quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

CUITELINHO



CUITELINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2014
Crônica Nº 1122

CUITELINHO (BEIJA-FLOR, BIZUNGA, COLIBRI)  Foto: (Report images).
Nesse tempo de tanto estresse e violência, nada melhor de que apreciar um pouco o beija-flor. Beija-flores são pequenas e coloridas aves pertencentes à família Trochilidae, cuja descrição alcança cerca de 330 espécies. Essas criaturinhas existem apenas nas Américas, encontradas até os extremos norte e sul. A menor espécie de beija-flor pesa menos de dois gramas (beija-flor abelha) e a maior é o “beija-flor gigante” que pesa em torno de 25 gramas. Acredita-se que os beija-flores tenham se originado nas florestas do Brasil e se dispersado para o resto do continente americano.
Os beija-flores possuem um bico fino e comprido, língua bifurcada a qual se alimenta do néctar das flores. Muitas espécies também comem pequenos insetos e outros invertebrados. Algumas migram e percorrem até mais de 4.000 km, ocasião em que, antes de viajar, alimentam-se intensamente, podendo até dobrar de tamanho em uma semana.
O beija-flor é um importante agente polinizador. Os milhares de grãos de pólen grudam em seu corpo e ele acaba levando-os para outras flores.
No sertão nordestino nós o denominamos beija-flor ou bizunga. Em outros lugares, colibri. No Centro-Oeste brasileiro ele é chamado, cuitelinho.
Seu colorido, voo e beleza faz-nos imaginar o beija-flor como ave do paraíso. É a inspiração de muitos poetas que não resistem a sua majestade. Não importa se o poeta é erudito ou analfabeto, pois a criação do vate é apenas o que importa. Muito ainda se pode dizer sobre o beija-flor como a sua vida média entre quatro e oito anos; que ele pode ficar parado no ar ou voar para trás. Vamo-nos prender apenas à poesia dessa belíssima e cativante ave e homenageá-la como fez alguém ao escrever e transformar em música a poesia intitulada Cuitelinho. Quem já teve oportunidade de ouvir os saudosos Pena Branca e Xavantinho (as vozes de veludo da música sertaneja de raiz), pode dizer que ouviu o que é bom. Vejamos a letra desse domínio público:

CUITELINHO

Cheguei na beira do porto
Onde as onda se espaia
As garça dá meia volta
Senta na beira da praia
O Cuitelinho não gosta
Que o botão da rosa caia, ai, ai...

Quando vim da minha terra
Despedi da parentaia
Eu entrei no Mato Grosso
Dei em terras paraguaia
Lá tinha tinha revolução
Enfrentei fortes bataia, ai, ai...

A tua saudade corta
Como aço de navaia
O coração fica aflito
Bate uma, a outra faia
Os óio se enche d´água
Até à vista atrapaia, ai, ai...










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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

RABO DE SAIA E CACHAÇA BOA



RABO DE SAIA E CACHAÇA BOA
Clerisvaldo B. Chagas
Crônica Nº 1121

Entre as pessoas mais fantásticas da música brasileira nordestina, encontra-se Jacinto Silva. O homem que quando saiu de casa, disse à mãe que só voltaria um dia quando gravasse um disco e danou-se no meio do mundo, cumprindo a promessa anos depois. Os maiores críticos do assunto, dizem que os três grandes do nordeste são Luiz Gonzaga, Jacson do Pandeiro e Jacinto Silvo. Um rei do baião, outro rei do ritmo e o terceiro rei do coco. Vivi em Maceió o auge de Jacinto Silva, quando acompanhava pelo rádio os programas de forró, sabia de todos os cantores, todas as músicas e muitos dos compositores.  
Jacinto Silva nasceu em Palmeira dos Índios, Alagoas, em 1933. Foi discípulo de Jackson do Pandeiro, aprendeu com ele a dominar o ritmo “e aprofundou a arte de entortá-lo, desconstruí-lo, sem, contudo, perder o pulso da música”. 
“Sobre seus malabarismos rítmicos, ele mesmo dizia: saio desmantelando e depois vou consertando”.
“Começou cedo na música, ainda garoto, cantando acompanhado por um regional. O primeiro disco foi gravado em 1962, com o baião "Justiça Divina", de Onildo Almeida e a moda de roda "Bambuê bambuá", de Joaquim Augusto e Luiz Plácido. Depois, gravou mais dois 78 rpm”.
“O primeiro LP de Jacinto, foi lançado em 1965. Daí em diante, não parou mais de gravar e compor. Em toda a carreira, gravou 24 LPs e dois CDs. Jacinto criou um estilo próprio de cantar, com a característica marcante de cantar muito rápido, porém conseguindo pronunciar as palavras com clareza impressionante. Por conta dessa sua capacidade, ele compunha letras cheias de trava-línguas, difíceis de cantar, como Corrope de Jaboatão, de autoria dele e Antônio Clemente (Faixa 6 do Lado A)”.
Com mais de duzentas composições, entre elas: Pra Rapaziada, No Pinicado, Flor da Gameleira, Amor de Capinheiro, o Cantador, Corrope de Jaboatão, Girassol, Rabo de Saia, Coco da Ciranda, Coco do M, O Pau Vai Cantar e Coco Sincopado. Nenhuma deve nada as outras. Flor da Gameleira me fazia muito sonhar com a minha terra, mas Rabo de Saia, de Elino Julião-José Pereira, me parece a mais gostosa de todas:

“Aonde tem rabo de saia
E cachaça boa
Aí a paia avoa
Aí a paia avoa”...

O saudoso alagoano voltou à moda. Vamos curtir, minha gente, RABO DE SAIA E CACHAÇA BOA.



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