessitavam na hora de um pandeirista. Em todo tempo bem humorado e puxando a
perna, Pedro Aleijado viajava constantemente com suas farras eternas pelos
festejos mais atraentes de cidades de Alagoas e pernambucanas. Juntando-se a José
Francisco, o grande acordeom de
Santana, ao José Panta (o violão elétrico) ao Miguel Chagas, Moreninho, Zé Yoyô
e vários outros, as farras ganhavam colorido especial com o pandeiro de Pedro
Mão-de-Aço. Como as situações vão mudando com o tempo, quase todos os grandes
farristas da época foram transferidos para outra dimensão. Pedro resistiu e
ainda resiste diante da preferência pelo Rum, bebidinha danada corrosiva.
Espiando as nuvens do tempo, Pedro
começou a vender mel. Dizia ele que essa substância doce era a melhor do mundo,
pois vinha de alvéolos selvagens do alto sertão de Pernambuco. O município de
Inajá, nunca deixou de ser e referência do novo vendedor de mel. Saliente,
mal-educado e piadista Pedro sempre respondia aos clientes quando perguntado se
tinha mel para vender: “Mé? Temos”. E
assim, com sua linguagem chula de duplo sentido, ia ganhando o pão com sua
esperteza e, talvez, pequena aposentadoria. Certa feita um cliente chegou a sua
casa para comprar “mé” da legítima abelha papa-terra de Inajá, à Rua Prof. Enéas.
Um menino, seu filho, atendeu. “Cadê
Pedro, menino?” E a inocente criaturinha denunciou sem querer a abelha bípede
de um pé coxo: “Pai tá lá atrás no
quintal fazendo mel”. Descoberta a fraude, a situação foi ficando difícil
para Deixe-Que-Eu-Chuto, pois já não conseguia introduzir seu produto no
mercado com tanta facilidade. Pedro não contestava o flagra apenas tentava sair
resvalando e pedindo trocado para beber uma dose de Rum. Não tendo Rum, vai à Cachaça,
afinal uma é amarela e outra é branca, para que preconceito de cor?
Contaram-nos que Pedro Aleijado
agora estar morando no Bairro Domingos Acácio, bem perto de uma clínica
particular. Não sabemos se ele ainda toca pandeiro e nem se o homem ainda teima
em ser concorrente das abelhas. Mas a resposta sexual de péssima qualidade
continua no cotidiano do pandeirista, quando provocado: “Pedro, tem mé”? A gravação tantas vezes rodada empulha na hora o
perguntador: “MÉ? TEMOS”.
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