quarta-feira, 22 de junho de 2016

IBATEGUARA E O AMOR

 IBATEGUARA E O AMOR
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2016
Crônica N0 1.537

IBATEGUARA. Foto (mapio,net).
Até que se deslocar de Busão é divertido. Quando o bicho parou no sinal, a Van encostou ao lado com a faixa: Ibateguara. Como li em voz alta o nome da cidade alagoana, o motorista indagou: “O senhor é de lá?”. “Não, não...”. Aí o homem parece que estava inspirado e começou a falar do lugar. Não falava mal, apenas mostrava os seus conhecimentos. “E o senhor vai pesquisar em Ibateguara? Lá faz um frio da peste, pense! Olhe senhor, faz mais frio de que em Garanhuns. Ah, se fica perto de Pernambuco? Fica assim a uns vinte quilômetros, sabe?! Eita que frio eu passei ali”. Aguardei novas frases do homem.
“O Senhor viu o tanto de milho que a gente vai encontrando? A mão do milho vai baixar para vinte reais. O ano passado chegou a cinquenta. Esse milho que o senhor estar vendo é tudo daqui da região e que o ano passado não era”
Nisso, uma senhora, gritou: “Motorista, não vai entrar, não?!” O condutor bateu na testa que quase quebra os dedos. “Eita boba serena! É mesmo, dona! Desculpe aí”. E fez uma manobra feia em trânsito infernal e seguiu calado. A mulher não suportou o silêncio do homem e adivinhou meu pensamento brincante com uma ironia: “Parece que o motorista estar amando...”. O cabra de cinquenta anos desatou uma gargalhada de rapaz. “Ave Maria, como a senhora acertou?”
Era tudo que a mulher queria. Um diálogo divertido se estabeleceu, ilustrando a viagem curta daquela tardinha. Da minha parte, além de me divertir, aprendi um pouco sobre o milho, a safra, Ibateguara e o amor.
Vamos de busão, Maria?

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domingo, 19 de junho de 2016

BUNDA DE FORA

Desenho propaganda.


BUNDA DE FORA
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2016
Cônica Nº 1.536

O cantador de repentes cantava com o olhar atento aos detalhes da plateia. Eis que entra no salão um matuto e fica em pé no canto da parede. O cantador esperou que seu parceiro terminasse os versos para pegar na deixa, como fazem todos os violeiros:

(...) a inteligência foge
Do doido e do incapaz.

Então, ele cantou:

Aqui chegou um rapaz
De roupa desconhecida
É calça tipo coronha
Que eu mais detesto na vida
É comprida pra ser curta
É curta pra ser comprida.

Mas o caso não é bem esse. Certa vez, meu pai teve a calça rasgada por um prego. Minha mãe apontou e ele respondeu: “E por isso que eu uso cuecas”. Estava justificado, vamos trocar as calças.
Com certeza todos já ouviram a história do rei que estava nu. No Brasil o negócio foi diferente. O povo já sabia de tudo. Mas, talvez cansado de pegar em armas, vai deixando para que outros tomem conta da tarefa que é sua. Os hospitais estão fechando, muita gente morrendo sem atendimento; nas escolas os escândalos não param. E todo o dinheiro do Brasil vai sendo desviado para os bolsos do Senado, da Câmara dos Deputados, dos Prefeitos, dos Vereadores e de funcionários privilegiados com salários incríveis que chegam perto das nuvens. Até quando o povo brasileiro vai clamar a Deus sem mover uma palha?!
Para não se prolongar, a tal lava jato funcionou como um prego bem grande que rasgou os fundilhos dos senhores elegantes da cara de... Todos ou quase todos estão querendo tapar o rasgão com os dedos diante dos apupos. Podem até vestir calças novas, mas o povo já viu que eles não usam cueca na bunda que defeca o dinheiro público.
 



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