LAMPIÃO CONTRA O MATA
SETE (III)
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2012.
Crônica Nº 811
Estátua ao cangaço |
Acho que o primeiro livro
sobre o cangaço que eu li foi do autor Nertan Macedo: “O capitão Virgulino Ferreira da Silva – Lampião”, da Editora
Leitura, 1962, no início da minha adolescência. Linguagem vigorosa, porém,
muito poética e que impressiona os jovens no alvorecer das grandes leituras.
Daí para cá, ou antes, disso, inúmeros pesquisadores esmiunçaram a existência
de Virgolino e, ultimamente escrevendo até a vida de vários de seus muitos mais
de duzentos seguidores. Em Alagoas ainda resta um ex-cangaceiro vivo, motivo de
uma conversa que tive com um dos seus genros para escrever os feitos do sogro. Não
aposto que pode acontecer, pois não me empenho para isso. Quando o livro de
Archimedes fala sobre o autor de “Lampião
na Bahia”, Oleone Coelho Fontes (1998), como coiteiro de Pedro de Morais,
pela sua apresentação tendenciosa no livro “Lampião,
o Mata Sete”, é sem dúvida motivo
de tristeza. Dizem que é um ótimo livro, o escrito por Oleone, mas sair da condição
de festejado para coiteiro de Morais, pelo amor de Deus!
Quanto às páginas
referentes e contra o coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, não batem
com o que sabemos. Informações amplas sobre o assunto, inclusive a morte de
José Ferreira, logo estarão disponível brevemente em “Lampião em Alagoas”.
Mesmo assim, na próxima crônica narraremos a nossa opinião sobre Lucena,
baseada na tradição oral em Alagoas e nas linhas de outros escritores do
cangaço.
Diante de tantas e tantas
obras publicadas sobre Virgolino, vimos afirmações sobre ele, muitas,
exageradas: Era parteiro, poeta, artesão, almocreve, agricultor, vaqueiro,
pecuarista, dançarino, devoto, entres outras qualidades. Expressando minha
humilde opinião sobre o que tenho lido do montante de títulos a seu respeito,
no Sertão nordestino, o fazendeiro, vaqueiro, pequeno proprietário nasce
naquele meio fazendo quase tudo. Lampião apenas fazia o que todos faziam, sem
os exageros dos que dizem que ele era o melhor isso, o melhor aquilo, numa
adoração sem fim. Quantas besteiras!
Compositor razoável, poeta sofrível, almocreve comum, bom dançarino como muitos
outros sertanejos, vaqueiro, artesão, pequeno agropecuarista com o pai, dentro
da normalidade. Agora, quando se fala da sua capacidade militar, aí sim. O
homem nasceu mesmo para guerrear. Era na verdade muito superior em estratégia a
todos os comandantes de volantes que enfrentaram a luta. Não confundir com
valentia, pois valentes e covardes nunca faltaram nas tropas do governo e nem
nos bandos cangaceiros. Lampião nunca
foi coronel dos coronéis e nem todos temiam suas investidas. Lampião nunca passou de falso
capitão, mas foi o gênio militar das caatingas nordestinas em torno de vinte
anos. Não há contestação. Ele nunca foi herói por ter participado de guerras do
Brasil com outros países, herói nacional. Entretanto, o mestre Aurélio diz: “Herói: homem extraordinário por seus feitos
guerreiros; pessoa que por qualquer motivo é o centro de atrações”. É o
mestre quem diz em seu “Novo Dicionário AURÉLIO” e não eu. Está aí: o monstro,
estuprador, assassino, torturador, ladrão, assaltante, bandido, herói do
conceito acima pelo seu extraordinário quengo militar e convergência das
atenções. VE E VE A D O DÓ, doutor
Pedro de Morais, com certeza o “Diabo dos Sertões” nunca foi e nem teve
vontade. A coisa tá feia doutor.
(continua
amanhã).
Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2012/07/lampiao-contra-o-mata-sete-iii_03.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário