RABO DE
SAIA E CACHAÇA BOA
Clerisvaldo
B. Chagas
Crônica Nº 1121
Entre as
pessoas mais fantásticas da música brasileira nordestina, encontra-se Jacinto
Silva. O homem que quando saiu de casa, disse à mãe que só voltaria um dia
quando gravasse um disco e danou-se no meio do mundo, cumprindo a promessa anos
depois. Os maiores críticos do assunto, dizem que os três grandes do nordeste
são Luiz Gonzaga, Jacson do Pandeiro e Jacinto Silvo. Um rei do baião, outro
rei do ritmo e o terceiro rei do coco. Vivi em Maceió o auge de Jacinto Silva,
quando acompanhava pelo rádio os programas de forró, sabia de todos os
cantores, todas as músicas e muitos dos compositores.
Jacinto
Silva nasceu em Palmeira dos Índios, Alagoas, em 1933. Foi discípulo de Jackson
do Pandeiro, aprendeu com ele a dominar o ritmo “e aprofundou a arte de entortá-lo, desconstruí-lo,
sem, contudo, perder o pulso da música”.
“Sobre seus malabarismos rítmicos,
ele mesmo dizia: saio desmantelando e depois vou consertando”.
“Começou cedo na música, ainda
garoto, cantando acompanhado por um regional. O primeiro disco foi gravado em
1962, com o baião "Justiça Divina", de Onildo Almeida e a moda de
roda "Bambuê bambuá", de Joaquim Augusto e Luiz Plácido. Depois,
gravou mais dois 78 rpm”.
“O primeiro LP de Jacinto, foi lançado
em 1965. Daí em diante, não parou mais de gravar e compor. Em toda a carreira,
gravou 24 LPs e dois CDs. Jacinto criou um estilo próprio de cantar, com a característica
marcante de cantar muito rápido, porém conseguindo pronunciar as palavras com
clareza impressionante. Por conta dessa sua capacidade, ele compunha letras
cheias de trava-línguas, difíceis de cantar, como Corrope de Jaboatão, de autoria
dele e Antônio Clemente (Faixa 6 do Lado A)”.
Com mais de duzentas composições,
entre elas: Pra Rapaziada, No Pinicado, Flor
da Gameleira, Amor de Capinheiro, o Cantador, Corrope de Jaboatão, Girassol, Rabo
de Saia, Coco da Ciranda, Coco do M, O Pau Vai Cantar e Coco Sincopado.
Nenhuma deve nada as outras. Flor da Gameleira me fazia muito sonhar com a
minha terra, mas Rabo de Saia, de Elino Julião-José Pereira, me parece a mais
gostosa de todas:
“Aonde tem rabo de saia
E cachaça boa
Aí a paia avoa
Aí a paia avoa”...
O saudoso alagoano voltou à moda.
Vamos curtir, minha gente, RABO DE SAIA E CACHAÇA BOA.
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