CANGAÇO NÃO É CANGA Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2014 Crônica Nº 1.268   As histórias de Virgolino ganharam o mundo r...

CANGAÇO NÃO É CANGA



CANGAÇO NÃO É CANGA
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2014
Crônica Nº 1.268
 As histórias de Virgolino ganharam o mundo recheadas de mentiras cabeludas. A própria Wikipédia diz que Lampião era ex-coronel da Guarda Nacional. Nunca jamais havia visto uma coisa absurda dessa! Mas alguém escreveu isso e mandou para lá. Já pensou, amigo, Lampião como coronel da guarda nacional!
Até alguns sociólogos quando chegam aos seus limites procuram esticar a corda com teorias nada condizentes. Quero me referir hoje a esse negócio que uns copiam do primeiro que disse que Cangaço vem de canga de botar em junta de bois; viver debaixo da canga e assim por diante. Nunca engoli essa teoria. Cangaço no Nordeste nunca foi canga e grande distância tem.
Cangaço nos sertões nordestinos sempre foi ossada; esqueleto; caveira; magro demais. Nem precisamos ir tão longe. Veja dois cantadores de embolada em dia de feira-livre, no sertão:

“Se eu te pegar
Como peguei a codorniz
Como-lhe a carne por dentro
Deixo o cangaço pra Luís”.

Resposta do adversário:

“Se eu te pegar
Como peguei o nambu-pé
Como-lhe a carne por dentro
Deixo o cangaço lá em pé”.

Portanto aí está o verdadeiro significado de cangaço. A própria Dadá de Corisco afirmava que cangaço é esqueleto, ossada.
Por outro lado já foram citadas milhares de frases como esta, no Nordeste: “Você está muito magro, tá só o cangaço”. Quer dizer, só os ossos.
Cangaço significa, pois, ossos, ossadas, esqueleto, magro demais; última escala social; os restos; os ossos; o que não presta; o não aproveitável. Cair no cangaço: cair no restolho da vida, na marginalidade, virar caveira, algo sem serventia.
Nascido e criado no sertão de Alagoas, não poderia deixar passar brejeiro o cavalo das ilusões.
       Cangaço não é e nunca foi canga de botar em bois; nem viver sob o jugo da canga. Nem que seja o papa que tenha dito. Ora!

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OS TRÊS CLUBES DA MINHA TERRA







NOTAS


Agradecemos aos nossos leitores do Brasil, Alemanha, França, Romênia, Estados Unidos, China, Suíça, Espanha, Rússia e Ucrânia.

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 OS TRÊS CLUBES DA MINHA TERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de setembro de 2014
Crônica Nº 1.267
Tênis Clube Santanense em 2006. (Foto: Clerisvaldo).

A importância de um clube social em uma cidade do interior representava passo motivo de euforia. Na década de 1950, o clube, depois da Igreja congregava as famílias para o lazer e encontros de vários segmentos. Dispor desse espaço era dispor de prestígio de uma sociedade que ainda conservava suas tradições festivas e que mantinha lotados os pontos efervescentes oferecidos.
O Tênis Clube Santanense, em Santana do Ipanema, sertão de Alagoas, foi fundado em 10 de janeiro de 1953, no Bairro Monumento e, teve o cidadão Edgar Torres, como seu primeiro presidente. Foi palco dos grandes espetáculos dançantes com orquestras de fama nacional. Bem estruturado, para a época, o Tênis passou a ser apontado como clube de elite, como de fato havia bastante sofisticação e zelo. O Tênis Clube, em Santana, daria um livro completo, caso algum interessado resolvesse escrevê-lo.
Pouco tempo após a sua fundação, surgiu do outro lado da rua, frente com frente, porta com porta, outro clube em menor dimensão, mas tão animado quanto o primeiro, chamado Sede dos Artistas. Era como se fosse o clube dos trabalhadores. Profissionais como pedreiros, pintores, artesãos e muitos outros com seus familiares, animavam a Sede que passou a rivalizar com o Tênis Clube, assim como o grupo Ormindo Barros rivalizava com o mais antigo, Grupo Padre Francisco Correia. Não sei se o primeiro presidente, mas o homem falado do clube era o senhor Luís Benvinda, morador da Rua Benedito Melo (Rua Nova).
Cinco anos após a chegada da Agência Banco do Brasil por essas bandas, foi fundado também outro clube, chamado Associação Atlética Banco do Brasil. O local escolhido ainda foi no Bairro Monumento, saída para Maceió. A Associação Atlética foi fundada no dia 8 de julho de 1957.  Como era ligado ao Branco do Brasil, o espaço ficou conhecido como clube dos bancários e com acesso restrito. Ali se repetiam os grandes momentos para os sócios, vividos pelos outros dois clubes santanenses.
AABB em 2006. (Foto: Clerisvaldo).
Com as crises nas casas de espetáculos do Brasil inteiro após a chegada de novas tecnologias para entretenimento e lazer, a Sede dos Artistas não resistiu e fechou definitivamente. Tênis e AABB vêm resistindo como podem, mas assegurando para os santanenses, locais para inúmeros eventos, pois nunca foi construído um centro de convenções na minha terra.